Romântico é sonhar - Parte 2


Foto: América FC campeão carioca de 1960. 

Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, América, Bangu, Olaria, Madureira, Bonsucesso, Campo Grande, Portuguesa e São Cristóvão formavam o Carioca antes da inclusão de Americano e depois o Volta Redonda, do antigo Estado do Rio me dá saudades do tempo em que o Canto do Rio era o saco de pancadas dos grandes e a válvula de escape de muitos treinadores.

“Romântico é sonhar e eu sono assim”, não cantando estas canções, como diz Altemar Dutra em seu bolerão consagrado, mas lembrando dos tempos em que América e Bangu estavam na briga para levar títulos para Campos Sales ou Moça Bonita e não pensando em fugir do rebaixamento, como a dupla vem fazendo há tempos.

Eu vi Cané (circulado na foto), do Olaria, dar trabalho a defesa do Flamengo em pleno Maracanã e no dia seguinte ler, no Jornal dos Sports, que o artilheiro Bariri estava vendido para o futebol italiano. Vi Franz, um baita goleiro do São Cristóvão, fechar o gol contra o Fluminense e na semana seguinte ser convocado para a Seleção Brasileira e ser negociado com o Flamengo.

Vi Nelson e Murilo no Olaria, o primeiro era o craque e o segundo o complemento de uma negociação com o Flamengo e só o lateral Murilo emplacou, Nelson ficou pelo caminho e não vingou. Vi Lua e Foguete jogando pela Portuguesa e depois serem negociados com o time da Gávea e também não vingaram. Vi Paulo Borges, Parada, Bianchini e Aladim formarem, no Bangu, um dos mais fortes ataques do futebol do Rio e, em 1964, ganharem do Fluminense e oferecer o título ao Bangu AC.

Vi muitas coisas neste mundo do futebol carioca inclusive aquele gol (foto) gol que decidiria o título para o Americano, tempos depois, que o árbitro anulou e deu a vitória ao Fluminense, contra o Bangu, em um titulo até hoje contestado pelo alvinegro campista.

Ouvi as histórias das “papeletas amarelas” e das artimanhas de Antonio do Passo, Octávio Pinto Guimarães e Eduardo Viana, presidentes da Ferj que, segundo reza a lenda, favoreciam seus clubes de coração. Mas confesso a vocês que esta página está virada e lacrada, porém, tem sempre um porém, aquela página que conta a história verdadeira e gostosa dos jogos entre grandes e pequenos, nos alçapões cariocas, estão bem guardadas e viverão para sempre no chip do meu cérebro. 

Comentários

  1. Em 1960 a final do Carioca entre Fluminense x América foi televisionada para São Paulo. Eu tinha 9 anos e fui desesperado tentar assistir na televisão da Padaria e Confeitaria ABC que ficava no bairro da Vila Mariana, em frente a antiga estação de bondes. Esta TV ficava na vitrine mas estava desligada. Na época a gente jamais teria coragem de pedir para ligar uma TV no estabelecimento comercial.
    Fui para casa e escutei o jogo no rádio. Foi um acontecimento o América ter sido campeão .
    O Maracanã exercia um fascínio muito grande na época.
    abs

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  2. Eu, já com onze anos, e metido a besta, pedi ao meu tio Átila para me levar ao Maracanã, mas o danado foi trabalhar, era tipógrafo no jornal O Dia/A Noite, e nem me deu resposta. Só sei que não fui e só fiquei sabendo do resultado do jogo quando um jogador do América, não lembro o nome do cara, chegou na vila onde meus tios moravam e todo mundo foi comemorar, acho que era o Ivan, mas não tenho muita certeza, era ainda muito guri.

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