Na Era do Rádio tinha mais emoção


Cá no blog, logo abaixo, na parte dos comentários, o companheiro Gilberto Maluf relembra os tempos áureos do rádio esportivo carioca e me leva a voltar ao tempo, como se eu não gostasse desta prosa, e  me vejo sentado à mesa da varanda no casarão da família Dutra, em Miracema, com um rádio daquele tamanho, emprestado pelo vovô Vicente, ligado na Continental e esperando a Resenha Esportiva da hora do almoço. 

Gilberto mata a saudade dos programas da Rádio Nacional, muito bem colocada por ele como a Rede Globo dos tempos sem televisão, de Antonio Cordeiro, do jingle da Brahma, e do programa do início da noite, “No Mundo da Bola”, onde Zildo Dantas, aquele que diziam “nem o sol cobre melhor o Flamengo do que Zildo Dantas”,  que apesar de sua voz rouca tinha todas as informações que precisávamos ouvir.

Grandes nomes da Continental me fizeram gostar do rádio e me incutiram, indiretamente, o desejo de ser radialista. Clóvis Filho, Avelino Dias, Waldir Amaral, Teixeira Haiser, Carlos Marcondes e Benjamim Write, que me deixavam bem informados para sair de casa e “discutir” com os amigos nos gramados da prefeitura.

Minha memória me traiu e, sem tempo para pesquisar na Internet, fico devendo maiores informações sobre a querida Rádio Tupi e sua equipe liderada pelo fabuloso Doalcei Camargo, não consegui trazer de volta a mente os nomes dos grandes repórteres daquela maravilhosa turma. 

Vi o começo dos “Trepidantes” Washington Rodrigues e Denis Menezes, a melhor dupla de repórteres de todos os tempos, criada por Jorge Cury (foto), vi crescer uma outra dupla famosa, Kléber Leite e Loureiro Neto, ouvi  os mais jovens, Danilo Bahia, Eraldo Leite e Cláudio Perrout, recém chegados do interior e loucos para se firmarem no cenário nacional.


Ouvi Oduvaldo Cozzi foi outra lenda e já que estou buscando lá no chip algum esquecido me vem Ruy Porto, João Saldanha, Antonio Porto, César Rizzo e tantos outros que serão lembrados em uma crônica especial aqui neste espaço.



Mais tarde o rádio começou a ganhar ares de modernidade, a chegada de José Carlos Araújo foi fundamental para que isto acontecesse. Zé Carlos na Rádio Nacional fez uma revolução e mudou toda a forma de fazer rádio, você mais antigo é capaz de se lembrar das divisões de microfone entre Antonio Cordeiro e Jorge Curi, lembrada aqui abaixo pelo Gilberto Maluf, eu, particularmente, me lembro da divisão entre Osvaldo Moreira e Jorge Curi uma outra dupla famosa da Rádio Nacional.


“Tem peixe na rede”, gritava Waldir Amaral. “A nega tá lá dentro”, bradava Celso Gacia, “passa de passagem pelo adversário”, comemorava Jorge Curi um drible bonito, “respeitável público, começa mais um espetáculo de futebol”, cumprimentava Osvaldo Moreira na sua abertura do jogo. Enfim, vários bordões ou jargões famosos ficaram perpetuados na memória do torcedor carioca.

hoje... Bem... Hoje tanto o futebol quanto o rádio já não são os mesmos e por favor, não me comprometa, faça você mesmo a sua análise sobre o tema e comente depois por aqui. 

Comentários

  1. Vou postar os comentários de um torcedor carioca das antigas, de nome Jairo Leal, que gosta muito das reminiscências:
    Futebol do passado me contagia e permita-me uma “colherada” ...
    Waldir Amaral de quem eu não era muito fã porque achava a narração muito lenta e, em consequência, ele perdia muitos lances, criou um bordão aqui no Rio fantástico! Ao encerrar a transmissão esportiva lá vinha:
    ” Senhores ouvintes, está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”.

    Celso Garcia que mais transmitiu os jogos dos aspirantes, também tinha algumas excelentes. Após o gol;
    Exemplo: ” Não adianta chorar . A nega? Tá lá dentro!”
    Outra no tempo em que o placar era manual. Após o gol do Flamengo, por exemplo, era o tradicional:
    ” Atenção garoto do placar de Maracanã, coloque: 3 para o Flamengo, zero (com entonação forte) para o América”.

    Oduvaldo Cozzi ministrava aulas de português transmitindo pela desaparecida Emissora Continental. Abrindo um FlaxFlu:
    “Os times dão entrada ao gramado, sendo freneticamente ovacionados pelo imenso público, nesta tarde engalanada no Maracanã!” E por aí prosseguia.

    Orlando Baptista na rádio Mauá. Após narrar o gol, prosseguia:
    “Bota no meio, Armando Marques”

    Raul Longras na rádio Mundial narrava os chutes para o gol com um: “pimba”. Se a bola entrasse lá vinha:
    O Gol era desta forma: “A bola? Está no véu da noiva”

    Bons tempos, bons tempos.
    abs

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  2. Hoje somos obrigados a encarar a turma da voz esganiçada, tipo Luiz Penido e Luiz Carlos Jr (na tevê) e ouvir comentaristas não técnicos, como Saldanha, Ruy Porto e outros tantos, falando só do Rio, para ouvir comentários estatísticos.
    Prá mim o último romântico foi Osmar Santos, o Pai da Matéria, e seus companheiros de equipe, entre estes o meu ídolo Osvaldo Maciel, de quem copiei boa parte das minhas transmissões no começo da carreira. Grandes ídolos e grandes profissionais.

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  3. Caro Adilson, " a nega tá lá dentro era bordão do Celso Garcia, a do Cabral era ... bobeou a maricota te enganou". abs

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  4. Valeu, Renato. Este é mais um saudosista e participante ativo do nosso rádio. Abraço, amigo e companheiro.

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  5. Adilson,
    Que belo texto. Parabéns a todos vocês que comentaram o artigo do Dutra.
    Assim como o rádio dessa época o chamado futebol brasileiro, onde o drible e o estilo virtuoso eram marcas inconfundíveis do nosso futebol, não exite mais. Que pena! / Abrs.

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  6. Clovis Filho da Radio Continental do Rio de Janeiro que transmitia os gols do Botafogo, seu time do coração, como o meu, da seguinte forma: "Aponta, atira, no canto, vai entrando é gol. Gol do "Batafogo". Doalcei Bueno de Camargo narrava assim: "Disparouuuuuuu! É gol. Gooooooool do América. Edu. Muitas saudades. Loris

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  7. Uma correção. Na narração de Clovis Filho após o ... vai entrando é gol. Gooooooooooool do "Batafogo". Clovis Filho prolongava mais o Gooool quando era do Botafogo do que dos demais times do Rio de Janeiro. Loris

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