Eu vi Garrincha jogar


Quando vi Garrincha, ao vivo, pela primeira vez, já diziam que ele estava velho e quase acabado para o futebol, e olha que foram só seis meses depois de ter sido protagonista principal da vitória do Brasil no Mundial do Chile.

Final do Campeonato Carioca 1962 e, confesso, naquele dia quase me transformei em botafoguense. Mesmo ao lado de meu pai, Zebinho Dutra, aplaudi intensamente aquele monstro das pernas tortas que destruiu o Flamengo e conquistou o Bi-Campeonato para seu Glorioso.

No Maracanã diziam que Flávio Costa medrou em escalar Gérson como um segundo lateral esquerdo, para auxiliar na marcação sobre o Mané Garrincha, o episódio só rendeu derrotas para o rubro-negro, o Botafogo venceu por 3x0 e o Canhotinha pediu rescisão de contrato logo depois e foi brilhar com a camisa da Estrela Solitária.

Mas voltando a Garrincha, que morreu em 20 de janeiro de 1983, com 50 anos bem vividos e cheio de problemas com contusões e com o vício do alcoolismo. Jamais o vi jogar mal com a camisa da Seleção Brasileira, sempre brilhante e não perdeu sequer uma partida ao lado de Pelé. 

Eu e Fisíco, torcedor fanático do Botafogo e fã ardoroso de Garrincha, sempre debatíamos nos finais de tarde, no Bar do Vicente Dutra, sobre quem era o melhor jogador brasileiro daqueles anos dourados do nosso futebol: Pelé ou Garrincha? Eu, fissurado na arte e na magia do Rei, era defensor ferrenho do camisa 10 do Santos e da Seleção, Fisíco não dava o braço a torcer e tinha sempre uma jogada genial  do Seu Mané na ponta da língua e a discussão sempre acabava empatada.

Vi Garrincha jogar em Miracema, sou obrigado a dizer por aqui que o ponta bebeu um pouco mais antes do amistoso e sua participação foi apenas festiva, quem queria o ver, pela primeira vez, ao vivo, se frustrou com sua exibição mas se fartou de prosear com o craque. 

Garricha, simpático como sempre, distribuiu autógrafos e foi a todos os bares e biroscas da minha “terrinha” naquele domingo de sol de um ano que não trago na memória neste momento.

Vi, das gerais do Maracanã, Mané Garrincha tentar superar as dores e a idade, já beirava os 35 anos e, naquele tempo, jogador normal, com saúde em dia, já era considerado veterano e suas atuações pelo Flamengo ou pelo Olaria, que deram a ele a chance de tentar se reerguer, foram pífias e apenas mancharam uma carreira brilhante e cheia de consagrações.

Me lembro que,  ainda moleque, lá nas ruas de paralelepípedos de Miracema, quando jogávamos nossas peladas o Thiara, ponta direita dos bons, dizia que era o Garrincha quando realizava suas boas jogadas pela extrema e eu, quando completava para o gol os bons passes do “Garrincha” da Praça das Mães, dizia que era o “Dida”, um dos maiores craques que vi jogar por toda minha vida.

Se Garrincha foi mesmo um gênio? Hoje, para os jovens amantes do futebol, Messi é uma referência, imagine se vissem Mané Garrincha em ação fazendo “joões” por gramados de todo mundo?

Comentários

  1. Que sorte você teve de ver, dizem, a última grande partida do Mané na final do Carioca de 1962.
    Este jogo foi televisionado para São Paulo e eu queria muito ver. Meu amigo e vizinho do prédio ao lado, tinha TV e sabia que eu queria ver o jogo. Não me convidou. Até hoje não me esqueço.

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  2. Em 1966 ele veio para o Corinthians e lembro-me de ler pelo Jornal da Tarde, que era distribuído na época depois do almoço, a notícia da compra do Mané pelo Corinthians.
    No terceiro jogo dele pelo Corinthians, contra o São Paulo, fez um golaço na pequena área já perto da linha de fundo, sem ângulo.
    O locutor Pedro Luis narrou que foi um gol tipo Copa do Mundo do Mané.

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  3. Meu pai era louco por futebol e, como minha tia morava na Tijuca, em frente a Cervejaria Brahma, um caminhão ia semanalmente de Miracema para a capital. Quando tinha jogo dos bons nós enfrentávamos doze horas de viagem, era estrada de chão, para ver Flamengo, Santos (vimos a decisão do mundial contra o Milan, os dois jogos) e outros grandes clássicos. O amor pelo futebol foi a herança que o Zebinho Dutra me deixou, e eu agradeço até hoje.

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  4. Eu também vi GARRINCHA ao vivo. Foi no Maracanã, 1963, contra a RUSSIA.
    Primeira vez no maraca, primeira vez vendo a seleção brasileira jogar com Garrincha, Pelé e &, foi demais!
    Nesse jogo e outros tantos mais que assisti no Maracanã estava na geral, fui um geraldino convicto.
    Tempos depois cheguei à TRIBUNA como benemérito da FFERJ, ainda: ao gramado, vestiários e outros locais mais, em transmissão pela Rádio Princesinha do Norte com o comando do nosso grande ADILSON DUTRA, mais ainda: 1968, fiquei hospedado no próprio Maracanã junto com os demais formandos da ETFC, como prêmio que recebemos da gloriosa ETFC. Em fim: o outrora e lendário MARACANÃ ficará para sempre em minhas lembranças, bem como, o GENIAL MANÉ GARRINCHA.
    COMPARAR GÊNIOS PARA SABER QUEM FOI MAIOR OU MELHOR É VERDADEIRA PERDA DE TEMPO, GÊNIO É GÊNIO E PRONTO. / Abrs.

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  5. Adilson, o referido jogo do Garrincha, aqui em Miracema, citado por vc na bela crônica, acho que foi entre os anos de 1978 e 79, pois também estive lá e foi uma tarde inesquecível.

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  6. Dutra,
    Quando disse que, - comparar GÊNIOS é verdadeira perda de tempo. Quero deixar bem claro que não estava me referindo às suas discussões, quando garoto, de quem era melhor, GARRINCHA OU PELÉ? Isso ainda é muito comum entre os torcedores brasileiros.
    Essa foi uma conclusão que cheguei depois de muito discutir com amigos. Portanto meu caro, perdoe-me se deixei essa impressão.
    Você tem matado a pau com seus comentários. / Abrs.

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  7. Olá!
    Tenho um quadro com autógrafos da Seleção do Brasil de 66 e da Itália, feitas em um hotel na Itália após o jogo.
    O tal campeonato foi de celebração para um jogador italiano.
    Bom se interessar fale comigo, pois procuro um colecionador, amante do jogo do Garrincha para comprar, ou um museu...
    Meu e-mail: guilherme_almeida_prado@hotmail.com
    Abraço.

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