FIM DE MAIS UMA “ERA DUNGA”

Eu não vou sorrir ou tripudiar em cima de uma derrota anunciada. Eu não soltei foguetes e nem mesmo dei gargalhadas por uma derrota anunciada. Eu sofri ao lado do meu filho e de minha esposa o mesmo que você, que vestiu verde/amarelo, sofreu ao lado de amigos ou da família.

Porém, tem sempre um porém, não chorei ou me apaguei fisicamente por esta derrota anunciada. Eu, apesar de não crer, momento algum, neste time formado por Dunga, não perdi a esperança de que algo de bom estava reservado para este grupo concentrado e cheio de motivação.

Dunga fechou a turma em uma redoma tentando evitar um oba-oba tal qual o de 2006, quando a festa antecipada e a falta de um cronograma de trabalho mais sério, nos levou a eliminação nas quartas de final, contra a França, de Zidane, um carequinha bom de bola e “inimigo” do futebol resultado.

Com Felipe Melo contestado por muitos, inclusive por este que vos fala, e um grupo de jogadores, que não cabiam na lista de pelo menos 50% dos brasileiros entendidos de futebol, Dunga caiu, nas quartas de final, para a Holanda, de Sneijder, um carequinha bom de bola e “inimigo” do futebol resultado.

Por minhas críticas ganhei fama de “pé frio” ou de ser do contra. Alguns torcedores não entenderam meu posicionamento crítico e me olharam atravessado durante a Copa, muito embora respeitando o meu ponto de vista. Na sexta-feira, após a derrota para Holanda, recebi alguns e-mails mais duros, mas felizmente não ofensivos, pedindo que eu jamais voltasse a vestir a camisa amarela do Brasil, como se eu a tivesse vestido em algum momento após a decepção de 1982.

Não dá para crucificar Felipe Melo, ele não foi responsável direto pela eliminação. A culpa cabe ao comandante geral, Ricardo Teixeira, que deu plenos poderes a quem ainda não estava preparado para assumir tal responsabilidade e, em cuja cabeça, apenas a vingança de 1990 valeria a pena.

Uma Copa das Confederações, uma Copa América e uma boa campanha nas Eliminatórias talvez tenham colocado uma venda nos olhos dos brasileiros. Os amistosos contra pequenas equipes ou equipes em decadência, durante os três anos de Dunga, também ajudaram a manutenção deste grupo mediano e comprometido apenas com os objetivos do treinador.

Pouco, muito pouco para uma razão final que era a Copa do Mundo. Pouco, muito pouco mesmo para quem sonhou em galgar degraus mais altos e subir em um patamar mais elevado do futebol mundial. Pouco para quem se fechou e se armou com língua ferina contra uma imprensa que cobrava por liberdade para trabalhar e tinha, como resposta, que o grupo estava comprometido com o sucesso e não podia conversar ou explicar algo que ocorresse dentro dos muros da concentração.

Alguém comparou esta derrota àquela de 1982, contra a Itália, mas eu renego a comparação. A tristeza pode ser a mesma, uma derrota é sempre uma derrota, mas o resultado que ficará no futuro é um pouco mais severo, será como aquela na Itália, para Argentina, naquele fatídico gol de Caniggia, que ficou marcado para sempre como “A Era Dunga”.

Seria então a Era Dunga 2? Espero que a lição seja repetida, saímos daquele vexame, em 90, para o sucesso em 94 e são vinte anos de distância entre esta e aquela campanha ruim e sem comprometimento com o povo brasileiro. Esta, pelo menos no papel e na ideia de seus integrantes, estava comprometida com o treinador e seus auxiliares, se não deu certo foi apenas um detalhe, como era o gol na era Parreira.

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