E NADA MUDOU... ATÉ A CONSULTA FOI ADIADA

Na sexta que passou eu dizia, aqui neste mesmo espaço, que a cidade havia parado e que havia mais interesse em Brasil x Portugal do que nos interesses da coletividade. Hoje, uma semana depois, tomo um susto: A médica, que iria me atender às dez e trinta da manhã, para a retirada de um objeto estranho no braço, fez contato comigo, através de sua secretária, adiando o atendimento para a próxima quarta-feira.

Tudo bem, nada a reclamar da profissional, mas apenas ilustrar que hoje, no mundo inteiro, o futebol desperta mais atenção do que as novelas globais, que, aliás, está perdendo terreno a algum tempo.

Não há como fugir do óbvio. Meu amigo José Mário, leigo quando o assunto é futebol, talvez seja o único a trabalhar no horário dos jogos do Brasil. “Aproveito para adiantar minha agenda na hora em que todos param para ver os jogos, assim eu ganho tempo e, claro, alguma grana a mais”. Correto, os dentistas entram em recesso e os profissionais da área entram em ação. Tá certo, Zé Mario.

A quem interessa o jogo das três e meia, Uruguai x Gana? Um dos dois será nosso adversário se o Brasil passar pela Holanda. As tevês nem fazem chamadas para o jogo da Celeste Olímpica, mas a torcida do Botafogo faz coro e clama por Loco Abreu e sua primeira chance como titular no time duas vezes campeão do mundo.

Brasil x Holanda para o país e dá uma conotação bem diferente a esta Copa do Mundo disputada em um país africano, que até ontem não via tanta movimentação e tanto entusiasmo pelas ruas de Johanesburgo. O verde/amarelo/laranja tomam conta dos bares e das ruas da cidade e a graça da mulher holandesa se mistura com a alegria do torcedor brasileiro e na hora em que a bola rolar cada um pro seu lado e seja o que Deus quiser.

Ouso tirar do mestre Tostão, ex-craque de bola e hoje médico e grande cronista esportivo, uns pitacos para justificar o pensamento de todos os brasileiros, torcedores ou secadores do time de Dunga.

A pressão, a ansiedade e a responsabilidade de ganhar estimulam também a produção de substâncias químicas, que aumentam a força física e a concentração. A pessoa fica mais ligada. Tem de lutar ou fugir. A maioria vai à luta. Os que preferem o distanciamento e a contemplação também estão certos. Cada um escolhe seu caminho.

Evidentemente, com o tempo, podem ocorrer lentas mudanças. Times que foram grandes podem se tornar pequenos, por cometerem seguidos erros.

Outras vezes, o hábito de vencer leva à soberba e à acomodação. É preciso perder para voltar a ganhar. O fracasso de 2006 é a chama que ilumina e incendeia a atual seleção brasileira.

Qual será o Brasil de daqui a pouco? Quem Dunga vai colocar no meio campo? Como se comportará a melhor defesa do mundo diante de um ataque ágil e inteligente, como é o da Holanda? Como furar o bloqueio do meio campo, onde Van Bommel é o cara metido a xerife?

Todas estas e mais algumas perguntas, como aquela que não quer calar desde o início da Copa: Vai ser hoje que o meio campo brasileiro vai nos dizer que Ganso e Ronaldinho Gaúcho não fazem falta?

Vamos ao jogo. A cidade já respira futebol e o país está paralisado esperando a bola rolar para que nos quatro cantos desta nação a festa seja em verde e amarelo, pode até ter um azul e ou um branco, mas laranja só na vodka ou nos sucos para embalar mais uma vitoria brasileira.

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