CAMPEONATO DO INTERIOR: UM SONHO POSSÍVEL?

Ontem tivemos a abertura do Campeonato do Interior, promovido pela Liga Independente, e pelo que fomos informados os estádios ficaram lotados em todo território do antigo Estado do Rio de Janeiro.

Em Campos o Goytacaz recebeu o Floresta, de Cambuci, e o Arisão recebeu um público ainda não visto nestes últimos dez anos. Foi uma tremenda festa da torcida alvianil, que recepcionou com baita hospitalidade a turma do Verdão do noroeste.

O Americano levou uma enorme caravana até Macaé, onde enfrentou o Serra, e a BR101 ficou pequena para a massa alvinegra, que se deslocou em dezenas de ônibus, vans ou carros de particulares para prestigiar a estreia de seu time.

No Sul do Estado o clássico Volta Redonda x Barra Mansa empolgou e parece que as duas cidades aderiram ao movimento interiorano, que começou em Campos, e as torcidas foram ao Cidadania mostrar que um evento bem promovido pode dar certo. Em Pádua também houve muita procura pelos espaços vagos nas arquibancadas para ver Paduano x Itaperuna, clássico regional há algum tempo esquecido por todos.

Hoje não é primeiro de abril, o tradicional “Dia da Mentira”, mas a abertura desta coluna é uma mentira e tanto. Quem ouviu dizer que há no estado uma Liga Independente? Quem acredita que todos os times citados deixariam a Ferj para promover um campeonato do interior?

Só em sonhos, que aliás povoam a mente deste que vos escreve e do Ricardo Pohlmann, um apaixonado pelas coisas do nosso futebol e cuja ideia é a mesma de outros companheiros aposentados da crônica esportiva, como Eraldo Bento, Peçanha Filho ou Luiz Augusto Barcelos, que um dia vivenciaram grandes momentos nestes clássicos regionais, que tanto fez empolgar a torcida por este território “papa goiaba”.

Torneios promovidos por ligas municipais, como a Taça Noroeste Fluminense, que a Rádio Princesinha, de Miracema, organizou com o apoio da Ferj, então dirigida por Eduardo Viana, foi sucesso até incomodar os mandatários da capital, que viram crescer a opinião pública em torno de um campeonato interiorano.

O torneio foi realizado em 83/84 e 85, com Eduardo Viana apadrinhando e o departamento de futebol amador dando apoio. Porém, tem sempre um porém, quando um daqueles engravatados senhores, chamados de vice-presidente da Ferj, assumiu o futebol amador e viu o sucesso da Taça Noroeste Fluminense, o fim chegou mais cedo. Uma pena, mas fazer o que, a Ferj não queria concorrência.

Trago o tema de volta a coluna para atender Ricardo Pohlmann, que em e-mail enviado ao colunista, acredita que ainda seja possível a realização deste evento, mesmo que seja contra o pensamento dos homens da mídia.

Aliás, meu caro Ricardo, esta mídia está sempre ao lado destes dirigentes, que preferem o prejuízo no caixa a deixar de conviver com Flamengo, Vasco, Fluminense ou Botafogo. Sonho de que um dia possam ser reconhecidos pelos seus pares da capital.
Temendo acontecer o que Ricardo cita no seu texto (veja mais abaixo) volto ao assunto e prometo não sossegar até ter uma negativa ou uma confirmação de possibilidade de dirigentes do nosso interior.

Fala aí Ricardo Pohlmann “Não tenho o direito de pedir a vocês que encampem essa bandeira. Fiquem bem à vontade para fazer suas opções, até de não fazer nenhuma opção. Só posso dizer que eu fico muito triste em ver o futebol profissional do Noroeste morrer de fato, de ver a FFERJ cada vez mais rica e os clubes afiliados(ou subordinados, como já li de um importante dirigente esportivo de nossa região) cada vez mais endividados e agonizando, da total falta de sensibilidade dos dirigentes esportivos atuais, da falta de interesse dos políticos e de muitos empresários.

Fico, como vocês sabem, perplexo com a profusão de clubes-empresa, que surgem do dia para a noite, na cidade do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. Eu só espero que não seja tarde demais e torço mesmo para que não vejamos o "Campeonato Estadual" se tornar "Campeonato Estadual do Grande Rio".

Comentários

  1. Caro Dutra, volto ao assunto mais tarde, porém, só um esclarecimento: quem organizou a COPA NOROESTE FOI A LDM, a ideia surgiu com nossa equipe de esportes quando estávamos na Rádio Feliz de Pádua, o nome da competição veio a partir do slogan da emissora "A Primeira do Noroeste". / Abrs.

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  2. Seria muito bom pro interior se voltasse a Copa Noroeste. Estamos passando por um momento critico, prá não dizer desesperador, para uma região que tantos jogadores já revelou para o futebol profissional. abrs

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  3. Desculpe-me o atraso. Continuando, às vezes eu concordo com o ADILSON DUTRA, meu grande amigo e irmão, porém, quase sempre estamos em um contraditório aqui no BLOG, audácia minha, pois o Blog é dele e quem sou eu para querer estar com a razão diante desse monstro sagrado da mídia do Norte-Noroeste Fluminense. / Todavia, sempre tive um espírito rebelde e não consigo me calar, estando ou não com a razão, portanto, lá vai minha opinião sobre o que ele escreveu: - há muito tempo, mesmo quando pareciam ser bons tempos, dizia: - há uma força desproporcional entre o futebol da capital e o futebol do interior, medir forças nessas condições e regras o mais fraco leva sempre a pior, e quais são os fortes? VASCO, FLA, FLU e BOTA, os fracos? Todos os outros, lógico, refiro-me aos clubes do ERJ. Portanto, esse sonho de vocês foi meu por muito tempo, todavia, os tempos hoje são outros, as condições e comportamento sociais são outros - EM PÉ SEM CORRER E DEITADO SEM DORMIR. Exemplo? O próprio RICARDO, nem ânimo tem mais para debater no blog os assuntos dos seu e nosso querido GOYTACAZ, aliás, sinto muita falta de seus apaixonados comentários, dele e do outro Ricardo, bem como, de um anônimo torcedor do Americano que com eles duelavam aqui no blog. / Tem saída? Lógico que tem, porém, tem que voltar a remar "...rema comandante, rema!" Quero dizer o que com isso? Tudo deverá ser reconquistado inclusive o tempo perdido. / Haverá dinheiro para isso? Isto é, suportar um longo período de vacas magras? / Dois poeta disseram": "nada do que foi será do jeito que foi um dia" Eu, penso que deverá ser como disse um outro poeta: "...voltei ao curso, revi o meu percusso..." Bola que segue. / Saudades dos antigos debates e opiniões dos blogueiros do Adilson, hoje, só eu, Tadeu e o Zé Maria de Aquino, estamos aparecendo, os demais, nem sei se frequentam o blog, acho até que a coisa está parecida com um certo programa da Rádio Princesinha, ouvintes? Só o apresentador Gelti Rodrigues, eu que às vezes aparecia e o operador, o programa concorria com o JN e as Novelas. / Abrs.

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  4. Nessas alturas, companheiros, o`Polaca, o Gérsio e o Nésio fazem falta. Um dia reconhecerão isso. abrsss

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  5. E como fazem falta ZM!/ Polaca foi seu ídolo e muito meu amigo, depois que o Miracema FC saiu de suas mãos para o profissionalismo, anos depois acabou. / Para os amigos do blog explico: O Miracema FC não tinha sede ou qualquer outro patrimônio, a sede do Miracema ficava na casa do Polaca, ele era o Presidente, Conselho Fiscal, Conselho Deliberativo, treinador etc. / Um certo dia, surgiu um movimento na cidade para criar um Clube de futebol profissional na cidade, foi escolhido o glorioso Miracema FC e para atender as exigências da FFERJ foi eleito um novo Presidente, todos os demais cargos da Diretoria, preenchidos os demais cargos dos outros poderes etc, sabe o que aconteceu? Depois de alguns anos, o Miracema FC estava com uma imensa dívida (deu calote) e teve que abandonar no meio o campeonato da terceira divisão, aí acabou, para tristeza do Polaca e de toda a cidade, pois todos torciam pelo Miracema e principalmente pelo POLACA. / Abrs.

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  6. Os clubes do interior começaram a dar mole logo de cara, quando a FFERJ foi criada e eles aceitaram passivamente que o CAMPEONATO FLUMINENSE fosse esquecido.

    Tenho vontade de furar os tímpanos quando escuto um narrador da globo falar que "nunca um time do interior foi campeão estadual". Ora, o Goytacaz foi, e muitas vezes!

    Que tal, para começo de conversa, Goytacaz, Americano, Rio Branco, Central, Royal, Barra Mansa e quem mais foi campeão estadual se reunir e enviar à FFERJ um ofício pedindo reconhecimento imeadiato do que já foi conquistado? Se não respeitarmos o passado dos clubes do interior, eles não terão futuro.

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