Ao mestre, com carinho.

Todo garoto sonha ser um narrador esportivo, claro que estou falando daqueles apaixonados por futebol e fez do jogo de botão a marca de sua infância/adolescência, claro que falo dos garotos do meu tempo, dos garotos sem Internet, notbook, laptop ou celulares que substituem os computadores, claro que falo da garotada de mihna geração, que tinha em Jorge Cury e Waldir Amaral as grandes referências. 

Quem foi que não gritou um golaço... Aço... Aço... Aço... Quando o botão mais classudo mandou a bola para as redes de plástico de seu campinho improvisado? Quem foi aquele que não gritou “tem peixe na rede do...” em mais um gol do seu time de botão? Poucos eram o que não curtiam o esporte naquele tempo sem mundo virtual nos envolvendo.

Esta geração foi crescendo ouvindo rádio e de repete parou em frente a um televisor para assistir Fórmula 1, na Globo, e ali aprendeu a gostar do maior fenômeno da narração esportiva, via televisão, que começava a brilhar em céus platinados. Chegava Luciano do Valle e seu vozeirão e sua vasta cultura esportiva. 

A transformação da vida do garoto lá da pequena e pacata cidade de Miracema, então no Norte Fluminense, começou com ele, Luciano do Valle e a televisão esportiva por ele idealizada, começava com o espetacular Show do Esporte, da Bandeirantes, que era o canal esportivo de cada domingo.

As transmissões, então inéditas no país, como NBA, vôlei e Fórmula Indy, começaram a ganhar espaço e com eles vários profissionais, alunos do “Seu Bolacha”, foram surgindo na telinha da tevê. 

Nem quero discutir qualidade do homem ou do profissional, quero aqui deixar minha homenagem ao homem que transformou meus domingos vazios e sem expectativa em programas maravilhosos tanto nas mesas do Bar do Carlinhos Cachoeira ou na minha pequena sala na casa da Rua João Pessoa, lá na terrinha.

Duro era quando o Chiquinho Tittonelli resolvia tirar o domingo para fazer manutenção no equipamento da torre de televisão. Duro era o dia em que a Cerj também se assanhava em fazer revisão nas linhas ou reparos em outras e ficávamos sem Fórmula 1 ou o Show do Esporte da Bandeirantes. 

Luciano do Valle transformou, como já disse acima, nossos domingos em festa do esporte, principalmente o futebol. Vivemos hoje uma febre de campeonatos europeus na tela da tevê e nas redes sociais, mas quem viveu meu tempo sabe que foi ele, Luciano do Valle, que começou tudo isto em seu programa de domingo, na Band, com o Campeonato Italiano sempre pelas manhãs e sempre com um clássico da Bota.

A história deste baita profissional você conhece de cor e salteado, principalmente após seu passamento, quando os companheiros de imprensa desfilaram toda sua trajetória de sucesso e realizações. Se não foi o principal nome do esporte, via televisão, está próximo disto, Luciano do Valle já era uma lenda antes de subir para a morada eterna e agora? A torcida fica para que apareça um substituto a altura de seu talento espetacular.

Comentários

  1. Curiosidades da vida, o cara que provavelmente mais divulgou e incentivou o esporte nesse país, teve sua origem no futebol, e portanto, às vésperas da principal competição mundial de futebol que será disputada em seu país, partiu antes do final do jogo. Fatos de uma vida. História para contar.

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  2. Adilson Dutra você e o Yussef definiram muito bem o locutor Luciano do Valle. Perda como essa deixa uma grande lacuna nos meios de comunicação, principalmente para nós da velha guarda do esporte.
    Antes perdemos narradores como: Jorge Cury, Waldir Amaral, Aluísio Parente, Oduvaldo Cozzi, Clóvis Filho, um da Rádio Guanabara (qual o nome dele companheiros? Me ajudem),alguns lá de São Paulo, como aquele que iniciava a abertura esportiva assim:"Abrem-se as curtinas do espetáculo...", e tantos outros que se foram cujos nomes não me lembro, mas os companheiros que quiserem mencioná-los, fiquem a vontade.
    Abrs.

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    1. José Luiz, o narrador era Fiori Gigliotti. Na época tinha o Pedro Luis e o Edson Leite. Certa vez escrevi no blog do Adilson os bordões e jargões dos narradores da nossa época, tanto do Rio quanto de São Paulo..

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  3. Eu já era casado e todo domingo aguardava o Alexandre Santos com o "Gol o grande momento do futebol" no início do Show do Esportes aos domingos e do Januário de Oliveira no VT à noite na TVE RJ dos jogos da tarde de domingo. Os dois estão vivos mas não mais narram os jogos, Eram feras da TV , já no rádio gostava muito do Dualcey Camargo na Tupi, depois que o Cury foi despedido da Globo. era o Dualcey que eu ouvia, a narração era limpa e veloz , se entendia todas as palavras que pronunciava. O J.Carlos Araujo eu gostava mas brincava muito, debochava demais de alguns jogadores juntamente com a equipe de repórteres, isso me incomodava. Lembro muito deles debochando do Iranildo um meia do Flamengo.

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  4. Vou procurar e republicar a crônica sobre narradores do meu tempo de guri/juventude e que foram meus ídolos. Aguardem.

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  5. Isso mesmo Gilberto, não consegui lembrar de jeito nenhum o nome dessa lenda do Rádio Esportivo. O outro a quem me referi da Rádio Guanabara foi Orlando Batista, tinha seu público embora eu não fosse seu costumas ouvinte. Outros nomes foram lembrados pelos companheiros. Obrigado pela ajuda. Considero isso muito positivo ao trazer para os novos as lembranças desses extraordinários locutores esportivos.
    Adilson, faça isso, repete essa sua crônica, não devemos deixar morrer esses nomes do rádi
    Abrs.

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