O meu álbum de figurinhas


Texto de  Gilberto Maluf

Hoje saiu convocação e lembrei-me da ansiedade que tínhamos pelos álbuns de figurinhas de outrora. Nossos pais, já faz tempo, colecionavam as figurinhas de futebol que eram confeccionadas pela A Americana, nos anos 40 . 

As balas Futebol não primavam pelo sabor, mas ninguém estava interessado nisso. Seu consumo prendia-se apenas às figurinhas de jogadores de futebol ocultas pela embalagem. 

Havia as figurinhas fáceis e difíceis e uma especialmente difícil, a “carimbada”. Só com esta podia-se completar os álbuns de figurinhas que dava direito aos
valiosos prêmios prometidos.

Mas vou falar do Álbum de Figurinhas da Quigol, editado em 1959. Os jogadores eram colocados no centro de uma bola de futebol. Todos devem lembrar da bola
Drible de 1959, marrom.

Pois bem, neste álbum constavam os times do Rio e de São Paulo. Entre os
times figuravam alguns times “pequenos “e vou citar alguns jogadores da
Ferroviária de Araraquara que me vêm á mente. O goleiro era o Rosã, na
defesa tínhamos o Cardarelli, o Dirceu, o Porunga. No meio Dudu e Bazzani.

Na frente Peixinho, Faustino, Baiano e Beni. É o que lembro. Já os times
grandes é mais fácil para nos lembrar-mos. A gente olhava para as fotos dos
jogadores e ficávamos embevecidos.

Mas outra coisa que marcava era jogar figurinha, ou seja, jogar “bafa”. A
gente jogava contra um outro “ajuntador” de figurinhas. Colocavamos cada um
uma quantidade de figurinhas e aquele que virasse qualquer quantidade ,
levava. Só não podia virar a mão, pois tinha malandragem com o dedo polegar.


A coisa era assim: Antes de tirar o par ou impar para ver quem ia tentar
virar primeiro as figurinhas, falávamos: Mão-a-mão! Vai entender…..porque
mão-a-mão?

Para encerrar, eu tinha uma alentada quantidade de figurinhas, era bastante
e carregava numa caixa de sapatos, e todo orgulhoso andava procurando
“algum “jogador de bafa para ver se eu o rapelava. Encontrei um com apenas 1
figurinha. Olhei com desprezo para o menino e falei: Vamos jogar?

E não é que o menino me rapelou todo o meu pacote de figurinhas?
Mas ele me devolveu todas e me ensinou a ser mais humilde. Tomei minha
primeira lição de moral entre os 8/9 anos de idade.

Escrevi isso em 2008. Álbum de Figurinhas era o nosso video-game.

Comentários

  1. Adilson, legal que você lembrou do seu time de botão da Ferroviária . Era mais fácil na época ter time de botão do Santos, Botafogo, etc. Nos dias de hoje os meninos jogam video-game e optam sempre pelos tmes mais fortes, tipo Real e Barcelona.
    Mas sempre tem um ponto fora da curva. Tenho um vizinho que tem um filho de 6 anos que já joga video-game. E vem jogar na minha casa, o menino é fanático por futebol. E sabe qual o time que ele escolheu na última vez para jogar? Atlético Goianense. Sempre escolhe times assim. Dou o maior valor para ele.

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  2. Bons tempos dos álbuns com grandes craques, bem diferente dos de hoje, que além dos míseros craques, quando chega a sair já tem diversos jogadores que já trocaram de clubes. Já colecionei muitos e tinha das Copas de 70, 82 e 90 a 2006. Do brasileirão tinha todos, e completos, dos anos de 1987 a 2008. Fui perdendo a motivação e negociei todos. Mas a coleção inesquecível foram os cards do chiclete ping pong, do final dos anos 70.

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