Noite de música à capela no Bar do João

A sexta-feira parecia perdida, lá em Miracema. Girei pela cidade a procura de algum companheiro para prosa e... neca. Ademir Tadeu, impedido por sua LER. Sefinho preso no trabalho, em Pádua.  Zé Luiz, aguardando a noite chegar para a gente se encontrar em um dos points da cidade, com as respectivas. Fiquei rodando de bar em bar.  Snobs, Kiskina, Tio Nilo's e até dei uma passada pelo Mercado e... neca. Ninguém para prosa ou para dividir um copo de cerveja. 

Voltei para casa das manas certo de que a noite a noite só começaria por volta das dez da noite, até no BDF não foi registrada a presença de um amigo para dois dedos de prosa, isto lá pelas seis e meia, quase sete da noite. Então resolvi visitar o Armazém do meu amigo João Righ, ali era certeza de encontrar bons amigos, aqueles dos velhos tempos, como Chapadão, Zé Pestana, os irmãos Carneiro (Ivan e José Augusto), frequentadores oficiais, como meu cunhado Arthur, do boteco da Rua Nova. 

A boa surpresa foi encontar por lá meu amigo de infância, Marcos Faraó, e ao ver toda esta turma puxei a cadeira, pedi licença ao grupo, e me sentei para uma grande conversa, que não teve nem política nem futebol, o papo era de boa musica, que surgiu logo após eu e o José Augusto pedirmos para que o João desligasse a tevê, sintonizada no canal de pagode da operadora que ele assina.  

E foi aí que começou, de verdade, a ótima noite vivida na sexta-feira, lá na terrinha. José Augusto Carneiro foi ao carro e voltou com uma coletânea com mais de cem músicas, sucesso de todos as décadas, que me fez voltar quase quarenta anos no tempo, e me ver cantando pelas ruas da cidade com seresteiros famosos, como José Felicíssimo, Fernando Jacaré, Carlos Gualter, Alvaro Feijó, Fernando Nascimento e o violão maravilhoso do Rumildo. 

Mas ali não tinha violão, se quisesse música teria que ser à capela, e o Ivan, que já conhecia minha vocação musical, perguntou: - Conhece alguma daí? E o seu mano, incrédulo, ficava ouvindo eu começar as canções que ali estavam e se empolgava a cada uma que eu e o Moura cantávamos sem acompanhamento de um bom violão. 

Na coletânea do Carneiro tinha músicas do tempo do meu pai, como "Meu tempo de criança", do mestre Ataúfo Alves, do Cláudio Oliveira, o Claudinho, pai do Faraó, como "Negue", do Adelino Moreira, e do Lúcio Carneiro, pais dos irmãos que comigo estavam, como as canções do Altemar Dutra. 

E lá fomos nós interpretando cada uma das que estavam na coletânea, e a cada estrofe o coro aumentava e a turma queria mais. Conceição, Ave Maria no Morro, Andança, Lembranças e tantas outras. Passamos por Tito Madi, Miltinho, Nélson Gonçalves, Chico Buarque, Lamartine Babo e até os bolerões e tangos argentinos.

Foi realmente uma bela noite, interrompida apenas pela hora, já passava das nove e o compromisso firmado com o Zé Luiz da Silva e Márcia era sério e teria que pegar minha Marina na casa das manas.  Combinamos, eu, Marcos e os irmãos Carneiro, que na próxima teremos o acompanhamento de um violão e, sei lá, poderá ficar melhor do que na última sexta-feira. 

Mas quer saber, eu duvido, o improviso é bem melhor e como na seresta do boteco do João Righ foi tudo acontecendo não combinado, pode ser como o Bicudo sempre diz: "Se organizar estraga", mas vamos lá, se o violão for bom poderemos melhorar no próximo mês. 

Até lá. 

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