O retorno de Dona Bilu
O Botafogo sobe na tabela, aparece para os torcedores e eu, cá do meu cantinho, fico a espera de uma ligação da fanática alvinegra, a quase centenária Dona Bilu, que no ano que vem, junto com Goytacaz e Rio Branco, completa cem anos de vida, segundo ela totalmente dedicados ao Glorioso.
Cansei de esperar a ligação, ele sempre pediu para eu não ligar para sua casa e, como não tem celular, fica difícil o contato com a amiga, que conheci nos bares de Guarapari, e, para minha surpresa, foi a própria Bilu quem atendeu o telefone.
Uma voz rouca, cansada e deixando a impressão de que algo não estava bem, foi o que notei logo no primeiro momento da conversa, mas aos poucos fui me despreocupando porque a senhorinha é mesmo de ferro e se dizia rouca e cansada porque chegara naquela madrugada de Goiânia, onde foi ver seu Botafogo ser derrotado pelo Atlético de lá.
- Menino Dutra, que prazer. Há algum tempo não ligo e por isto estou com saudades suas, mas cá prá nós, quem mandou você ligar aqui prá casa? Não te disse para esperar minha ligação?
Senti que a bronca viria mais forte e pedi desculpas, expliquei que a ausência de notícias me deixava preocupado e somente ligando tiraria as “coisas ruins” da cabeça. Fui perdoado e recebi então as explicações da falta de notícias.
- Fui dar um passeio, devia uma promessa a Nossa Senhora de Fátima e fui até Portugal visitar o Santuário, aliás foi você quem me recomendou e valeu a penas. Aproveitei para rever alguns parentes na Espanha e dei um pulo até a Itália, para rezar no Vaticano. Fiquei vinte dias e estou de volta e esta é a verdadeira razão de meu sumiço.
Eu aqui pensando besteiras e achando que o coração da quase centenária senhora havia sofrido uma pane com a bela campanha do Botafogo neste Brasileirão. Que nada, a mulher é mesmo uma fera e tem saúde igual a de Oscar Niemayer, que em janeiro completa 104 anos de idade, quatro a mais do que nossa personagem principal deste Papo de Bola.
- Pois é, Dutra, o seu Flamengo ameaçou fazer um estrago e ficou por isto mesmo; o Vasco levou a Copa do Brasil, lidera o Brasileirão e os tricolores estão todos assanhados pensando que vão beliscar alguma coisa neste campeonato. Eu já disse anteriormente que o Fogão está no embalo e se o Harry Porter não atrapalhar vamos chegar lá, finalmente.
A voz de Dona Bilu começou a sumir e ela, educadamente, disse que desligaria para poder descansar da viagem desgastante e frustrante até Goiás. Eu entendi, mandei um forte abraço e avisei que Ermê Sollon, o também quase centenário amigo do colunista, quer marcar um encontro no Engenhão para um papo de duzentos anos.
Ela riu, gostou da ideia e foi para a cama, afinal girar pela Europa a passeio é uma coisa, enfrentar arquibancada de estádio distante e ver seu time perder de forma bisonha, é outra coisa muito diferente.
Um abraço, Dona Bilu e até outro dia.
Cansei de esperar a ligação, ele sempre pediu para eu não ligar para sua casa e, como não tem celular, fica difícil o contato com a amiga, que conheci nos bares de Guarapari, e, para minha surpresa, foi a própria Bilu quem atendeu o telefone.
Uma voz rouca, cansada e deixando a impressão de que algo não estava bem, foi o que notei logo no primeiro momento da conversa, mas aos poucos fui me despreocupando porque a senhorinha é mesmo de ferro e se dizia rouca e cansada porque chegara naquela madrugada de Goiânia, onde foi ver seu Botafogo ser derrotado pelo Atlético de lá.
- Menino Dutra, que prazer. Há algum tempo não ligo e por isto estou com saudades suas, mas cá prá nós, quem mandou você ligar aqui prá casa? Não te disse para esperar minha ligação?
Senti que a bronca viria mais forte e pedi desculpas, expliquei que a ausência de notícias me deixava preocupado e somente ligando tiraria as “coisas ruins” da cabeça. Fui perdoado e recebi então as explicações da falta de notícias.
- Fui dar um passeio, devia uma promessa a Nossa Senhora de Fátima e fui até Portugal visitar o Santuário, aliás foi você quem me recomendou e valeu a penas. Aproveitei para rever alguns parentes na Espanha e dei um pulo até a Itália, para rezar no Vaticano. Fiquei vinte dias e estou de volta e esta é a verdadeira razão de meu sumiço.
Eu aqui pensando besteiras e achando que o coração da quase centenária senhora havia sofrido uma pane com a bela campanha do Botafogo neste Brasileirão. Que nada, a mulher é mesmo uma fera e tem saúde igual a de Oscar Niemayer, que em janeiro completa 104 anos de idade, quatro a mais do que nossa personagem principal deste Papo de Bola.
- Pois é, Dutra, o seu Flamengo ameaçou fazer um estrago e ficou por isto mesmo; o Vasco levou a Copa do Brasil, lidera o Brasileirão e os tricolores estão todos assanhados pensando que vão beliscar alguma coisa neste campeonato. Eu já disse anteriormente que o Fogão está no embalo e se o Harry Porter não atrapalhar vamos chegar lá, finalmente.
A voz de Dona Bilu começou a sumir e ela, educadamente, disse que desligaria para poder descansar da viagem desgastante e frustrante até Goiás. Eu entendi, mandei um forte abraço e avisei que Ermê Sollon, o também quase centenário amigo do colunista, quer marcar um encontro no Engenhão para um papo de duzentos anos.
Ela riu, gostou da ideia e foi para a cama, afinal girar pela Europa a passeio é uma coisa, enfrentar arquibancada de estádio distante e ver seu time perder de forma bisonha, é outra coisa muito diferente.
Um abraço, Dona Bilu e até outro dia.
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