Dúvida de Muricy me faz lembrar do Polaca

Dizem, os mais antigos, que quando jogava e era praticamente do "dono" do Miracema FC,   Jair Polaca era titular absoluto da Camisa Sete alvinegra. Contam, os que o viram jogar, que Polaca era dono de um potente chute, segundo José Maria de Aquino, não tinha sempre o endereço certo, "erra, Polaca... erra Polaca", diziam as crianças atrás do gol que dava para o grupo escolar, na esperança de que um erro o ponta direita do Miracema acertasse o gol.

Mas hoje não estou aqui para contar sobre o Polaca jogador, que infelizmente não vi jogar e só conheço os causos narrados pelo meu pai e pelo amigo Zé Maria, que o conheceram bem nos tempos de atleta.

Hoje, ao ver a dúvida de Muricy Ramalho, do Flamengo, para o jogo contra o Vasco da Gama, em Brasília, me recordei de duas passagens que tive com o veterano e saudoso treinador do nosso Miracema FC, Jair do Nascimento, o Polaca para os amigos e para os torcedores.
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A primeira eu já contei em outra coluna, mas vale a pena repetir para quem não conhece o causo: Polaca me convidou para jogar um amistoso, contra o Porto Alegre, de Itaperuna, que seria para homenagear o então presidente da Ferj, Octávio Pinto Guimarães, que foi levado a cidade pelo então deputado Luis Fernando Linhares e marcaria a despedida do craque Milton Cabeludo, que atuou pelos dois times.

Fui cedo para o Estádio Municipal, queria ver de perto as melhorias realizadas no velho campo pela prefeitura, fiquei muito tempo fora da cidade e não acompanhei as obras. Cheguei ao vestiário no momento em que Polaca escalava o time e percebia que não tinha atacante para o primeiro tempo, Milton Cabeludo iria jogar o primeiro tempo pelo Porto Alegre e o segundo pelo Miracema.

O velho treinador arruma o time, distribui a camisa e olha para todos os cantos e vê que não tem um para vestir a camisa sete, a nove estava reservada para o homenageado. Olhava e coçava a cabeça, um velho hábito dele, e já na hora do jogo ele pergunta o Valdir, zagueiro de ofício, se ele poderia quebrar o galho no ataque.

Valdir me olhou, como se quisesse pedir desculpas, e foi para o jogo e eu tirei a chuteira, as meias, o short e fui para a beira do campo conversar com o Deputado Linhares. Passaram quase quinze minutos e o Porto Alegre fez 2x0 e o ataque alvinegro não funcionava. Ele chegou perto do Luiz Fernando, me viu e perguntou:

- Eu te chamei para jogar, porque você não aceitou?
- Aceitei sim, seu Jair, o senhor é que não me viu e escalou o Valdir de atacante.
- Vai no vestiário, troque a roupa e entra lá no lugar de qualquer um, esolhe quem vai sair e entra, disse Polaca já nervoso porque o primeiro tempo estava acabando e perdia por 2x0 diante do botafoguense Octávio Pinto Guimarães.


O outro lance interessante, este sim, me fez lembrar a dúvida de Muricy, aconteceu anos algum tempo depois, também no Estádio Municipal, em jogo contra o Flores, e Polaca tinha uma dúvida de quem seria o centro avante, Zé Paulo ou Chico Besouro? Dúvida cruel, para a bola, é claro e chegou no canto e perguntou ao Genuíno quem gostaria que fosse seu companheiro de ataque.


- Polaca, falou Genuíno, jogue a camisa sete para cima e quem pegar sai jogando porque se escalar um ou outro será a mesma coisa.


E assim fez o velho treineiro, chamou todos que estavam esperando um lugar, faltava um, virou as costas e jogou a sete para cima, sabe quem pegou? Tote, o goleiro reserva, que imediatamente trocou a camisa de goleiro pela de jogador de linha e foi fazer figuração no time.


Coias do nosso futebol romântico e dos bons.

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