Jornalista: Ser ou não ser... eis a questão

Eu tenho que contar por aqui, onde os meus seguidores já estão acostumados com minhas histórias, ouvidas nas ruas e nas filas de padaria e supermercado, um caso que aconteceu agora pela manhã, no famoso Calçadão de Campos, quando um velho amigo meu, bancário e companheiro de sinuca lá no Sindicado dos Bancários, me para na rua, acompanhado de seu filho, provavelmente com 16 anos, e o garoto é fã de jornalismo e adora futebol, como eu e o amigo que me lê neste momento. 

- Dutra, meu garoto quer ser jornalista e eu já falei com ele que iria conversar contigo para uma dicas sobre uma possibilidade de trabalhar numa emissora de rádio ou em um jornal, aqui na cidade, e depois sair para tentar sucesso na Globo ou, quem sabe, na Espn, da qual ele se diz fã incondicional,, diz o pai animado com o que pensava ouvir de mim. 

- Amigo, fico feliz pelo seu filho, o jornalismo é mesmo contagiante, bonito e dava chances de boas viagens, bons conhecimentos e até conhecer pessoas famosas, isto em um passado que foi alegre porque hoje o futuro é negro, triste e sem perspectivas nenhuma para o futuro, comentei com muita sinceridade para ver se os dois desistiam da ideia. 

Cheguei a falar com ele que meu filho, Leandro Dutra, como o rapaz em questão, era também apaixonado pelo jornalismo e futebol e, incentivado por mim, entrou no jornal, fez faculdade, se formou, experimentou o rádio e gostou, foi para o Rio buscar seu lugar e... se decepcionou e voltou correndo para casa e se preparou para um concurso público e hoje é funcionário do Bando do Brasil. 

- Que nada, o Leandro te puxou, fez rádio e jornal como hobby e foi ser bancário como você foi, jornalismo está no sangue e meu garoto precisa apenas de algumas dicas, e sei você as dará, insiste o amigo. 

Claro, não negarei dicas e informações ao garoto, deixe-o comigo por dois ou três minutos que passarei toda a informação que vocês querem.

E aí um diálogo rápido e rasteiro entre mim e o rapaz, que foi mais ou menos assim:

- Você assiste a Espn e é um fã do esporte, certo?
-Sim. 
- Você é fã dos repórteres e dos comentaristas, como me disse e sabe o que você precisa para chegar lá e ser um dos contratados da emissora?
- Sim, tenho que fazer jornalismo, estudar o futebol em todos os sentidos e me especializar em algum outro esporte. 
- Muito bem, você se formando e entendendo de futebol teria uma chance, mas com certeza é melhor você mudar a estratégia.
- Como assim?
- Você, ao invés de faculdade, vá treinar no Americano (ele é alvinegro), aprenda a jogar  bem o futebol, seja um craque bem sucedido, que não precise no futuro de um cachê alto para trabalhar na Espn ou no Sportv ou até mesmo na Globo e Bandeirantes, e quando parar de jogar você será chamado por uma delas para ocupar a vaga de um jornalista formado, que estudou a vida inteira, se especializou e procura um luga ao sol. 
- O senhor está de sacanagem comigo? Eu não sou bom de bola, sou bom de jornalismo e o senhor quer dizer que eu não tenho futuro?
- Não meu amigo, você terá futuro se escolher outra profissão e como jornalista, no Brasil, principalmente no meio esportivo, o futuro é realmente negro. Um dia foi bacana mas hoje...

E os dois foram embora e, pelo menos, o pai me deu razão e disse ao garoto
- Eu não te falei que hoje não vale a pena ser jornalista? Vá estudar outra coisa. 

Comentários

  1. Entre em contato com os dois Adilson, oriente para fazer jornalismo mesmo, mas encaminhe-o para a política, começando como pelo conselho tutelar, depois uma vaga como edil, na próxima prefeito ou deputado, tudo dando certo vai aparecer na TV ou como um belo e correto defensor do povo ou como um desses que andam por aí. Caso tenha algum sucesso fica mais fácil ter um horário como jornalista. Jogar bola e se tornar um craque, é muito mais difícil, isso é pra poucos, e hoje a maioria dos "comentaristas" foram zagueiros zagueiros.

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  2. Respostas
    1. Exatamente, no meu texto ficou parecendo que era pra encaminhá-lo para o jornalismo político, mas não foi isso que eu quis dizer,quando disse "encaminhe-o para a política".

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    2. Tenho 20 anos e faço jornalismo. Gosto do curso e pretendo ser cronista, vou atrás do meu sonho! não me importa o que as pessoas pensam. Ano que vem começarei Ciências Sociais na UFF

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    3. Parabéns Anonymous, porque sonhos não envelhecem.

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    4. que bom que o sonho da juventude ainda é fazer jornalismo, o anônimo, seguidor ou não do blog, pode contar comigo e com o blog para divulgar seu trabalho e conversa sobre qualquer tema relativo ao jornalismo, fico feliz porque em três dias, ou menos, dois jovens querem mesmo se dedicar a carreira independente do que está acontecendo nos dias atuais. Vá em frente, companheiro, mas assine suas matérias e seus comentários para ser devidamente reconhecido. A crítica que fiz foi para chega até a Espn, que esta semana DEMITIU 40 jornalistas e contratou DOIS ex-jogadores como comentaristas.

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    5. ...do jeito que é implicante e provocador Mano Belo, ou seu criador, me parece ter assumido novo codinome. Rsssss

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