Conversa de Botequim - Jornalismo carioca parou no tempo?

O Armazém está lotado, afinal hoje é sexta-feira, e antes mesmo de começar a rodada de quitutes, vinhos e cerveja, a turma se reuniu no balcão para dar continuidade a um assunto, puxado pelo Fernandinho, que há algum tempo vem falando sobre o tema e eu, que vivi no meio durante anos, incentivei o amigo a dar continuidade a prosa no meio do grupo da sexta-feira. 

- Dutra, o que se passa com o jornalismo esportivo carioca? Há muito que venho notando uma decadência preocupante e não aparece nenhuma cara nova que podemos chamar de "fera", diz Fernandinho mostrando o tema da conversa para os companheiros do Armazém. 

Puxei a fila dos descontentes, mas não posso criticar companheiros que não ouço, mas assistindo aos programas, gerados em São Paulo, notamos que a renovação no Rio não aconteceu e no único canal, que faz concorrência a Globo, o comando ainda é do veternano José Carlos Araújo, com seu fiel escudeiro Gilson Ricardo e outros "velhos" conhecidos da galera do futebol. 

- Fernandinho, desde que Campos parou de produzir craques da latinha, exportamos Eraldo Leite, Cláudio Perrot e Elso Venâncio, poderíamos ter este aqui do lado, o Dutra, o Arnaldo Garcia, o Sérgio Tinoco e tantos outros, já tivemos Aloísio Parente brilhando na Nacional e hoje, bem hoje, o que temos em Campos e no rádio carioca? Creio que parou no tempo, diz Motta, dando sequencia ao pensamento do Fernandinho. 

Borges, que é daqueles assíduos ouvintes do rádio paulista, ele vem do interior de São Paulo e conhece bem o rádio por lá, e entra na conversa com jeito de quem entende do assunto e quer mostrar sua opinião. 

- Qual o motivo de São Paulo ter tantos craques do microfone e das letrinhas, como diz o nosso Dutra, e quando é que o Rio parou de criar bons profissionais? Certamente vocês irão concordar comigo, diz Borges, o interior paulista tem rádio e jornal forte e os profissionais são criados para serem profissionais de rádio e não chefes de escritórios de publicidade, como temos em terras cariocas e campistas e assim o cara aprende a fazer rádio e tem espaço nas emissoras da capital, arremata. 

- De onde veio Jota Júnior? De onde saiu Osmar Santos? De onde surgiu Fiori Gilioti, para ficar nos veteranos. Todos formados em emissoras do interior e que foram pinçados pelas grandes emissoras de São Paulo, diz Motta, que vê na Espn uma renovação constante no quadro de profissionais da narração e comentários. 

Por aqui, claro que estou falando do Rio, Luiz Carlos Júnior, um mediano narrador esportivo, é cercado de ex-jogadores, bons em campo e fracos no comentário, despreparados como outros que se aventuraram nos microfones das rádios cariocas, e deixa pouco espaço para os verdadeiros jornalistas, como Lédio Carmona, bom no que faz e abre portas para Roger Flores, Edinho, Ricardo Rocha e outros como Carlos Alberto Torres, que um dia brilharam nos gramados mas na "latinha"... bem aí são outros quinhentos, né mesmo turma?

- Vejam só quanta diferença nas transmissões dos jogos em São Paulo, nem vou citar as narrações, que é covardia, a qualidade de um Milton Leite ou de um Jota Júnior, no Sportv, de Paulo Andrade, Paulo Soares, na Espn, João Guilherme ou Gustavo Vilani, na Fox Sports, mostra-nos que o Rio está anos luz atrás dos paulistas e perde, neste quesito narração e comentário, para os gaúchos,que estão chegando ao Rio porque por aqui não se renova e não se descobre novos talentos, diz Borges já pedindo uma cadeira na calçada porque o calor está forte no balcão do Armazém. 

E, para arrematar, Fernandinho faz coro a minha crítica sobre o Globo Esporte atual. - Dutra, concordo contigo, ou mudou o comando ou mudou o Globo Esporte, não temos mais um Érik Faria, um Tino Marcos, um Paulo Lima ou o jeito deles fazerem uma reportagem, será que mudamos nós ou eles é que regrediram? 

E, fechando o papo e passando para os finalmentes, afinal César e Edu já estão com as iscas prontas e Lenílson com a cerveja na mesa, digo: Não existe mais um Armando Nogueira, no Rio, nem um José Maria de Aquino, em São Paulo, que comandavam uma grande equipe de profissionais  e sabiam o que o telespectador queria ver e ouvir. Hoje... bem, hoje as mocinhas tomaram conta e os rapazes afetados querem frequentar vestiários e concentração. 

Bom final de semana. 

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