A trajetória de Jorge Luiz Sena: Do São Cristóvão ao Atlético Madrid

Texto: Ademir Tadeu

Nascido em São João da Barra, em 25 de abril de 1953, Sena saiu do interior fluminense para vencer no futebol. Em 1972 partiu em direção ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no Vasco, indicado que foi por um jogador do próprio clube, o lateral Paulo César. 

Logo de cara já teve a primeira decepção, pois o técnico do juvenil, Célio de Souza, sequer deu condições ao jovem de realizar um treino, alegando que o mesmo era muito franzino. Sem desistir do sonho, voltou para São João da Barra com a promessa do próprio Paulo César de entrar em contato com o Zico, que já despontava na Gávea, para que ele fizesse um teste no Flamengo, agora no seu time de coração, para onde ele gostaria de ter ido direto.

Ainda no ano de 1972, voltou e foi direto para o time juvenil, que tinha como responsável os treinadores Miraglia e Modesto Bria. Permaneceu no clube por oito meses, onde teve poucas oportunidades e ficou mais na reserva, mas jogou na posição que mais gostava, de ponta de lança. No final do mesmo ano diversos jogadores foram dispensados, entre eles, estava na relação o garoto Sena. 

Ao sair da Gávea, um funcionário do clube o encaminhou ao vice-presidente do São Cristóvão e já no dia seguinte estava em Figueira de Melo. Depois de uns meses em experiência, o técnico Pavão o avisou que ele estava aprovado para defender o time juvenil. Corria o ano de 1973 e Sena acabou como principal artilheiro do campeonato da divisão, colocando o São Cristóvão na quarta colocação do certame. Foi logo promovido para o time principal e no ano de 1974, assinou o seu primeiro contrato como profissional.  

Não demorou muito e logo conseguiu uma vaga no time titular e os gols foram saindo naturalmente, e sua fama de artilheiro despontava no futebol carioca. Um jogo em especial, contra o Flamengo, pelo Campeonato Carioca, mais precisamente em 29 de março de 1975, foi inesquecível para o atacante. 

Depois de estar perdendo por 2 x 0, com dois gols de Zico, o São Cristóvão virou o placar para 3 x 2, com Sena marcando dois gols, aos 44 minutos do 1º tempo e aos 36 da etapa final. O terceiro gol foi marcado por Santos, completando a virada aos 42 minutos.

Foi inevitável o interesse de outros clubes, mas um empresário fez o inesperado e incrível convite: jogar no Atlético de Madrid, da Espanha. A negociação foi concretizada e seu passe foi vendido por 120.000 dólares. Em 23 de julho de 1975, Sena partiu pra Europa sonhando em conquistar a Espanha. Foram quatro meses como titular, mas com poucos gols. 

Com a chegada dos brasileiros Luís Pereira e Leivinha, naquela época uma equipe não podia escalar mais do que dois estrangeiros, foi emprestado ao Rayo Vallecano, da segunda divisão espanhola, que não deixava de ser uma espécie de filial do Atlético. O time era treinado pelo lendário Di Stéfano e, na segunda divisão, ficou meio esquecido e alguns problemas internos e a saudade da mulher, que havia voltado ao Brasil para ganhar o primeiro filho do casal, o Leandro, foram minando a sua trajetória na Espanha. 

Uma proposta do América, do Rio, foi a senha para que o atleta, depois de um ano e três meses, retornasse ao futebol brasileiro.

Sua passagem pelo América não foi feliz, pois uma contusão na clavícula o afastou dos gramados por um bom tempo. Quando retornou, não recuperou a posição e acabou na reserva.

No início de 1977 foi emprestado ao Vitória, da Bahia, o que foi para ele um ótimo negócio, pois os gols voltaram e acabou artilheiro do campeonato baiano com 18 gols. Foi a senha para que o clube baiano adquirisse em definitivo o passe do atacante junto ao time carioca. 

O ano de 1978 tinha tudo para ser deconfirmação do artilheiro, mas uma fatalidade, a perda de seu filho ainda pequeno, em sua casa, na cidade de Salvador, foi um baque muito grande e desestruturou por completo a sua vida. Com o passar do tempo as coisas foram voltando ao seu devido lugar e os gols marcados em 1979 colocaram Sena entre os maiores artilheiros do ano no futebol brasileiro. 

O Vitória conquistou o 1º turno do baiano, em 1979, e o seu técnico, Aymoré Moreira, chegou a compará-lo ao atacante Palhinha, ex-Cruzeiro. Mesmo perdendo o título regional para o rival Bahia, a artilharia ficou com o atacante, que fez 25 gols.

Em 1980 Sena foi defender o Santa Cruz e conquistou o título do 1º turno pernambucano. Na decisão do campeonato estadual acabou vice-campeão novamente, mas foi o artilheiro do certame com 23 gols marcados. A passagem pelo Palmeiras, em 1981, foi rápida, mas o suficiente para deixar a sua marca de artilheiro na campanha do Torneio Seletivo da Taça dePrata, onde o Palmeiras foi o campeão e acabouclassificado à 2ª fase da Taça de Ouro do mesmo ano. 

No jogo decisivo contra o Guarani, na vitória por 2 x 1, marcou os dois gols. Pelo time paulista fez apenas 22 jogos e marcou 8 gols. Ainda em 1981 retornou ao futebol baiano, agora para defender o Bahia, seu algoz dos tempos de Vitória. Permaneceu até 1983 e nesse período conquistou o tricampeonato baiano. Formou com o atacante Dario uma dupla infernal de artilheiros. Em 1982 sofreu uma grave contusão no joelho,  ruptura dos ligamentos, que o afastou dos gramados por um bom tempo.  Retornou em 1983, no próprio Bahia, para posteriormente comprar o seu passe e seguir a sua carreira em outras equipes.



A partir de 1984 passou por diversos times, entre os quais: Taquaritinga (SP), Leônico (BA), Flamengo (PI), Uberlândia (MG), Taguatinga (DF), Americano e Goytacaz, de Campos, e finalmente no Guarapari, onde encerrou a sua carreira conquistando o título de campeão capixaba de 1987. Logo depois iniciou a sua nova etapa como técnico e trabalhou em algumas equipes de pequeno porte, sem conseguir o mesmo sucesso que teve como jogador. 

Comentários

  1. Uma pessoa maravilhosa, meu pai meu melhor amigo!!!!

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  2. Ótimo cobrador de faltas um dos melhores jogadores que vi jogar aqui no Vitória.

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