Um dia sem conversa na fila do pão

Acordei cedo e tomei um susto ao abrir as janelas da sala, de onde escuto tudo o que acontece neste pedaço da Rua Gonçalves Dias. Lá de baixo vinha o grito do Bicudo, para o Robinho, que chegavam para o trabalho da quinta-feira.

- Robinho, quanto ficou o jogo ontem, na Bolívia? Era Bicudo querendo saber o resultado do seu Flamengo.

- Ué, não viu o jogo? Retruca o parceiro das manhãs.

- Não, só ouvi o foguetório, minha mulher me proibiu ver jogo do Flamengo, responde o porteiro, que completou: Flamengo venceu de quanto?

- Venceu? Tomou mais uma coça de um time medíocre, perdeu por 1x0 e só chutou uma bola ao gol dos bolivianos, ainda assim no último minuto de jogo, quanto o time dos caras estava mais morto do que os mulambos dentro de campo.

E quando desci, para caminhada até a padaria, perguntei ao Bicudo qual era este negócio de a mulher o proibir de ver jogo do Flamengo, e o cara, na maior naturalidade, mandou bem na resposta:

- Se a diretoria do Flamengo, que é a que manda no clube, exige a escalação de Brocador e Carlos Eduardo, duas múmias paralíticas, porque não posso obedecer a dona da minha casa, a que dá as ordens e determina o que vou fazer? 

Tá certo, com esta resposta eu me calei e calado continuei na ida e na volta da padaria e não teve nem mesmo aquele papo diário na fila do pão, afinal ali se reúne flamenguistas, vascaínos e tricolores, que, segundo Marcinho, o gerente, não estão jogando a Libertadores e não tem assunto para conversa fiada no seu estabelecimento.


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