Cerveja: Gelada pode ser qualquer uma?
Tem certas coisas que rendem crônicas, não só o futebol e suas torcidas, a cerveja também rende bons papos nos bares da vida e causa até problemas, não por você bebe-las, mas sim por você ter preferência por uma ou outra marca, como sempre fui desde quando comecei a tomar as minhas "louras geladas".
De tanto ouvir, lá no Bar do Vicente, meu avô Vicente Dutra, que logo depois se transformou no Bar do Zebinho, meu pai Zebinho Dutra, os caras gritarem logo quando chegavam ao bar, vindo do trabalho, naquele horário que os caras de hoje chamam de "happy hour" e que prá nós, lá na terrinha, era apenas um momento de jogar conversa fora.
Mas eu dizia que os caras chegavam, com sede de uma boa cerva, e gritavam: "Seu Vicente, sai uma Brahma casco escuro, bem gelada por favor.". E eu me intrigava com aquilo, todo mundo gostava só de cerveja casco escuro, Antártica ou Brahma, e porque as fábricas entregavam com casco verde também? Tive esta explicação tempos depois, na Rua José Higino, na Tijuca/Rio de Janeiro, onde ficava a fábrica da Brahma e fui morar por lá com minha tia Durvalina.
O Marreco, funcionário que cuidava da fermentação, tomava umas boas no Bar do Seu Arthur, um português flamenguista, logo ao lado. - Marreco, porque você toma Brahma casco verde e lá em Miracema todos pedem casco escuro?
Ele foi simples no seu comentário: - Sabe aquilo quando você comenta uma vez, outros repetem insistentemente? Pois é, este é o caso. Dizem que o casco verde bate sol na viagem e o casco escuro protege. Você acredita? Eu não.
E então vamos ao que interessa neste papo que começou de um jeito, passou para outro e agora terá outro rumo no enredo. Qual cerveja beber na confraternização do Armazém do Lenílson? Foi a pergunta do Henrique, que bebe qualquer uma, mas queria minha opinião. Eu não quis escolher, mandei o Marco ou o Evaldo escolherem, a minha, segundo eles, é mais cara porque sou chato neste negócio de cerveja, e a "romarinho" do Evaldo e do Marco, é mais barata e eu, o sofisticado, segundo eles, só tomo Heineken. Fazer o que? Escolho ou não? Não, não escolhi e só pedi para botar todas as marcas do bar no freezer já que a turma, segundo o finado Fernandinho, bebe qualquer uma se for 0800.
E é assim mesmo, em um aniversário meu, que na época estava começando a gostar da Stella puro malte, via todo mundo me criticar e dizer que era uma cerveja forte e que preferiam beber a Kaiser, pequenina, que custava só um real. Então, no meu aniversário, mandei o Lenílson gelar três caixinhas (12 cada) de Kaiser, pequenina, para a turma, dez "romarinhos" para o Marco e o Paulinho, e meia dúzia de Stella para mim.
Reclamaram dizendo que eu era elitista porque ofereci a Kaiser para ele, e eu bebia Stella. Disse que foi escolha do Richard e caíram de crítica em cima do cara, que foi embora e nem sequer saboreou a Kaiser pequenina.
E é assim, cerveja boa é a que está gelada e a que podemos pagar no momento, pelo menos é o que dizia Jorge Pela Égua, um velho e querido amigo, já falecido, lá no Bar do Carlinhos Cachoeira: - Quero a mais gelada e a mais barata, mas se alguém pagar pode botar uma Antártica eu aceito.
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