FLAMENGO DE LUTO: SEU JUCA É SAUDADE

No meio da década de 60, quando já estava bem entendido sobre o assunto futebol, meu pai me carregava prá todos os lados onde a bola iria correr. Em dias de grandes jogos, no Maracanã, como já contei aqui neste espaço por diversas vezes, o seu amigo Juca Alvim, motorista da Casa do Marcelino, distribuidor da Brahma na cidade, dava carona para estes dois apaixonados por futebol e pelo Flamengo e seguíamos rumo ao Rio de Janeiro para ver a bola rolar no maior do mundo.

Tempo de estadas ruins e de viagens longas sem previsão de chegada no horário certo, por isto as saídas eram na véspera dos jogos, seu Juca tinha que entrar na fila da cervejaria, na Rua José Higino, bem pertinho da casa de tia Durvalina, para carregar cedo e voltar para abastecer os bares de Miracema.

Estas aventuras foram repetidas por muitas vezes, vimos Santos x Benfica; Santos x Milan, ambos pelo Mundial de Clubes, vários clássicos envolvendo o Flamengo, e, interessante, seu Juca não nos acompanhava em todos os eventos, afinal seu caminhão precisava de alguém perto para não perder a vez no carregamento.

Durante o seu aniversário de 90 anos, em festa organizada pelos filhos lá no sítio do Geneci, tentei conversar com ele sobre estas viagens, mas seu Juca já não estava com a memória em dia e pouco falamos sobre nossas viagens e aventuras nas estradas que ligavam Miracema a capital da Guanabara.

Quando me transferi para Campos e voltava de quando em vez a Miracema, seu Juca era minha companhia aos sábados, pela manhã, na Kiskina. Por ali tomávamos uma boa cerveja, sempre ao lado do seu Mariano Tostes, outro que já é saudade, contávamos causos, falávamos do Gilciney, do Geneci e Gecilene, amigos de longa data e filhos queridos do bom Juca Alvim.

Hoje, ao acordar, recebi a ligação da irmã Maria Celeste dando a péssima notícia: “Faleceu o seu Juca, pai do Geneci e da Gecilene”. O coração bateu em forma mais acelerada, mas aos poucos foi chegando ao normal, afinal o velho Juca já passou dos noventa anos e parece que finalmente chegou a sua hora.

Tentei escrever algo para os filhos, um e-mail, mas isto é muito frio e prefiro um abraço apertado e confortante quando por aí estiver. O que posso dizer agora, aqui neste espaço do Dois Estados, é que seu Juca fez parte de minha vida e ajudou o velho e também saudoso Zebinho, a me tornar um flamenguista enjoado e apaixonado.

Ao Geneci, Gecilene e ao Gilciney, um abraço fraterno e sem mais palavras, afinal o velho Juca merece todo nosso respeito e tudo o que disser será pouco para descrever o que foi este pai e amigo maravilhoso.

Comentários

  1. Pelo que você escreveu, o Seu Juca merece mesmo todas as homenagens.
    Sobre o Santos x Milan, vi pela TV em São Paulo e não me esqueço dos gols de falta do Pepe. E você viu ao vivo um belo espetáculo com a torcida carioca empurrando o Santos para a virada no placar.

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  2. Eu não sei o que foi mais poderoso, se o ataque do Santos ou a chuva que caiu na, ainda era, Cidade Maravilhosa.

    O moleque aqui ficou apaixonado pelo Santos FC e se fosse nos dias de hoje, com TV mostrando direto, eu teria continuado santista, como meu filho se tornou sãopaulino.

    Um espetáculo maravilhoso.

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