Papo de Bola - O papo da fila do pão

Chego a padaria e o Marcinho me mostra o jornal: "Aqui, Dutra, os caras estão discutindo quem será o destaque de Flamengo x Botafogo, Marcelo Cirino ou Bil?" Eu pensei um pouco antes de responder, afinal o amigo é um apaixonado pelo futebol, flamenguista fanático e para ele qualquer cabeça de bagre pode ser ídolo, completamente diferente do JR, também rubro-negro, que fez cara feia e soltou: "Marcinho, no meu tempo estas duas m... não carregariam as chuteiras dos caras nem no Flamengo nem no Botafogo".

E fui andando como quem não quer nada, tentando sair da discussão que se anunciava, o Marcinho não gostou da resposta do JR e tentou nos convencer que Marcelo Cirino é o craque que vai explodir com o jogo no domingo. "O cara é fera, vai calar a boca dos botafoguense e fazer este Bil engolir o que disse", arrematou o gerente da estabelecimento. 

Eu voltei caminhando lentamente, pensando naquele papo, ainda bem que a fila do pão estava curtinha e não havia botafoguenses por perto, imagina o amigo, aí do outo lado, ver dois camaradas inteligentes, que já viram "brigas" boas com Zico de um lado e Jairzinho do outro, com Garrincha ameaçando marcar mais gols do que Dida no clássico e ter que aturar, nesta altura do campeonato, discussão boba entre duas "estrelas" de quinta grandeza? Tô fora. 


Comentários

  1. Hoje ele tem cinco estrelas, mas naquele tempo, Sefinho, ficaria devendo umas dez.

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  2. O Rio tem uma característica muito legal. Respira-se futebol em vários estabelecimentos comerciais. Os caras quando me viam falavam: E aí paulixta, vamos no Maraca domingo? Fui muitas vezes.

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  3. Queria lembrar para o José Luiz o que escrevi sobre Brito, ex zagueiro do Vasco:
    Brito - Zagueiro central do Brasil em 1970
    Brito e’ um legitimo elemento da dinastia de grandes zagueiros do Vasco, revelado nas divisoes de base e subindo a equipe titular apos a saida de Bellini. Nos anos 60, quando o Vasco nao teve grandes equipes, Brito era a principal estrela cruzmaltina e capitao do time. Excelente marcador e dotado de um vigor fisico impressionante, foi convocado pela primeira vez como titular da selecao em 1964, na Taca das Nacoes. Depois disso, foi frequentemente convocado ate’ 1972. (NETVASCO)

    Brito também foi Bola de Prata de Placar no ano de 1970. Formou na seguinte seleção:
    Picasso (BAH), Humberto Monteiro (AMG), Brito (CRU), Reyes (FLA), Everaldo (GRE), Zanata (FLA), Dirceu Lopes (CRU), Samarone (FLU), Vaguinho (AMG), Tostão (CRU) e Paulo César Caju (BOT).

    Somente estou escrevendo sobre Brito pelo ocorrido em 09 de outubro de 1974, quando o Corinthians foi campeão do primeiro turno vencendo o São Paulo por 1 x 0. Brito neste jogo jogou ao lado de Baldocchi. Fazia 20 anos que o Corinthians não ganhava o Paulista.
    Foi a primeira e única vez que vi uma torcida começar a gritar o nome de um zagueiro central lá pelos 20 minutos do segundo tempo. Do nada, do nada, o Pacaembu começou a gritar o nome de Brito.
    Eu presenciei tudo, afinal cheguei no estádio ás 17h e o jogo só começou as 21h. Terminado o jogo, Brito tirou sua camisa e veio em direção da arquibancada e jogou a camisa para a Fiel Torcida.
    Só não se consagrou porque perdeu a final para o Palmeiras em 22 de dezembro de 1974, por 1 x 0.

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  4. O comentário acima é também para o Ademir Tadeu. Agora para o Adilson e o Sefinho:
    Djalminha foi um terror na Copa São Paulo Juniores de 1990


    Djalminha conduziu o Flamengo à conquista da Copa São Paulo de Juniores de 1990. Em decorrência de seu excelente desempenho, ele conseguiu a promoção para os profissionais ao lado de figuras como Nélio e Paulo Nunes. O talentoso meia ainda participou, no mesmo ano, do título da Copa do Brasil. Contudo, com dificuldades de adaptação, ele foi negociado com o Guarani em 1993, depois de uma briga com Renato Gaúcho. As suas consecutivas passagens por Palmeiras e Deportivo La Coruña lhe alçaram à condição de craque. Até mesmo uma convocação para a Copa do Mundo de 2002 esteve perto, mas o “pavio curto” atrapalhou seus planos mais uma vez.

    Voltando para 1990, à Copinha , o time rubro-negro derrotou o Corinthians por 7 a 1, em pleno Pacaembu, e depois derrotou na final o Juventus, gol de Júnior Baiano. Djalminha foi o principal destaque da equipe do Flamengo.

    Estou escrevendo porque houve uma passagem entre eu e o Domingos , torcedor do São Paulo, na época desta copinha. Quando o Corinthians perdeu para o Flamengo, o Domingos passou por mim e deu apenas um leve sorriso. As vezes falar é melhor, rs. Mas o time dele, o São Paulo, iria jogar neste dia . E se ganhasse o jogo iria jogar contra o Flamengo de Djalminha.
    Mas o São Paulo perdeu e foi também eliminado.
    Passei pelo Domingos e perguntei um tanto dissimulado: E aí, Domingos? Que pena, hein?
    O Domingos respondeu:
    Ainda bem. Já pensou enfrentar o Djalminha?
    Era melhor ter dado o mesmo leve sorriso, rs

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  5. Valeu Maluf, pelos dois textos! Assim está o nosso futebol, com Cirilo, Bill, Pimentinha (que já foi despedido do Botafogo), Mosquito, Gum, Pará e Belém afora. Seria um desrespeito citar os nomes dos grandes craques de um passado recente.

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  6. Continuando nesta mesma linha de saudosismo agradável, e que me enche de orgulho ter vivido e assistido de geral, na arquiba, nas azuis, nas sociais, nas cativas, nas cabines de rádio e até mesmo de dentro dos campos, fiz uma pesquisa num desses sítios de futebol aleatoriamente me interessei pelo Carioca de 1965, humhum, não foi bem aleatoriamente assim, Flamengo campeão foram 56 jogos 2 dois turnos pontos corridos, com 8 clubes Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, América, Bangu, Bonsucesso e Portuguesa e lembrem que o Bangu fez a final com o Fluminense em 64, foi até próximo do campeonato de 65 entre os primeiros, em 66 foi campeão e em 67 fez final com o Botafogo, ganhar do América era muito difícil e jogar em Teixeira de Castro e na Ilha do Governador não era fácil não. E para lembrar mais um jogo do Brito segue a sumula de um Vasco e Fluminense:
    19/Set
    Vasco 1-1 Fluminense
    Local: Maracanã – Rio de Janeiro (GB)
    Renda: Cr$ 22.449.100
    Público: 38.739
    Juiz: Armando Marques
    Gols: Célio 23’ e Amoroso 32’
    Expulsões; Denílson e Zezinho por agressão
    Vasco: Gainete, Joel, Brito, Fontana e Ari; Maranhão e Oldair; Luizinho, Célio, Mário e Zezinho.
    Técnico: Zezé Moreira
    Fluminense: Edson Borracha, Ismael, Valdez, Altair e Bauer; Iris e Denílson; Jorginho, Amoroso, Samarone e Gilson Nunes.
    Técnico: Tim
    Gostaria quer reparassem no público, algo parecido com o de hoje.
    Este foi o último jogo do campeonato dia
    19/12
    Botafogo 1-0 Flamengo
    Local: Maracanã – Rio de Janeiro (GB)
    Renda: Cr$ 88.803.880
    Público: 76.205
    Juiz: Armando Marques
    Gols: Gérson 80’
    Flamengo: Valdomiro, Murilo, Ditão, Jaime Valente e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Neves, Almir, Silva e Rodrigues
    Técnico: Armando Renganeschi
    Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Marcos e Gérson; Jairzinho, Bianchini, Sicupira e Roberto.
    Técnico: Daniel Pinto

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  7. COMO ERA TORCER PELO SEU TIME




    Em 1960 não se tinha muitas alegrias torcendo pelo Corinthians, mas parece que fui mordido por uma mosca diferente da tsé tsé, que me transmitiu o exótico sintoma da alegria pelo futebol.
    Pois bem, na minha casa não tinha televisão na época, por isso sempre imaginava que meus amigos vizinhos eram mais felizes do que eu, principalmente aqueles que assistiram pela TV o último grande jogo de Garrincha, Botafogo 3 x 0 Flamengo, da decisão de 1962. Este jogo passou para São Paulo.
    Mas como o meu negócio tinha que ser o rádio, começava o dia esperando o noticiário esportivo das 11h da manhã, da rádio Difusora. Eu ficava uma hora antes no sofá esperando o noticíário. Mas antes devo confessar que logo pela manhã ia à banca de jornal ver as manchetes da Gazeta Esportiva. Gostava de ver também as 20 Notícias de Antonio Guzman, do Diário da Noite. E fechava a conta com os jornais quando meu pai chegava com o jornal A Gazeta, vespertino da fundação Casper Líbero. Mas o verdadeiro sofrimento vinha durante as transmissões de Edson Leite, Pedro Luis e Fiori Gigliotti nas rádios Panamericana e Bandeirantes. Eu ficava tão nervoso que literalmente batia os dentes, como se tivesse morrendo de frio. Não sei se alguém ficava assim, mas durante boa parte do jogo não conseguia parar de tremer. As tristezas eram muitas, mas parece que pouco me importava a classificação, pois cada jogo era muito importante para mim. O gozado que hoje os sintomas são diferentes, fico com um ligeiro mal estar devido ficar tenso nos grandes jogos.
    No mesmo ano de 1960, a TV Tupi passava jogos do Real Madri às 13h do domingo e ia ao bar da rua Domingos de Morais na Vila MAriana , era chique, tinha TV, e com o dinheiro de um Guaraná, instalava-me numa mesa e via Canário, Didi, Di Stefano, Puskas, Gento, Araquistain, Del Sol entre outros do futebol espanhol. As vezes esticava o tempo para ver Ari Silva e Raul Tabajara revezarem-se nas transmissões televisivas do campeonato paulista que começava às 15h15min. E os donos do bar tinham paciência comigo e não me mandavam embora.
    Certamente os jovens de hoje tem quase tudo, TV, Internet, Celular, mas não tem a infância que tivemos. Era duro, mas como era gostoso.

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