O mico pré carnavalesco

No ano passado, exatamente nesta data, me convidaram para um pré-carnavalesco, em uma casa noturna da cidade. Fui, meio que contrariado, não gosto destas atividades antes de Natal, antes de Carnaval ou aniversário fora da data correta, mas como os amigos que me chamaram merecem todo meu respeito e carinho eu me aprontei, com camisa colorida, bermuda da moda e Marina, por ser aniversário dela neste dia, também foi toda produzida como naqueles bons tempos de Miracema. 

E nosso aborrecimento começou logo na chegada à casa noturna, muita gente que não sabia o que era o evento, pelo menos assim eu pensei, olhava para nós como se fossemos aberrações da natureza, como pensasse: "O que este casal está vestindo? " "Que coisa horrível este casal todo fantasiado", e o constrangimento foi tomando conta de nós quatro, o casal convidante também já estava incomodado, e aos poucos fomos entendendo que o tal "pré carnavalesco" era uma enganação para chamar cliente e aos poucos fomos tirando os chapéus e bonés, os brilhos dos rostos das mulheres e os colares havaianos que ornavam nossos pescoços. 

Como diria meu filho: "mico dos bravos", mas tudo bem, voltamos a ser dois casais normais e entramos no clima de pré carnaval da casa, ou seja, músicas eletrônicas e um DJ mandando ver nas carrapetas. Mas o pior estava por vir, um grupo, sentado próximo de nós, exigia que o tal DJ tocasse funk e, com aprovação do gerente, o som subiu e a música sofrível e deplorável começou a ecoar pelo pequeno espaço da casa. 

Antes do nosso pedido chegar à mesa chamamos o garçom, suspendemos o pedido, pagamos a conta e fomos jantar quietinhos e bem acomodados em um restaurante sem música, sem barulho, sem bagunça e sem carnaval, afinal nem todo mundo é funkeiro e nem todos gostam de ser enganados. Detalhe, o amigo conseguiu que a casa não cobrasse o couvert artístico e isentasse o pagamento da reserva da mesa, pelo menos são decentes, né mesmo? 

E por isto ficarei em casa nos próximos quatro dias e não me arriscarei, saindo para uma noitada pela cidade, já que podemos novamente pagar o tal mico falado pelo filho caçula. 

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