Futelolês - As girias radiofônicas
Futebol é um assunto obrigatório em todas as rodas de bar, agora também com a doce presença feminina, que a cada ano aumenta mais e até nas mídias esportivas a presença delas se faz necessária e com um toque de sutileza bem interessante.
E por onde passo algum amigo quer saber, como o médico Augusto Tadeu Cardoso, profundo conhecedor do tradicional esporte bretão, que me dá dicas interessantes para esta prosa, mas... o que é o esporte bretão? Bom começo de prosa: Esporte Bretão? Esta é fácil.
De onde vem o futebol? Da Inglaterra, certo? Onde fica a Inglaterra? Na Grã Bretanha, confere? E como são conhecidos os nascidos na Grã Bretanha? Bretão. Então, o esporte bretão foi importado da Bretanha e trazido por Charles Miller (foto acima) , que em 1864 retornou ao Brasil, após longos anos estudando na Inglaterra, e trouxe na bagagem duas bolas de futebol, um par de chuteira e um livro de regras.
Já que você já sabe como começou o futebol por aqui vamos as manias e as gírias do brasileiro quando o assunto é futebol. Fui "ponta" nas transmissões esportivas por longos anos, e o que é ser "ponta" nas jornadas esportivas. Ponta é aquele repórter, que fica atrás de uma das metas (traves) de um time e ajuda o narrador a sentir o clima do ataque e da defesa adversária. Como "ponta" usei muitas das vezes "a bola passou tirando tinta da trave do goleiro...". Tirar tinta é "sinônimo" de passar perto, e, para ser sincero, muitas vezes passava longe e aí a gente dizia: "passou raspando a trave".
João Saldanha, nosso baita comentarista, ex-treinador da Seleção Brasileira, tinha vários bordões e várias colocações para seus comentários ficarem mais ilustrados, um deles ficou famoso e todos nós usamos nas transmissões ou comentários: "O atacante está sempre livre lá na "zona do agrião", por exemplo. Explico: Zona do Agrião é a parte mais densa da grande área, onde sempre está o perigo de gol para o arqueiro. Arqueiro? Sim, por defender o arco (trave outra vez) do time e por isto é chamado de arqueito, ou, mais comum, o goleiro, que defende o gol, e em Portugal é conhecido como Guarda Redes, tem sentido, né mesmo?
Eu costumava dizer, e muitos outros, bem antes de Luxemburgo (Vanderlei) que a bola está na zona da confusão. Luiz Cândido Tinoco, meu parceiro de grandes jornadas esportivas, gostava de dizer que "tem charivari na zona da confusão", ou seja, tem perigo na área.
Seguindo as dicas do Dr. Augusto vamos em frente falando do tal "fio desencapado", que é um jogador, tipo Felipe Melo, que já entra em campo nervoso e "pilhado" e cartão amarelo, ou vermelho, é quase certo durante os noventa minutos. Nervoso demais é sinal que o cara é um "fio desencapado". E, quando o zagueiro é daqueles violentos ou quer ser um "xerife" em sua área (dono do pedaço), ele entra na jogada "cuspindo marimbondo", que pode servir também para um diretor irado com o árbitro e parte prá cima de "sua senhoria" cuspindo marimbondo, traduzindo, para o que der ou vier.
Quem gosta muito de usar estas expressões é o excelente Washington Rodrigues, veterano comentarista que foi um dos maiores repórteres do rádio brasileiro e ainda está na ativa, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. Eu não sei quem criou uma outra expressão, usada por Washington Rodrigues, o eterno Apolinho, mas que tenho certeza que vem desde os tempos da Rádio Continental, minha preferida na infância e juventude, quando Avelino Dias, grande radialista esportivo, dizia para Clóvis Filho, baita narrador: "a bola entrou lá onde a coruja dorme". Sabe o que é? Pode ser também "entrou na forquilha", traduzindo: Entrou no ângulo, sem defesa para o goleiro.
Breve um novo tópico. Aguardem. Aceito sugestões dos amigos e leitores.
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