Saudade dos alçapões cariocas

O Yussef Damian é uma boa prosa, principalmente quando o assunto é Campeonato Carioca, Maracanã, Flamengo ou até mesmo na hora das reminiscencias, aliás joga no meu time porque é disto que vive as minhas crônicas atuais, reminiscencias de um velho escriba apaixonado pelas letrinhas e pelo futebol.

E hoje começa o que chamávamos de "o mais charmoso", e, pensando bem, não tem, o Carioca, nada mais daquele charme extra, que era jogar na Rua Bariri contra um Olaria tinhoso, na Rua Conselheiro Galvão, contra um Madureira enjoado e fechadinho, no Ítalo Del Cima, onde para chegarmos para ver o Campo Grande enfrentar o Flamengo, ou outro qualquer, era preciso pegar duas ou três conduções ou enfrentar um trem direto.

Hoje não tem mais a Portuguesa no campo dos "Ventos Uivantes", onde um dia eu vi o atacante Foguete marcar contra o Flamengo e sair do vestiário contratado pelo rubro-negro, onde vi o goleiro Ubirajara, o negro mais bonito do Brasil, segundo o Chacrinha, marcar um gol na Lusa da Ilha do Governador.

E, para os mais antigos, não tem mais o Canto do Rio, que no passado bem distante era o único representante do antigo Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói, será que os garotos se lembram disto? O Canto do Rio mandava seus jogos no Caio Martins, onde o Botafogo tomou posse antes de ganhar o Engenhão.

É bom recordar os jogos na Rua Figueira de Melo, campo do São Cristóvão, estádio feio, desajeitado, mas que recebia mais de duas mil pessoas, em um lugar onde cabem apenas trezentos torcedores, em jogos contra o Flamengo.

Eita! Saudade do Estádio da Rua Campos Sales, primeira casa do América, ali na Tijuca, também apertado e um verdadeiro alçapão. E por falar em saudade que pena ver o Proletário, lá em Bangu, sem cuidados especiais e com um gramado horrível, já senti calor nos degraus daquelas arquibancadas de cimento sem nenhuma cobertura para nos proteger.

É verdade, Yusssef, éramos felizes e sabíamos disto, ver os pequenos sofrerem no Maracanã, assistindo tudo na geral e olhando para cima para ver Jorge Cury, Waldir Amaral, Rui Porto e outros monstros sagrados do rádio carioca, era tudo de bom e hoje, cá da minha sala, sem ar refrigerado diga-se de passagem, vejo na tevê um espetáculo pobre em todos os sentidos e não acho graça nenhuma, nem mesmos os clássicos, dos jogos do Carioca.

E para fechar, ainda com saudades do que vi de bom, era bem legal acompanhar, profissionalmente, Goytacaz e Americano em suas belas jornadas em todos estes estádios citados nesta prosa saudosista, mas aqui a história é outra, sai o torcedor e entra o radialista apaixonado pelo que faz. 

Que queimem minha língua e façam um Carioca 2014 muito bom. 

Comentários

  1. Obrigado amigo pela lembrança, me emociono em saber que sou lembrado e que esse dedo de prosa via blog te remete as coisas boas. Podemos também prosear sobre outros temas, mas realmente futebol é empolgante mesmo não sendo de boa qualidade.
    Em seu penúltimo parágrafo você diz que eramos felizes e aí segue.....termina dizendo que os jogos, mesmos os clássicos estão sem graça, e tem razão. Para tentar mudar essa sensação vou colocar em preto e branco a imagem da minha TV e aí talvez eu possa ver o Almir Pernambuquinho, o Silva o Batuta, o Fio Maravilha, o Altair, o Samarone o Flávio Minuano, o Violino, o Canhotinha de Ouro, o Nariz de Ferro, o Filho do Divino, o Zanata, o Cesar Maluco,o Jorge Vitório, encorporados nesses atletas fisicamente preparados, isso, é isso que esses caras são, mais nada, sem contar que naquela época as chuteiras eras pretas e no máximo o cara era cabeludo com uma fitinha na cabeça. Hoje...........

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