WALDEMAR VAI TOCAR NA BANDA LÁ DO CÉU

Muitos amigos irão se lembrar do Waldemar por sua passagem, longa por sinal, pelo Colégio Miracemense, onde exerceu funções de faxineiro e, por ordens da direção, chegou a auxiliar Joseli Combat e Seu Edmundo na parte disciplinar. Não era temido pelos alunos, muito pelo contrário, era querido e amado por sua simpática figura e doce trato com todos nós.

Eu tenho outras lembranças do amigo Waldemar Nascimento, músico da Banda Sete e dos vários conjuntos formados em Miracema. Tocamos juntos na Sete de Setembro e no conjunto do Zé Viana, que abrilhantava os bailes nos salões do Polaca e no Esportivo. Aqui cabe uma crítica a turma da elite da cidade: Jamais prestigiaram os músicos da cidade, talvez por isto nenhum conjunto, hoje chamado de banda, vingou em Miracema.

Waldemar era um baterista experiente e com um ritmo próprio. Em certos momentos até se pensava em substituí-lo pelo meu xará, Adilson Cagiano, exímio baterista da cidade, mas sempre que se pensava no assunto o grupo votava pela permanência do velho e bom Waldemar.

A última vez que o vi tocando foi ali no antigo Operário, onde por longos anos funcionou o bar do Amado, em frente ao jardim, ele e o mano Francisco ganhavam a noite tocando para poucos presentes, mas sempre alegres e com o mesmo ritmo de sempre.

Sua caixa, na Banda Sete, tinha um toque especial e antes dos ensaios, na sede da banda, eu, ele e Zé Viana fazíamos os arranjos para as músicas do conjunto e esquentávamos as turbinas tocando algo diferente dos dobrados colocados na pauta dos ensaios pelo Maestro Zeca Garcia, que exigia seriedade e não era muito aberto as músicas modernas em seu repertório.

Viajamos juntos algumas vezes e o Waldemar, que hoje se torna saudade, sempre tinha um causo a contar e uma historinha para encurtar o caminho. Waldemar se junta ao seu bom amigo Paulo Pimenta, que nos deixou no ano passado, e abre mais uma lacuna na tradicional Sociedade Musical Sete de Setembro, por onde brilhou com suas baquetas por quase meio século.

Digo com tristeza que perco um grande amigo e fico na expectativa de ver o seu retrato ser inaugurado no salão da Banda Sete e que seja colocado ao lado de figuras como o Paulo Pimenta e Maestro Garcia, dois outros personagens da música que fizeram parte de minha vida.