Lembranças do Bar do Vicente Dutra

 Não tenho muito o que falar no meu assunto principal, o futebol, e, como hoje é sexta-feira, minhas lembranças foram afloradas nesta manhã, lá na fila do pão, quando o Edu quis saber detalhes sobre o bar do meu avô, lá na minha Miracema, onde nasci, cresci e me tornei adulto. Claro que junto com as lembranças vieram as gargalhadas quando lembrei alguns "causos" e casos ocorridos no bar e as histórias do nosso personagem principal, Vicente Dutra, caíram no agrado do Edu e dos quatro outros que por ali estavam, foi um das manhãs mais longas na nossa padaria. 

E, como hoje é dia de bar, drinks, cervejas e petiscos, me vem a mente os finais de semana lá naquele famoso bar da Praça Ary Parreiras, com ótima localização, estávamos bem em frente do prédio da Prefeitura, que abrigava também o Fórum e a Câmara de Veradores, e ao lado da sede do Tiro de Guerra 217, e um pouco acima a Igreja Matriz de Miracema. Gostaram da localização? Super privilegiada e por isto este amigo de vocês pouco pode aproveitar as festas de Santo Antônio que eram animadas, era o dia que o bar mais faturava e era preciso ajudar a família, que trabalhava unida e animada. 

Naquele tempo ainda não havia a moda das cadeiras nas calçadas, nosso salão era bem grande e abrigava pelo menos uma dúzia de mesas com quatro cadeiras, geralmente cheias nestes finais de semana e nas tardes de todos os outros dias, café com os bolos de mamãe e vovó, salgados e um ambiente propício a uma boa conversa e para encontrar políticos, advogados, juizes de direito e até os "coronéis" das fazendas que faziam ponto por ali desde quanto havia as sinucas no estabelecimento. 

Nosso balcão era de um tamanho exagerado e por ali debruçavam trabalhadores de todos os tipos para o que hoje chamamos de happy hour, uma pinga com mel, uma pinga com groselha, batizada de melinho pelo nosso vizinho, Ló Leitão, que por ali passava para encontrar com os amigos Fisico, Washington, Orestes Casadinho, Jorge Pela-Égua e outros mecânicos que faziam ponto no Bar do Vicente. 

Foram dias e anos de grande movimentação, eu confesso que não gostava daquela vida, afinal as festas da cidade, realizadas naquela região, não podiam ter minha presença e aquilo foi aos poucos me deixando com vontade de "voar" e procurar novos ares. Quando o meu pai, Zebinho Dutra, resolveu aposentar me perguntou: - Vai continuar ou vamos fechar o bar? 

Nem preciso dizer que, infelizmente, o final do Bar do Vicente chegou e agora é só saudade, aliás, digo para encerrar este papo, que gostei do que vi lá no local, deram uma revitalizada no ambiente e retomaram o Bar da Praça com um jeito que me chamou a atenção, só não tive coragem de me sentar à mesa, colocada na calçada, porque a emoção era forte e fiquei com receio de bater mais duro no coração. Um dia vou lá. 

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