Um goleiro gago e uma boa história do rádio

No Papo de Boleiros, nosso grupo do Wathaap, Zé Luiz Categoria postou um bom vídeo, ri muito com a entrevista postada. porém, tem sempre um porém, a publicação me levou aos meus primeiros momentos no rádio campista, mais precisamente no ano de 1979, na Campos Difusora, justamente no primeiro dia em que aqui cheguei e logo me deram a primeira chance. 

Meu chefe, que virou meu grande amigo, Luiz Cândido Tinoco, já me conhecia devido as minhas participações nos jornais matutinos da Difusora e me testou logo no primeiro momento em que subi as escadarias da Campos Difusora para o primeiro contato com a turma do futebol. 

- Bom dia, garoto, aqui está um gravador e sua missão é trazer uma boa matéria sobre o América, que acaba de chegar ao Pálace Hotel, ordenava Luiz Cândido Tinoco para depois me dar as boas vindas e um forte aperto de mão. 

Lá fui eu, sem nada conhecer por aqui, em direção a Praça São Salvador e de lá, após várias perguntas, cheguei ao hotel e, felizmente, a primeira pessoa que vi por lá foi o médico Fernando Biari, meu companheiro da concentração do Vasco da Gama, eu recém chegado para testes em São Januário e ele craque do basquete vascaíno já consagrado e, por sorte minha, me reconheceu e me recepcionou de forma muito efusiva. 
Conversamos um pouco e quem chegou depois foi Joubert Meira, ex-lateral do Flamengo e treinador do time rubro, que me atendeu e fizemos uma boa entrevista, mas não satisfeito eu queria mais e pedi ao treinador para me ajudar. Claro que saí de lá com um vasto material para três programas já que falei com Ivo, Bráulio e Flecha, os craques do time americano, mas me pregaram uma baita peça. 

Conversei com País, o goleiro que estava no auge mas vinha de contusão e não estava escalado, Ernani seria o provável goleiro para o jogo do dia seguinte contra o Americano, no Godofredo Cruz, e foi aí que o caldo entornou e caí na conversa dos boleiros. 

Ao me verem conversando com País, que um dia reencontrei em Miracema, em um jogo de master do Flamengo, que Luizinho e Álvaro, o lateral esquerdo, me falaram para entrevistar Ernani, afinal ele seria o goleiro titular contra o Glorioso de Campos. 

E liga o gravador, troca a fita e coloca no ponto para gravar e solto a primeira pergunta para o goleirão. Risadaria completa no saguão do hotel e Ernani não conseguia emitir qualquer palavra, ficou nervoso e, por ser  a sua primeira tentativa em falar para o rádio, gaguejou ainda mais do que o normal e foi um fiasco. 

Desliguei o gravador e conversei com ele, dizendo para não ficar nervoso e ele, mais gago ainda, me disse. - Sou muito gago e estou nervoso, mas deixa eu falar, eu preciso falar para dar meu recado, disse o goleiro. 

Pedi a turma para ajudar ficando quietos porque iria conversar com ele na boa. Dito e feito, fui gravando o que podia e editei depois, aliás o Elias Azevedo editou a gravação, e saiu muito boa e, claro, no dia seguinte, na hora do almoço, levei o gravador e o rádio para os jogadores ouvirem o programa, quando Ernani falou os aplausos vieram e o goleirão ficou super feliz, o editado ficou show e ele queria falar mais um pouco e disse: 

- Viu só, cambada, eu também sei dar entrevista. 
Coisas do nosso alegre futebol e bons tempos do rádio brasileiro. 

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