O jogo que eu vi - Goleada no Arisão
Uma noite quente de final de verão, quarta-feira, 19 de março de 1986, no Estádio Ari de Oliveira e Souza, na tradicional Rua do Gás, em Campos dos Goytacazes, que recebeu um público pequeno para o tamanho do jogo, apenas seis mil torcedores pagaram ingressos para ver uma das maiores exibições de um time capista nestes trinta e oito anos que estou na cidade.
Arquibancadas lotadas e, uma das primeiras partidas em que fui escalado como titular na transmissão de um de porte médio no Carioca, Aloísio Parente acreditou no meu "taco" e me colocou nas reportagens, cobrindo o Fluminense, e na "ponta", que é o repórter que fica atrás do gol (no Arisão ficávamos nas laterais), acompanhando os ataques durante os noventa e tantos minutos de um jogo.
Eu falava com o Paulinho, ponta esquerda do Tricolor Carioca, e uma voz, lá do alambrado, me dizia: "Penacho, meu pai está com meus irmãos lá na arquibancada". Era o amigo Bebeto Alvim, aqui conhecido como Passarinho, ferrenho torcedor alvianil, e lá em cima estava o meu companheiro de Rotary Clube, Juscelino Couto da Motta Filho, um dentista tradicional da minha Miracema com seu filho Juninho, não se se o André estava nesta.
A responsabilidade aumentou, uma família da minha terra, tricolores apaixonados, que estavam de radinho colado no ouvido e eu teria que fazer bonito. E fiz, assim como o Goytacaz, que como disse acima, fez a sua melhor partida desde que aqui cheguei. Foi um "chocolate", uma exibição de Clóvis, que destruiu a zaga tricolor e de Sena, já veterano, que ditou classe e categoria como homem de ligação ao lado de Haroldo, ainda menino, e Cláudio Neves.
Nem tudo foram flores nesta quarta-feira, o hoje meu grande amigo Coliseu, velho conhecido do torcedor campista, me proporcionou um momento de ira e de tristeza. O placar já estava 3x0 para o Goytacaz e em um ataque alvianil, lançamento para Leandro, que também fazia um grande jogo, Valquir Pimentel atendeu o aceno do bandeira e marcou impedimento do ataque campista.
Aloísio Parente me chama e pergunta: - E aí, Dutra, me diga se foi ou não impedimento.
- Sim, Parente, Leandro estava adiantado e o bandeira.... Não terminei a frase, algum líquido caiu sobre minha costa. Urina arremessada contra o repórter que disse a verdade do jogo. Infelizmente jogado por agora meu grande amigo Coliseu, que depois de alguns meses, já se tornando meu "amigo de infância", me pediu desculpas e, claro, foi perdoado.
Mas, e o jogo? Perguntaria você, torcedor tricolor ou alvianil. Foi o jogo de um time só e de destaques do time alvianil, a começar por Valtair, que anulou Tato e depois Paulinho, Cléber, que não deixou Romerito jogar, o meio campo, como já disse acima, foi fundamental para a vitória maiúscula de 4x0 do Goytacaz sobre o Fluminense, com gols de Sena, no primeiro tempo, e de Leandro,Clóvis e Ricardo, na etapa final.
Se poderia ter sido mais? Sim, o domínio foi estúpido e a vitória foi merecida para o time que entrou em campo com Jorge Luiz, Valtair, Genival, Cléber e Paulo Renato, Haroldo, Cláudio Neves e Sena, Clóvis, Leandro e Cosme, comandados pelo ex-volande da seleção e do Fluminense, Denilson Custódio, meu amigo enquanto esteve por aqui e campista de nascimento, de onde saiu para a divisão de base do Fluminense FC.
O Fluminense teve em campo Ricardo Lopes, Beto, Vica, Ricardo Gomes e Renato Martins, Rogério, Renê e Romerito, Paulinho, Washington e Tato. O técnico era Nelsinho Rosa, e o árbitro Valquir Pimentel.
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