Meu adeus ao Seu Zagallo


 

Falar de Zagallo, na minha opinião o melhor técnico brasileiro de todos os tempos, é fácil e todo mundo já conhece sua trajetória e suas conquistas, falar do homem Mário Jorge é que é difícil, poucos conhecem o Seu Mário ou o Seu Zagalo, na intimidade, eu também não o conheço assim para chegar aqui e escrever o descrevendo como amigo, muito longe disto, o que eu conheci foi o pai Zagallo, carinhoso com seus filhos e que olhava da janela do seu prédio, na Tijuca, a molecada jogando pelada na rua ainda de terra naquele já longínquo anos 1960. 

Por várias vezes conversei com ele, nos hotéis em Campos dos Goytacazes, vésperas de jogos contra Americano e Goytacaz, e antes durante e depois dos jogos, naquele tempo o repóter de rádio ou jornal tinha acesso aos vestiários e liberdade para entrevistas, naqueles gloriosos anos do rádio não havia assessores de imprensa impedindo o papo legal para o ouvinte, que com o radinho colado no ouvido esperava a conversa com seus ídolos. 

E foi justamente neste áureo período que este fato aconteceu, entre mim e o treinador Mário Jorge Lobo Zagalo, então no Bangu, no ano de 1988, em um jogo contra o Goytacaz, aqui bem pertinho de onde moro hoje, no Estádio Ary de Oliveira e Souza, na famosa Rua do Gás.

Preliminar de juniores rolando ainda no primeiro tempo e Zagalo sobe as escadas do vestiário, onde, felizmente eu estava a espera da liberação da escalação do Bangu AC, e me vê e me cumprimenta. Eu, de microfone na mão, chamo Luiz Paulo Ribeiro, que narrava a partida preliminar, e pergunto ao treinador:

- Como um vitorioso treinador da seleção do Brasil e por onde passou vê neste momento a garotada jogando, parece que você está na sua janela assistindo as peladas lá na Tijuca?

Ele se assustou e deu uma tremenda gargalhada. Conversamos por quase quinze minutos e ele, educadamente pediu. - Tenho que descer, a preleção começa daqui a pouco, logo mais conversaremos mais. 

E, onze anos depois, no Shopping Morumbi, estava com o José Maria de Aquino e no corredor encontramos com ele, Zagallo, e sua esposa, Alcina, e a surpresa legal veio: - Alcina, este é o rapaz que eu te falei que jogou pelada lá na nossa rua. 

Incrível Mário Jorge Lobo Zagallo, o mais laureado treinador brasileiro e um cara simples, humilde e vencedor. E, para fechar, a ficha do jogo no Arisão, em 03 de abril de 1988.

GOYTACAZ O X BANGU 1

Local: Ari de Oliveira e Souza (Campos);

Juiz: Rubenson Reis Lo­pes;

Renda: Cz$ 320 100;

Público: 1 499;

Gol: Arturzinho 39 do 1.º;

Cartão amarelo: Bel

GOYTACAZ: Jorge Luís. Zé Paulo. Amaral. Paulo Ramos e Valtair: Haroldo, João Cláudio e Amarildo; Bel, Paulinho (Edinho) e Edvaldo. Técni­co: Antônio Leone

BANGU: Gilmar. Marcelo, Márcio Rossini, Oliveira e Racinha; Israel,

Toby e Arturzinho (Ésio); Gilson, Nando e Macula. Técnico: Zagalo

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