Segunda-feira de confinamento e dor pela perda de amigos

Hoje foi um dia difícil, pelo menos até agora, complicado de não soltar as lágrimas ou lembrar de duas pessoas, que fizeram parte de minha pré-juventude, nos belos anos 60, que nos deixaram nesta segunda-feira, 16 de março de 2020.

Logo após o almoço, quando me sentei na sala, minha "cela" dos dias de quarentena do Corona Vírus, dou uma olhada no zapp enquanto aguardo o início do primeiro filme da tarde. Já escolhido, optei pela bela fita italiana, Cinema Paradiso, que me levou de volta ao Cinema Sete, lá na terrinha, e  ler a mensagem do amigo Nelson Barros, meu diretor preferido, avisando.

-  Faleceu o miracemense JairinhoTostes, o filho do ex-prefeito Jairo Tostes. Morreu dormindo. Disse o Nelsinho em mensagem curta e simples. 

Mensagem curta mas nada simples, digo eu. Jairinho foi um bom amigo, bons tempos em que podíamos sair pelas noites lá na minha Miracema, conversar no jardim e ele, meio desengonçado, sempre me pedindo para o ensinar a dançar, ele casou, eu casei e mudei, e nossos papos ficaram escassos e ele, após se tornar o "filho do Prefeito" pouco tempo teve para prosas legais nos bancos do jardim. 

Nem sei se ele aprendeu a dançar, mas confesso hoje que jamais o ensinei pois ele só queria reclamar que não sabia bailar como eu e era o sonho dele deslizar pelo salão do Grêmio. "Mas cadê coragem, Adilson?" Sempre dizia isto para não ter que ir bailar no salão. Creio que pelo menos uma vez, em um baile das debutantes, eu o vi dançando a "valsa dos namorados", tenho quase certeza. 

Mas tudo bem, o filme foi ótimo, Cinema Paradiso me levou as lágrimas realmente e fiquei deverasmente triste com a fita e com a notícia ruim vinda lá da terrinha. 

E antes mesmo do filme terminar, é loga a película, 155 minutos de duração, no intervalo para um café com bolo olho novamente o celular e lá está mais uma mensagem do Nelson Barros. - Morre o ex-deputado paduano e médico, Elias Camilo Jorge. 

Outra mensagem curta e dramática, este falecimento me deixou mais triste apesar de saber que Dr Elias era bem mais velho do que o amigo Jairinho, mas são duas pessoas que eu gostava muito. Dr Elias foi meu professor, em Pirapetinga, e por lá eu o vigiava da sala olhando para onde jogaria a binga de cigarro, ele curtia um LS com filtro, e como tirava apenas dois ou três tragos e jogava fora, eu só botava o olho onde caia e, no final da aula ia lá e escondia para pitar na rua, quando fosse liberado. 

Eu era interno lá no Colégio Pirapetinga e por isto conhecia cada centímetro do pátio e sabia onde caia a binga e onde o esconder. Certo dia, em uma reunião do Rotary Clube, do qual fazíamos parte, contei a ele este fato e ele caiu na gargalhada e dizia, não sei se era verdade, que sabia que os "moleques" pegavam suas bingas e por isto tirava apenas um ou dois tragos. 

Rimos bastante e foi a última vez que com ele conversei, a penúltima não foi muito agradável, ele foi a minha casa, com o tio de Marina, Didi Azeveo, para me pedir voto para deputado e eu, na cara de pau, disse que não votaria nele porque tinha compromisso com outro e ele não gostou e saiu batendo a porta. 

Mas tudo bem, não fiquei ressentido com o doutor e continuei o admirando e torcendo para que ele fosse eleito e fizesse um bom trabalho para a região noroeste do estado. 

Enfim, minha quarentena irá continuar, não saio de casa desde sexta-feira e estou confinado no meu quarto e minha sala, tenho problemas de saúde e não posso brincar com o tal Corona Vírus ou Covid19 e deixo aqui, nestas palavras tristes e saudosas, o meu pesar pelo falecimento de Jairo Tostes, filho, e Elias Camilo Jorge. 

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