FUTEBOL PRAGMÁTICO E ROBOTIZADO

Uma Copa com um futebol burocrático e as vezes até com um pouco de tática. Assim estou observando estas dezoito jogos iniciais do Mundial 2010. Muito preso, time recuando em excesso para fugir de uma possível derrota e uma marcação muito forte no meio campo ou no nascedouro das jogadas.

Veja o caso do Brasil, pelo menos foi assim no jogo contra a Coreia do Norte, lento na saída de bola e isto dá tempo para que todos os jogadores adversários voltem e esperem o que irá acontecer. Foi assim também na partida Espanha x Suíça, uma forte marcação, toques laterais e previsão nos passes e lançamentos, que eram cortados antecipadamente ou marcados na antevisão dos defensores.

Ninguém quer perder a posse de bola, espanto quando vejo um time com 60 ou 70% de falso domínio e sem nenhuma objetividade. É o chamado futebol de dois toques e Tostão, em sua análise, diz que agora entende o motivo de tantos treinos deste tipo são realizados pelas 32 equipes que estão na África do Sul.

Fábregas, um dos grandes nomes do Arsenal, dono de um privilegiado toque de bola vertical, ou seja, em direção ao gol, foi preterido na Seleção da Espanha pelo treinador Vicente Del Bosque, que optou por Xabi Alonso, um volante, que como Gilberto Silva, do Brasil, demora demais para fazer o domínio e depois toca lateralmente.

Algumas seleções estão mal escaladas, conversava sobre isto com o ex-treinador Carlos Barreto, após o jogo da Argentina. Fernando Torres, atacante de ofício, daquele que sabe usar a força aliada a técnica, é bom de cabeça e com os pés, está no banco de reservas da Espanha, que joga com dois baixinhos tocadores de bola, os dois Davis, o Silva e o Villa, e Xavi, meia ofensivo no Barcelona, jogando recuado.

Observem vocês, amigos blogueiros, que a Alemanha tem um conjunto mais forte, esperem o jogo contra a Sérvia e veja que irão jogar tal qual enfrentaram a frágil Austrália. O Low, treinador germânico, montou um meio campo forte na marcação, como todas outras, mas com dois jogadores que tem bom passe e poder de penetração e finalização, Podolski e Özil.

Mesmo assim, a Espanha, como o Brasil, continua forte candidata ao título. Aumentaram as chances de as duas seleções se enfrentarem nas oitavas de final.
Nenhuma seleção marca por pressão. O Brasil não tomou uma bola no campo da Coreia do Norte. Seria fácil fazer isso, já que os norte-coreanos não têm habilidade para sair de uma marcação.

As vezes eu me pego discutindo com os comentaristas dos canais Sportv e Espn, por onde estou revezando durante a Copa. O Paulo Vinicius vê o jogo analisando os esquemas táticos de outras copas e atualizando sua prancheta para os sistemas de hoje. O Lédio Carmona vê mais a montagem do que a transição dos esquemas escolhidos, aquelas variações do 4-3-3 para um outro mais moderno, o 4-3-2-1, é vista com bons olhos pelo comentarista do Sportv.

Não sei se eles estão com a vibração mais em alta por estarem no país do Mundial, ou se eu, com apenas a visão da televisão de minha sala, fico mais exigente e queria um pouco mais. Sei que está precisando de mudanças radicais e urgentes, a Fifa, segundo Tostão, mudou a regra a partir da Copa de 94, quando vitória passou a valer três pontos, e nos próximos meses terá que fazer alguma coisa para dar uma nova mentalidade ao futebol. Do jeito que está vai cair no excesso de táticas e invencionices dos treinadores, e isto faz sumir o bom futebol de nossos craques.

Hoje José Mourinho brilha mais do que Lionel Messi, Felipão vale mais do que Kaká assim os treinadores estão virando pragmáticos e nossos craques verdadeiros robôs.

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