É hoje o dia da alegria

Texto do Glorioso alvinegro Manoel Júnior 

Uma data marcante na cultura popular brasileira, e que atrai turistas do mundo inteiro, é o Carnaval. As Escolas de Samba apresentam seus desfiles com enredos criativos e que sempre nos remetem a um momento da história humana. Estas histórias são contadas através de sambas-enredos escolhidos palas agremiações.

Quando caem no gosto popular, se transformam em ícones dos carnavais subsequentes, cantados nos bailes e blocos que animam a festa pagã.Gostaria de fazer referência a um samba-enredo específico, pedindo licença aos compositores Didi e Mestrinho, e que teve sua origem de inspiração em uma outra realidade, um pouco distante do próprio carnaval.

É claro que se trata de uma licença poética. O samba-enredo “É hoje” contou o enredo da Escola de Samba União da Ilha do Governador no ano de 1982, e se eternizou por sua letra adaptável a inúmeras realidades da sociedade. Quem não repetiu os versos “É hoje o dia da alegria. E a tristeza nem pode pensar em chegar”? Mas que alegria é essa? De onde veio a inspiração?

Desculpem o atrevimento deste autor, mas sem dúvida os compositores estavam profetizando o que aconteceria 42 anos depois: o Botafogo escreveria na sua história a conquista do título da Copa Libertadores da América. Analisando a letra da música fica evidente que o “maior show da Terra” é uma alusão clara ao desempenho do Glorioso.Como tem coisas que só acontecem ao Botafogo, inclusive as superstições criadas por seus torcedores que ultrapassam todo e qualquer bom senso de racionalidade, a espera até o apito final para comemorar o resultado de uma partida é condição essencial: “Levei o meu samba (time) pra mãe de santo rezar.

Contra o mau-olhado, carrego o meu patuá”. Não foi diferente com a conquista do título continental em 2024. “Será que eu serei o dono desta festa?”. Sim, somos os donos desta festa! Um rei, no caso uma estrela, “No meio de uma gente tão modesta”, pois “hoje é dia do riso chorar”. Na “luta do rochedo com o mar”, a persistência e, sobretudo, a resiliência, fez a multidão de alvinegros gritar: “É hoje o dia da alegria. E a tristeza nem pode pensar em chegar”!“Diga espelho meu / Se há na avenida alguém mais feliz que eu”.

Repetirei estes versos, repetiremos estes versos para sempre. Pois quando o samba-enredo, ou a trajetória construída por um time de futebol caem nas graças de seus torcedores, ficam eternizados por esta e por todas as gerações futuras. Obrigado ao Botafogo, obrigado à Estrela Solitária, obrigado aos torcedores que sofrem juntos à espera de uma conquista que compensará tudo, na busca da Glória Eterna!