Papo Retrô - Revivendo as velhas colunas

Publicada em O Diário em 14/06/2009

A debandada dos Urubus 

Estava em Miracema, e, a convite do meu amigo Hudson, fui até o Bar Tio Nilo's, ali pertinho da Casa de Saúde, ver um jogo do Flamengo contra o Brasiliense na tevê, lá tem o canal a cabo que passa os jogos do Brasileiro e por suas mesas ficam personagens e personalidades interessantes da nossa “santa terrinha”. 

Em um canto, desligados de tudo, alguns fanáticos pelo jogo do buraco sequer se levantam para uma olhadela na telinha; em outro canto, cervejeiros inveterados tentam, na ida ao banheiro, dar uma pincelada no jogo e aproveitam para saber como anda o futebol.

No grande salão, a sala de visitas do bar, é que se reúnem vascaínos e flamenguistas para o grande duelo. – Ué, você disse que foi ao bar para ver um jogo do Flamengo contra aquele time de Brasília? Tenta me corrigir meu amigo Motta, mais um rubro-negro frustrado com o atual momento de seu time. Sim, caro Motta, fui ver este jogo, mas onde já se viu uma partida do Flamengo sem vascaínos para secar –ou vice versa- a velha urubuzada? – Tem sentido. Continue.

Então tá. Eu dizia que no salão central se reuniam personagens e personalidades da “santa terrinha”, e ali estavam eles. Fernando Nascimento, professor, advogado e um compositor de alto nível; José Carlos Cabreira, empresário e atual vice-prefeito de Miracema, Fábio Menezes, médico conceituado na cidade. Estas são as personalidades, que ao lado do Hudson fazem parte do meu cotidiano na minha cidade e são amigos do peito e rubro-negros de coração.

Os personagens estão ali, escondidos em qualquer canto. Pode ser o José, o Antonio, o Manoel, o Bituca ou o Paulinho. Todos, ali, na expectativa de ver a bola rolar e ver iniciado mais um sonho de vitória do Flamengo, que naquela oportunidade já estava há quatro jogos sem vencer no Brasileiro. 

O Hudson pede mais uma gelada, estava ao lado do filho Douglas, médico recém formado e velho sofredor como o pai. Eu peço um guaraná, a emoção não permite álcool com medo de mais um piripaque na saúde. A bola roda de mansinho e os torcedores, pouco a pouco, vão se exaltando com o baixo nível do futebol apresentado pelas duas equipes.

No canto esquerdo do salão, onde se reúnem os vascaínos, a torcida por Vampeta, Marcelinho e Iranildo aumenta a cada ataque perigoso do time do Distrito Federal, que marca primeiro e deixa pelo menos uns três flamenguistas nocauteados. O primeiro diz que a mulher o chamou, pelo celular, e vai embora aborrecido. O segundo alega que tem compromisso na igreja e foge. O terceiro sai sem dar explicações. A esta altura, o Dr. Fábio já estava esperando vez na mesa de buraco.

O Flamengo empata e aquele que saiu sem explicações retorna, puxa a cadeira e pede uma cerveja. – Agora vai, Nilo. Bota uma aqui que vamos virar o jogo. Diz Bituca animado com o gol de Obina, mas não demorou nem mesmo dez minutos e a cerveja ficou ali, esquentando, e ele, dizendo que ia ao banheiro tirou seu time de campo. Ficamos eu, Fernando, Cabreira e Hudson, o Dr.Douglas também não resistiu ao baque do segundo gol e dizendo que um cliente o chamava, pelo celular, foi-se embora.

Era pegar ou largar. O coração já não batia no tempo certo, a pressão, como sempre, descontrolou e subiu aloucadamente, ainda tive a coragem de ficar por mais algum tempo sofrendo a frente do televisor, porém, quando o Fernando Nascimento, naquela de que tinha compromisso, deixou o salão, não resisti. Paguei a conta, dois pastéis e um guaraná, e fui prá casa da mana Eliane ver o que passava nos canais que não falam de futebol ou de Flamengo.

No final do jogo, me conta o Amaury: Dutra, não ficou um urubu no salão, foi uma debandada total. É, meu caro flamenguista, a sina continua e a coisa tá feia, lá, pelas bandas da Gávea.

Nota de hoje - Este gol do Brasiliense foi de Mauro, meu amigo e vizinho do Ap 304 no Condomínio Itaparica e a camisa está comigo.

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