Uma pelada que faz jus ao nome

Domingo pela manhã, no Estádio Irmãos Moreira, em Miracema, que na intimidade é chamado de Campo do América, cerca de 40 amigos se reúnem para a pelada semanal a partir das sete da manhã.

Até aí tudo bem, é rotina em cidades do interior ou nas grandes cidades deste país, onde o futebol é religião e os campinhos são os tempos onde se juntam os "deuses" da bola para um "racha" ou uma exibição, como diz o Laélson, nosso diretor do Dois Estados, craque nas horas vagas ou aos domingos.

Antes de entrar no mérito da postagem, que tem o objetivo de mostrar o que fazem quarenta ou mais veteranos, segundo os organizadores a principal característica para o cidadão ser aceito no meio é ter mais do que quarenta e cinco anos e não estar atuando profissionalmente em qualquer time do Brasil, digo isto porque um peladeiro gaiato falou que se a turma que estava no Botafogo e foi dispensada recentemente, poderia reivindicar um lugar entre eles.

Você conhece o Campo do América? Não? Então eu te dou uma dica, nem mesmo nos bons gempos do Tupã ou da Associação, que ali mandavam seus jogos e treinavam semanalamente, a turma de jovens jogadores aguentava correr naquela imensidão de gramado, segundo o inesquecível e saudoso Alcir Fernandes de Oliveira, o Maninho, o gramado mede 130 x 75, há controvérsias, uns dizem que á maior outros dizem que é menor.

E é por aí que entra o inusitado da pelada dos quarentões, cinquentões e sessentões reunidos aos domingos, no famoso campo da Av Nilo Peçanha, em Miracema, são quarenta ou mais peladeiros inscritos e, como me diz o dentista Celestino Tostes, o Tininho:

 - Quem chega joga independentemente de quantidade, você conhece o gramado de lá e sabe que vinte para cada lado, com a turma beirando os sessenta, ou como eu, afirma, já passaram dos sessenta faz um tempão, e tem dia que tem dezoito, no mínimo para cada lado, conta o craque dos anos sessenta Celestino Tostes.

Perguntei se havia algum craque do nosso tempo, eu e Tininho jogamos juntos no Vasquinho, no Esportivo e na Associação, e a resposta veio rápida:  - Acho que não, você deve conhecer o Onofrão, zagueiro do nosso tempo, e deve ter ouvido falar do Elias, que conta que já jogou futebol e mostra um pouco de qualidade, e o seu diretor Laelson Barros, que antes era um velocista e hoje corre pouco mas ainda dá conta do recado, arremata o meia.

Fui conversando e fiquei sabendo de alguns detalhes interessantes sobre a pelada, que tem goleiro fixo, um deles o meu amigo Alan Patrick, que precisa levar o tio Roney da Kiskina para uma exibição por lá, tem árbritragem e até comissão disciplinar, os caras, após a pelada, se reúnem na porta do estádio e decidem a punição que o infrator deve levar por cometer falta considerada grave.
No final do papo Celestino me disse:

- Para encerrar, você precisa ver o Juquinha do Matadouro fazer gols, continua o mesmo, reclama de tudo mas quando a bola chega ele resolve sempre, mas se deixar dominar...

Esta é realmente uma pelada que faz jus ao nome, uma autêntica pelada.

Comentários

  1. Legião da boa vontade! Sim, boa vontade pra tudo, recordar o passado, manter a amizade, tomar uma geladinha ao final de cada pelada depois de muito falatório e discussão durante os noventa minutos, muita alegria por ainda poder correr um pouquinho, mesmo que seja só um pouquinho. Essa turma é digna de elogios, anos e anos juntos. Destaco o grande craque celestino, era difícil de ser marcado, me deu muito trabalho.
    Valeu Dutra, você está de parabéns por trazer a tona essa tradicional pelada de Miracema.
    Abrs

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  2. Eu vou lá no domingo, pela manhã, meu caro Categoria, vou bater umas fotos para fazer uma matéria para o jornal Dois Estados. Estes caras merecem mesmo todo elogio.

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