O meu primeiro Goyta x Cano



Me lembro do primeiro clássico campista que vi, em 1983, convidado que fui pela Campos Difusora, através do Aluísio Parente, para participar da transmissão do jogo e começar a me enturmar com os novos companheiros da emissora, para a qual vim, em definitivo, dois anos depois.

O Goytacaz estava voltando para a Primeira Divisão, foi campeão da segundona em 82 e muito motivado pelos bons resultados obtidos contra os grandes da capital, vencera a dupla Flamengo e Fluminense, as duas pelo mesmo placar (2x1) e empatara com Vasco e Botafogo, e, pensava o torcedor, encarar o grande rival naquele momento era a cereja do bolo.

Não vim ao jogo do primeiro turno, empate em 2x2, realizado no Godofredo Cruz, mas para este, do segundo turno, cheguei à Campos na véspera do clássico do Arisão e pude perceber o quanto era grande a rivalidade entre Goytacaz e Americano.

Jamais pensei que houvesse verdade nas histórias contadas por José Nunes da Fonseca e Pessanha Filho nos bastidores da Difusora, achava aquilo um exagero dos companheiros, ávidos por divulgar a partida mais esperada pelos campistas.

Petróleo estava em ótima fase e era o ídolo alvianil e do lado alvinegro estava Totonho, criado e formado na Rua do Gás e jogava talvez o seu primeiro clássico contra o seu ex-clube. 

Entrevistei os dois treinadores para os programas da Difusora, Joel Martins, do Goytacaz, dizia que o time estava pronto e motivado para continuar a série invicta, Luis Alberto, preocupado, não falou muito e estava pensando em reforçar o meio campo.

Fui para o Arisão cedo, desci do Hotel Flávio, onde me hospedei, até ao Arisão, local do jogo, a pé e conversando com torcedores, que não me conheciam e falavam abertamente sobre o que pensavam do clássico e ao chegar ao estádio me assustei, não havia controle das torcidas e todos entravam e sentavam onde queriam e do jeito que podiam.

Anotando tudo para falar na transmissão fiquei atento aos torcedores e a chegada das equipes aos vestiários. Americano escalado, ainda tenho as anotações, com Zé Carlos, Totonho, Ronaldo, Oliveira e César, uma defesa para ninguém botar defeito, Índio, Zé Roberto e Antonio Carlos, Amarildo, Maciel e Sérgio Pedro, que entraria em campo vestindo a famosa camisa alvinegra.

Joel Martins também informava o time titular, que iria para campo com Jorge Luiz Cebolinha, Ditinho, Gaúcho Lima, Adriano e Valtair, Cléber, Cláudio Neves e Cláudio José, Marcos André, Petróleo e César.

Me lembro bem do papo que tive com Cláudio José antes do jogo, ele nasceu lá no Noroeste, São José de Ubá, ou seria São João do Paraíso? Ele me disse: Preste atenção no Petróleo, ele vai decidir o jogo. E foi isto que aconteceu, Petróleo abriu o placar, no primeiro tempo, e Luiz Muller, que entrara na vaga de Marcos André, matou o jogo já nos minutos finais.

Goytacaz 2 x Americano 0 o primeiro clássico campista deste locutor que vos fala e que foi assistido por mim e por mais de sete mil pagantes nas arquibancadas do Estádio Ari de Oliveira e Souza, e foi apitado pelo famoso Valquir Pimentel.

Comentários

  1. Os primeiros jogos são marcantes, a gente lembra de tudo. Por curiosidade, eu tinha mandado um relato do meu segundo jogo no Parque São Jorge para o Blog História do Futebol e peço licença para postar:
    o Corinthians tentava de tudo para vencer o Santos em jogos do
    campeonato Paulista. Resolveu seu presidente levar o jogo para o Parque São
    Jorge. O jogo aconteceu em 04 de novembro de 1962. Eu tinha quase 12 anos de
    idade. Meus pais deixavam eu ir ao Parque São Jorge porque os filhos do dono
    da padaria Record na rua Carneiro da Cunha iam comigo. Pois bem, fomos neste
    jogo.
    Pegamos o ônibus Parque São Jorge da Viação Tupi, que tinha o ponto final no
    final da rua São Jorge. Os ônibus daquela época eram menores, do tipo 28
    sentados . Se for ver, no máximo 60 passageiros. Lembro-me que ao
    chegar no ponto final o trocador/cobrador falou ao motorista: Você acredita
    que trouxemos nesta viagem 105 passageiros? Gente, ninguém desceu pelo
    caminho. Estas coisas ficam gravadas na memória tão somente porque por trás
    disso estava o grande clássico.
    O público presente no campo do Corinthians foi de 33.000 pessoas, não sei
    como. O jogo começou e eu no alambrado, vendo aqueles jogadores tão perto,
    em especial os inimigos Pelé e Coutinho, com aquele uniforme branquinho. Aos
    16 do primeiro tempo, Cássio bateu uma falta no ângulo de Gilmar, 1 x 0 para
    o Corinthians, Só que aos 21 Coutinho empatou e aos 35 do mesmo primeiro
    tempo Pelé virou para o Santos, placar final de 2 x 1 para o Santos.
    Não tinha jeito mesmo.
    Para registro, informo o ataque do Corinthians do jogo de 04/11/62:
    Bataglia, Silva, Nei e Lima. Técnico Fleitas Solich. Pelo Santos todo
    sabemos o famoso ataque e seu técnico.

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  2. Deixe passar o clássico que este texto vai ganhar um lugar especial aqui no Blog, com sua permissão, é claro. E aí... foram vinte e um anos sem vitória sobre o Santos, não é?

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  3. Não, foram 11 anos. Mas neste período aconteceram 3 vitórias do Corinthians que não foram levadas em conta. O que valeu na conta era o Rio-SãoPaulo/Robertão e Campeonato Paulista. O Tabu foi quebrado em 06 de março de 1968.

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  4. Adilson, são duas escalações que certamente fazem parte da história de ambas as equipes. Vemos no Americano o saudoso goleiro Zé Carlos, o atual preparador físico Ronaldo Torres, o zagueiro Oliveira, aqui de Itaperuna, e os velozes Amarildo e Sérgio Pedro. Vi esse time jogar um amistoso contra o Paduano, aqui em Pádua, em um domingo de exposição agropecuária, em 1983 ou 84. O Goyta com Ditinho, que fora emprestado pelo Palmeiras, Gaúcho Lima, que também jogou no Botafogo, o lateral Valtair, que de tão forte me faz lembrar do saudoso lateral Luís Carlos, que defendeu o Bandeirantes, aqui de Miracema, o Cléber que posteriormente foi jogar de zagueiro, também no Americano, o Cláudio José, que hoje reside em São José de Ubá, e finalmente o Petróleo, que depois de uma passagem apagada pelo Botafogo, sumiu. Estou correto em minhas avaliações?

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  5. Perfeito, matou atá minha dúvida sobre o Cláudio José. Você é uma memória viva do futebol brasileiro. Curto seus pitacos e conversar contigo. Aguarde maio para nova prosa em qualquer canto da cidade, ou final de abril. Abraço Tadeu.

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  6. Adilson, como eu não tenho memória privilegiada como as de vocês, pergunto: esse jogo mencionado pelo Tadeu, nós transmitimos pela rádio Feliz de Pádua e a Campos Difusora estava em cadeia (como se dizia antigamente) conosco?

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  7. Perfeito, a Campos Difusora não conseguiu falar do Waldo Caneiro Xavier e pegou carona conosco.

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