Papo de Bola - Como nos velhos tempos de Goyta x Cano

Não vi os craques que formaram esta grande rivalidade, comecei a acompanhar o grande clássico campista, Goytacaz x Americano, a partir de 1979, quando aqui cheguei, trazido por Andral Tavares, rotariano como eu, para sua Campos Difusora, afim de fazer testes nas latinhas da mais poderosa emissora do interior fluminense naquela década. 

O primeiro clássico vi como expectador, ao lado do conterrâneo e já famoso, em Campos, o médico Maron El-Kik, torcedor confesso do alvianil que me levou para as cadeiras e exigiu que eu torcesse para o Goytacaz FC, que teve uma atuação soberba e bateu o grande rival, Americano, por 3x1 em tarde que conheci o futebol de Wilson Bispo e a vitalidade e a habilidade de Vanderley Palhinha. 

Depois, já vestindo a camisa da Difusora, vi outros grande jogos, vi a queda do Goytacaz, em um clássico disputado no Godofredo Cruz, em dia que meu filho, Ralph, foi mascote do Goyta, vi vitórias de ambos os lados, confusões históricas, como aquela do Brasileiro/Série C, quando Luis Antonio Silva Santos, o Índio, detonou o alvianil na maior cara de pau. 

Fiz dupla com os fantásticos repórteres da Difusora, Pessanha Filho e Barbosa Lemos, aprendi muito com Walace Oliveira e Paulo Lacerda, este tentou de todas as formas me transformar em alvinegro, como Luis Augusto Barcelos, róseo negro confesso, tentou um dia me tornar um torcedor do Rio Branco e, em poucas mas grandes jornadas, adentrei ao gramado, com a camisa da Rádio Continental, ao lado do intrépido Fernando Antônio, ícone maior da cobertura clubística da cidade de Campos. 

Ouvi gritos de gols dos extraordinários Aloysio Parente, Josélio Rocha e Sérgio Tinoco, para quem fiz "pontas" atrás dos gols de Goytacaz e Americano e elevei por diversas vezes o microfone das emissoras em que trabalhei para que as torcidas alvinegras e alvianis tivessem voz ecoada pelos quatro cantos da cidade. 

Na nossa Rádio Cidade, onde formamos uma das mais completas equipes esportivas do interior do estado, promovemos debates, falamos ao vivo dos Hotéis Planície e Pálace, onde, já na véspera, Americano e Goytacaz se concentravam e, nos salões, também a concentração de repórteres e por ali Carlos Augusto Cruz, o Gugu, de um lado, e Fernando Antônio, do outro, se revezavam em entrevistas inteligentes e cheia de surpresas para o torcedor/ouvinte. 

Não vou falar em jogadores, posso esquecer alguém, mas neste duelo minha Miracema foi bem representada nas décadas de 70 e 80 quando os zagueiros, ambos nascidos e criados no Campo do América, na Terrinha, Orlando Fumaça e Célio Silva, também escreveram o nome na história do Goyta x Cano atuando com as duas camisas. 

Hoje não teremos os vinte e cinco mil torcedores que sempre lotaram o Godofredo Cruz e o Ari de Oliveira e Souza, apenas dois mil e poucos privilegiados estarão na Rua do Gás para ver o clássico que definirá o finalista da Taça Santos Dumont, que infelizmente registra a decadência do futebol de Campos, ou seja, vale pela Segunda Divisão do Rio e estes clássicos citados acima eram acirrados e disputados porque valiam pontos para o Campeonato da Primeira Divisão do Rio. 

Que vença o melhor e que seja em paz, como foram 90 por centos dos grandes jogos entre estas duas forças do interior fluminense e que um dia possamos dizer novamente que Goyta x Cano é um dos três maiores clássicos do interior brasileiro. 

Comentários

  1. Mais uma vez um texto show de bola relembrando esses tempos que são inesquecíveis. Quem tem história conta. Bateu saudade! Vou compartilhar.

    ResponderExcluir
  2. "Em festa de Jacu (rico) Inhambu (pobre) não entra". Cismaram de disputar com Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense se deram mal. Pobre metido a besta dá com os burros n'água, caso de Americano e Goytacaz.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fla quebra rotina

Carioca 2023 -

Eis a minha seleção