Gol de barriga, um tiro pela culatra

O famoso gol de barriga, de Renato Gaúcho, tem uma história interessante, acontecida em minha sala, na Rua Pereira Nunes, em Campos, onde recebi alguns amigos do meu filho mais velho, Ralph, para ver a decisão daquele estadual de 1995.

A sala estava cheia, eu era um dos únicos a ter a Globosat na época ali na região e a turma se reunia em minha casa aos domingos e quartas-feiras para ver futebol na televisão e por pouco eu não estaria com os rapazes, estava escalado para ir ao Maracanã mas uma forte gripe, daquelas que brotam assim, do nada, me fez ficar em casa naquele frio domingo de junho. 

O Flamengo, todos sabem da história, precisava de um simples empate e levou 2x0 ainda no primeiro tempo e a sala estava em silêncio e só o garoto tricolor, aquele que estava no chão, ruinha as unhas e dizia: "Nunca vi meu time campeão, a última vez eu era muito criança e nem me lembro", claro, o Fluminense estava há nove anos na fila. 

E o garoto um tricolor, sentado no chão, longe dos amigos, que por diversas vezes ameaçou sair da sala e abandonar seu time após levar o empate, gols de Romário e Fabinho, antes dos 35 do segundo tempo, que daria o título ao Flamengo, e eu, sabidamente, certo de que meu filho e sua galera, iria sacanear o garoto, avisei: Calma, o jogo só acaba quando termina e tem muito jogo pela frente, o Fluminense pode virar porque o Flamengo está dando espaço. 

Hoje, passados vinte anos do acontecimento, confesso que falei aquela frase não para mostrar meu conhecimento e, como disse no parágrafo acima, apenas para gozar o garoto tricolor, que queria sair da sala e abandonar o barco, como fizera um outro, filho de um grande amigo meu, também tricolor, que deixou as cadeiras do Maracanã faltando alguns minutos e quando chegou à casa ficou sabendo que o Fluminense vencera com aquele gol de Renato Gaúcho e ficou possesso da vida com ele mesmo.

Fim de jogo, a rua Pereira Nunes ficou muda, nunca vi tanto flamenguista em uma rua apenas, parece que aquele reduto só tinha rubro-negro e não vi festa e sim silêncio profundo e apenas um grito, do tal garoto que saía lá de casa comemorando solitariamente e que até hoje me respeita como um grande torcedor, isento, e um grande analista do futebol. 

Até hoje ele, quando encontra com o Ralph, diz: "Cara, seu pai sabe tudo e mais dez por cento deste negócio de futebol, este eu respeito". O tiro saiu pela culatra. 

Comentários

  1. Pra que lembrar desse gol ridículo? Tanta coisa melhor e mais agradável pra se comentar....... passo.

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