As regras de uma boa pelada (de futebol, claro)

Recebi esta postagem, via Facebook, e resolvi fazer um comentário sobre o tema, já que na rua, no Rink, no Morrumbi, no Ginásio ou em qualquer lugar onde uma bola de borracha, de meia ou capotão corresse era preciso botar algumas regras e estas eram as principais, certo? 

(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times. Felizmente eu já fui um punhado de vezes o "capitão" do par ou ímpar, claro que quando as verdadeiras feras chegavam atrasados, como o Genuíno, por exemplo, para escolher em que time jogar. 

(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação. olha, de verdade, nunca fiquei por último, as vezes, dependendo da turma, era o primeirão e por outras vezes ficava ali no terceiro ou quarto da vez. 

(3) Um time joga sem camisa. Esta regra quase nunca foi cumprida nas nossas peladas do Ginásio, no Rink ainda valia, mas lá no campinho preferido? Muito raro acontecer. 

(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de agarrar.
(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um agarra até sofrer um gol. Eu, que era metido a goleiro, de vez em quanto recebia a missão de "segurar" as pontas enquanto o Lucho não chegava. 

(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar a cobrança.  Esta regra nunca foi usada, quem estava no gol ficava direto até o final. 

(7) Os piores de cada lado ficam na zaga. E os maiores butinudos da pelada, como os pequeninos sofriam eles rasgavam as canelas da gente. 

(8) O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador. Isto valei nas peladas de rua, ali na nossa José da Silva Bastos, no morro entre a Prefeitura e o Posto do Inácio, eu sempre era o dono da bola ou então quando a dita cuja caia no meu quintal e os grandalhões não tinham me dado lugar, meu avô dizia: "bota o Adilson na brincadeira ou então não devolvo a bola". Boa Seu Vicente.


(9) Não tem juiz. Nunca teve e isto só é fator complicador. 

(10) As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta. Nesta arte eu erra terrível, sabia como poucos fazer o "cinema" e até me chamavam de mascarado ou cai cai.

(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio"). Sem comentários. 

(12) Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais. Nosso protetor, da turma da rua, era o Seu Scilio, o farmacêutico mor de Miracema. Quem tinha problemas corria logo na farmácia dele ali na esquina da Prefeitura. 

(13) Quem chuta a bola pra longe tem que buscar. Amigos, esta era terrível. As vezes o cara deixava de chutar para não descer o morro ou então ir buscar a bola no quintal do Seu Vanor Monteiro, ali próximo ao ginásio. 

(14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa. Aí era na base do "mais forte melhor", o Ló nesta não perdia uma dividida. 

(15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa. Mamaca Linhares é quem comandava o fim das peladas do ginásio, sempre dava um chutão e gritava. Acabou.....

(16) Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha". Esta também não pegou muito, quem ganhava de 15 x 0 ou de 1x0 era sempre o vencedor.

Lembrou tua infância , então você foi uma criança normal ...

Comentários

  1. la pelas bandas da Tijuca ainda tinhamos " estourada eh da defesa e bola.no alto nao sai".

    ResponderExcluir
  2. Relembrei a minha infância nas peladas do Rink, Miracemense, no mangueirão (hoje instalado o Hotel Varandas) e no campo e nas quadras do Estadual, quando nos deixavam brincar. A molecada de hoje não sabe o que é isso. Estão ocupados com outras coisas e não terão o que contar daqui há cinquenta anos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fla quebra rotina

Carioca 2023 -

Eis a minha seleção