Sollon jogou a toalha: "Sou São Cristóvão, de novo"

Quando o grande amigo do Zebinho Dutra, que eu carinhosamente chamo de Velho Sollon, liga e se identifica como Ermenegildo, tenho certeza de que o humor do homem está abaixo do normal e pronto para broncas e esculhambações.

- Dutra, você está bem? Conseguiu dormir na noite passada? Recuperou-se do trauma de ver seu time se arrastar em campo? Acredite, eu ainda estou em êxtase e já vestido com a velha e surrada camisa branquinha, presente do Fio Maravilha nos dourados anos 70, vestida justamente no dia em que ele, Fio, fez um dos gols da vitória do São Cristóvão sobre o Flamengo, em pleno Maracanã.

Nem deu tempo para perguntar o motivo, ele mesmo, com a voz rouca e nervosa, já foi emendando. 
- Estou entrando em greve, torcer pelo Flamengo só quando este bando de incompetentes, não os dirigentes e sim os jogadores, forem demitidos, por justa causa, e o Mano Menezes resolver perder com os garotos da base.

Eu concordei, fui ao armário e dei uma olhada na minha coleção de camisas para ver qual seria a principal a ser usada daqui pra frente, aceitando a sugestão do veterano jornalista. Olhei... pensei... escolhi e vesti uma novinha em folha do Bayern Munique, presente da filha Gisele quando andou lá pela Alemanha, e definir: De hoje em diante, como no ano passado, vou torcer por um time do Guardiola e esquecer as dores provocadas ao assistir as peladas do CR do Flamengo.

O velho Sollon perguntou se tenho notícias de Dona Bilu, a quase centenária tijucana, torcedora do Botafogo e que vive momentos de euforia. - Dutra, a Bilu está sumida, liguei lá na casa dela e o neto me disse que ela tinha saído para ver o treino do Fogão. Que loucura! A centenária vai ao treino feliz da vida e o octogenário aqui não vai nem mesmo pra sala para ver seu time jogar. Como diria o Batman, Santa Diferença!

Conversamos um pouco mais, até Sollon se acalmar e me prometer que não iria encher a cara de pinga, presente que eu trouxe para ele lá de Minas Gerais, e que iria apenas saborear um vinho português, daqueles que em sua adega existe de montão, e depois procurar algum jogo na televisão. Eu ofereci um cardápio para ele assistir neste domingo e de volta recebi a resposta como despedida:

- Vou ver Manchester City, gosto do jeito do seu novo treinador (o chileno Pelegrini) e depois, quem sabe, vou até a Tijuca, na casa de Bilu, para ver Botafogo lá no Paraná, via televisão, e beber mais um pouco de vinho com a minha quase centenária amiga. Bom Domingo. 

Comentários

  1. Só mesmo o futebol pode trazer um sentimento puro e apaixonado como este que acabo de ler.

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  2. Meu caro Gilberto, eu sou um para-raio, tenho meus amigos, que aliás são amigos do meu saudoso pai, que devido a evolução da comunicação não me abandonam.

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