Cine Sete e Cine XV são são saudades, vem aí o Cine Buru?

Lembranças são provocadas por fotos, bate papos e, agora, por mensagens via Facebook, Twitter ou outra rede social da Internet. Ontem, por exemplo, recebi a foto de uma maquete do futuro cinema, que será erguido em Miracema, e imediatamente me veio a memória os belos momentos vividos nos velhos e simpáticos Cine Quinze e Cine Sete, que se não me engano eram dos mesmos proprietários e exibiam fitas das mesmas distribuidora.

Salas modestas, porém modernas na época em que foram inauguradas, não havia sessão contínua e as fitas eram trocadas diariamente e nos finais de semana o Sete exibia seriados policiais em matinês que lotavam as poltronas do cinema da Rua Francisco Procópio, e por ali, para eu entrar e ver os filmes, vendia pirulito e amendoim torrado feitos pela vó Maria para poder comprar meu ingresso.
 
São lembranças incríveis, seu Miguel de Martino, gerente do Sete, era um gentleman, educado, fino no tratar a garotada, enérgico quando via um tumulto sendo criado, o Buru, com seu jeito especial de trabalhar a lanterninha, iluminava os dois salões com sua alegria e o Carlinhos Cagiano, seu parceiro de trabalho, outro que marcou tempo e deixou boas marcas e excelentes lembranças em todos nós. 

Certa vez, boa tempo nisto, exibia um filme brasileiro, Cidade Ameaçada, policial violento, que chegou por aqui com muita pompa e fama, era impróprio para menores de 14 anos e não sei como dei um jeito de entrar sem ser percebido, tinha onze ou doze anos na época, o Cine XV ainda era na Rua das Flores, mas dei um azar danado. 

O filme era violento demais e muito assustador, e eu nunca fui e não sou até hoje, fã deste tipo de filmes, e lá pelo meio da fita eu ia chamar o Buru para me tirar dali, estava escuro, e vi seu Duí (Orlando) Moura com uma lanterna e chamei: - Seu Duí, me leva lá pra fora, estou com medo. 

E o gerente deu uma sonora gargalhada e me disse: - Estou justamente procurando você, como foi que entrou aqui sem permissão? Saia justa, né mesmo? Saí na boa, todo feliz e nem precisei contar que fugi do filme com medo das cenas fortes da fita feita em São Paulo no final dos anos 50.

Mas tudo isto para voltar ao primeiro parágrafo, ou seja, na tal obra que poderá devolver a Miracema um cinema, os dois já foram demolidos, o Cine XV se transformou em uma espetacular sala de exibição e de shows, mas durou pouco tempo, como tudo em Miracema, e o Alvinho Banerj sugeriu que se chamasse Cinema Esperança, que foi contestado por mim no mesmo momento para sugerir uma justa homenagem.

Se esta nova sala for mesmo construída e inaugurada que tal dar o nome de CINE BURU? Lá no meu Facebook a sugestão foi aprovada por todos que comentaram e não houve rejeição, porém, tem sempre um porém, tenho minhas dúvidas se os responsáveis aceitarão a sugestão e quase certeza de que darão ao novo cinema um nome de político ou de um parente destes, mas pelo menos eu tentei lembrar que um dia existiram homens que ajudaram a nossa infância ser mais feliz. 

Comentários

  1. depois nao quer que eu considere o nosso RUBEM BRAGA... artigao como esse e sugestao perfeita.. pura cultura da cidade...veja o CAJUEIRO e veras que tenho razao... quem aprendeu com OSMAR BARBOSA, sabe tudo

    mundinho

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  2. Adorei, voltei no tempo !...só q o nome é Miguel de Martino, Salim é o sobrenome da Chica, mulher dele...vamos insistir no cine BURU !!!

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  3. Mundinho, mais uma vez grato pela sua leitura. Rogério, obrigado pela correção, deu um branco e confundi o sobrenome de Dona Chica com o do seu Miguelzinho, e obrigado também pela leitura. Buru é o nome que pegou entre os amantes da terrinha. Será que o Cine Buru vai sair do papel?

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