Então é Natal... O Bar do Vovô.

 Chegamos a mais um Natal, o septuagésimo primeiro vivido por mim e, claro, talvez seja o sexagésimo quinto que eu possa lembrar perfeitamente. Sim, falar que é lembrar perfeitamente é meio dúbio, não me lembro com todos os detalhes, talvez um relance de um ou de outro, mas, com toda certeza, muitos, nos meus anos de pré-adolescência e mesmo na infância final, me lembro bem e tenho muitos detalhes que podem ser narrados nos contos de Natal de minha vida. 

A certeza maior é que na nossa família, os Dutras, capitaneado pelo meu avô, Vicente Dutra de Moraes, comemorar Natal nunca foi o forte, nós comemorávamos as boas vendas da véspera e do dia consagrado ao nascimento de Jesus, nosso bar, privilegiadamente bem situado, em frente a Igreja Matriz de Santo Antônio, na Praça Ary Parreiras, em Miracema, era bem frequentado e oferecia uma variedade enorme de quitutes, "mata-fome",  e a cerveja mais gelada da cidade. 

Nós,  da família, tínhamos nossas obrigações rígidas no bar e o atendimento tinha que ser dos melhores, nosso avô era duro e sabia conduzir o seu bar com mão forte e pulso de ferro, não admitia bagunça de bêbados ou confusão no interior ou no entorno do estabelecimento e, por isto as famílias prestigiavam o lugar e era comum até servimos uma ceia de natal, por encomenda ou por improviso. Trabalhávamos duro até a madrugada e era normal cerrar as três portas por volta das quatro da manhã. 

E, já bem cedinho, vovó Maria e minha mãe já estavam com o café pronto, os salgados na vitrine e o chocolate nas garrafas térmicas a espera da turma que viria para a Missa das Nove e para as cerimônias do Dia do Natal. Era intenso o movimento e, no final da noite, uma reunião da família para comemorar o Nascimento do Homem de Nazaré. 


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