Papo de Bola - Benção meus zagueiros-zagueiros

Esta Copa da Rússia me trouxe várias recordações e uma série de motivos para eu escrever minhas colunas aqui no nosso "Papo de Bola", a do número anterior, falando da falta que fez um autêntico camisa 9 no time de Tite, me proporcionou uma série de debates, no Facebook, grande audiência no meu blog e espero que por aqui também tenha agadado aos meus leitores. 

Esta onda de "cai-cai" do Neymar também gerou discussão, meus amigos, aqueles que me viram jogar nos gramados de Miracema, me zoam dizendo que eu fui o precursor deste famoso tema do momento, segundo alguns eu era um tremendo "mascarado" e não podia ver um bico de chuteira chegando perto que me atirava ao chão como o craque da seleção brasileira. 

Quanta maldade, queria ver o camisa 10 de Tite e do PSG enfrentar os zagueirões do nosso futebol  doméstico naquele tempo de chuteira de travas de couro e pregadas com prego pontudo, de meias, camisas e calções fora do padrão de hoje, quando a gente suava ou enfrentava chuva nos treinos ou jogos o uniforme pesava cinco quilos e as chuteiras viravam um verdadeiro chumbo. 

Gostaria de ver Neymar enfrentar uma zaga como a do DER-FC, quem viveu de perto o futebol nosso de cada dia, nos anos 60, lembrará com saudade de Capela, o grande "sarrafeiro"  e de seus companheiros, que batiam da canela ao pescoço como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

Quem duvidar que pergunte ao Thiara, um dos melhores atacantes do nosso futebol, o que ele sofreu com os laterais esquerdos da cidade? Sem nomes, as vezes poderão me interpretar de fora diferente, mas era duro enfrentar estes caras e outros zagueiros violêntos e bem no estilo xerifão, abençoados pelos árbitros que também me achavam reclamão e mascarado. 

A cada queda de Neymar eu me lembrava da turma da arquibancada do Estádio Plínio Bastos de Barros gritando para eu me levantar. "Não houve nada, futebol é prá homem", e os zagueiros riam e debochavam de nós, garotos ainda do Vasquinho ou do Esportivo, que veio depois do fim do time fundado pelo Edson Barros e Clarindo Chiapin. Só que aquelas pancadas, mesmo nos deixando temerosos com outros lances, não intimidavam e a resposta era sempre mais um gol e mais jogadas em velocidade para assustar a zagueirada. 

Queria eu ser um craque como Neymar, nem me passa pela cabeça ter tido um por cento do talento do craque do PSG, mas em matéria de "apanhar" dos zagueiros e ser perseguido por eles por todo o gramado nós somos iguais e o "cai-cai", podem ter certeza, era a minha salvação e a salvação do artilheiro brasileiro.

Brincadeiras a parte, claro que tudo isto aqui é motivo para conversar com os amigos da terrinha e do blog, não há intenção alguma de me fazer famoso ou de ter comparações indevidas com o Neymar Jr, apenas quis fazer uma homenagem aos meus amigos zagueiros e defensores que até hoje convivo na boa e com muita fraternidade e outros, que já se foram para o Oriente Eterno, que são lembranças gostosas de uma convivência sadia e amigável fora das quatro linhas. 

A benção Valdir... a benção Lula... a benção Dida...  muitas saudades de vocês, a benção Athaide, que está vivinho da Silva entre nós, a benção Geraldinho, craque que ainda conta nossas aventuras vividas dentro e fora de campo lá na Rua da Laje, meu amigo querido e um dos melhores volantes que vi jogar. A benção Pernoca, suas longas pernas devem ainda perseguir, aí em cima, o Nenenzinho e o Lauro. 

A benção a todos os zagueiros craques ou estilo zagueiro-zagueiro e a todos os atacantes, que como eu, sofreram com as duras entradas destes amadores de bom coração e de futebol mais bruto do que o normal, mas que nunca deixaram marcas desagradáveis em nossos corações e em nossas lembranças. 

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