Onde estão os tamborins?

Ouvi dizer que não teremos carnaval em várias cidades do interior fluminense, Campos e Miracema estão entre estas, Pádua também, me parece, adotará o não carnaval para poupar dinheiro para pagamentos diversos, e, comparando Miracema/Campos eu direi: Que falta fará o Carnaval em Campos? Cheguei aqui em 1985 e jamais vi um carnaval decente, exceto o desorganizado desfile de Escolas de Samba e o desorientado desfile de Bois, quanto a Miracema a folia acabou desde que a música baiana, o funk carioca e o forró nordestino assumiram o controle da música brasileira.

Onde estão os blocos de rua? Não me digam que o calor é muito forte e o folião prefere ficar em casa, assistindo pela tevê os carnavais pelo Brasil, é um toque mais recente e o ocaso da nossa festa carnavalesca já se deu bem antes do grande advento da Internet e Tv a Cabo, acabou desde que as grandes figuras momescas, como Jair Polaca, Zé Faca, Claudinho e Calil deixaram este espaço terreno para viver no Oriente Eterno, estes faziam a diferença e hoje... Bem hoje a violência chegou a cidade e o rumo da prosa foi alterado.

Houve um tempo em que os amigos diziam que Guarapari e Marataízes, praias frequentadas pelos meus conterrâneos miracemenses, eram as vilãs do nosso carnaval. "A turma vai para a praia e deixa o clube vazio", diziam alguns, porém, tem sempre um porém, desde o final dos anos 90 que vejo a decadência dos salões e, coincidência ou não, foi a chegada destes tipo de músicas nos salões de todo o pais e a "baianização" dos carnavais pelo interior fluminense.

Onde se fazia o melhor carnaval do interior, chamado até de segunda força do Estado do Rio? Sim, era em Miracema, as ruas ferviam, de calor do sol e de calor humano, o povo enchia as calçadas para assistir a Sorriso da Criança, do José do Carmo, a Chacrinha, do Polaca, e a Unidos no Samba e na Cor, do Calil, além de outras, que tiveram passagens curtas mas brilhantes, com a Unidos de Todas as Cores e Paraíso do Tobias, que viveram pouco mas o suficiente para mostrar grandeza e luxo na Marechal Floriano.

Dirão os pessimistas: "Os tempos mudaram". Dirão os realistas: "Os tempos mudaram". Dirão os otimistas: "Os tempos mudaram". Realmente o tempo se encarregou de acabar, de estragar e de arruinar a grande e única festa em que Miracema era rainha e o povo feliz, o Carnaval não é o mesmo por aqui e nossa cidade não soube aproveitar o tempo de glória para se firmar como ponto turístico durante o período de Momo.

A cidade arou no tempo e não viu o tempo mudar e agora se paga com um vazio muito grande. Crédito deste declínio vai para a falta de incentivo e de criatividade de seus governantes, que deixaram o funk chegar com força e não souberam controlar o forró e os sertanejos universitários que tomaram lugar das marchinhas e do samba e se renderam a nova era.

Se vou ao Carnaval em Miracema? Mais uma vez não, aliás não vou a lugar algum, ficarei em casa assistindo aos jogos do futebol europeu e a alguns filmes especiais que a Netflix irá nos oferecer neste período.

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