Papo de Carnaval - Viajando com Dona Lili

Hoje sai mais cedo de casa, mesmo sendo Terça-Feira Gorda, o último dia de Carnaval, a moça da operadora de turismo, que me vendeu o pacote para o giro no Nordeste Brasileiro, onde vou conhecer os estados que me faltam por lá, me informou que estaria trabalhando e que poderia comparecer a agência para fecharmos o negócio. 

Fui até lá e comecei a ver fotos de monumentos, praças, rios e catedrais de todo o país e do mundo, e quando comecei a girar as páginas do caderno informativo, onde estão todos os roteiros da operadora, minha lembrança foi diretamente ligada a minha mãe, Dona Lili, e aos meus livros de história e geografia, do tempo de ginásio e primário, cujas lições eram por ela "tomada" e depois conferíamos as fotos para imaginarmos que um dia estaríamos em um destes lugares. 

Já contei por aqui, mas não custa nada repetir, que quem me inspirou a ser um viajandão foi minha mãe e, em cada passeio, em cada lugar visitado eu oro por ela e agradeço. Um dia, no Facebook, uma amiga me perguntou se eu era muito religioso, afinal em todas as minhas andanças eu visito igrejas e catedrais, a resposta foi a que estou dando aqui agora: Entro nas igrejas e catedrais para rezar por minha mãe terrena e para agradecer a Mãe do Céu pelo bom passeio que me proporciona. 

E lá vou eu andando de novo, desta vez para conhecer Sergipe e andar por lugares que não andei na Bahia,vou conhecer, viu Dona Lili, o Elevador Lacerda, que sempre era admirado por você nos meus livros de história, vou andar pelo Rio São Francisco, ver de perto o que chamam de um dos mais belos canyon do mundo, e fazer comparações com os rios  e com as torres giratórias da Europa, por onde andei e gostei. 

A cada noite, antes de dormir, em minhas orações, eu chamo minha memória para poder conversar com Dona Lili, contar para ela por onde passei e em cada momento de compra de viagem, se eu pudesse e não fosse um ato de loucura explícita, eu penso em comprar um pacote para te-la comigo durante todo o trajeto. É muita saudade e muito agradecimento por ter insistido comigo para gostar de história e geografia e me fazer gostar de escrever desde pequenino. 

Com ela "ao lado" visitei a sua amada Roma, vi o Vaticano e a Capela Sistina, fui ao Museu do Louvre, orei no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, e passei por Londres e até vi o Big Ben, sonhos e desejos explícitos de Dona Lili desde quando eu ainda era criança pequena em Miracema, fui até Aparecida do Norte porque sempre foi nosso desejo, meu e de Marina, que aliás parece até que também é filha de Lili de tão parecida é com minha mãe em todos os sentidos. 

E nesta terça-feira de Carnaval, em casa e sem nada para fazer, me resta lembrar da luta de nossa família no bar, em frente a Prefeitura de Miracema, e da luta de minha mãe para convencer meu pai, o velho e querido Zebinho, a deixar este menino aqui sair de trás do balcão e ir ao matinê do Aéro Clube e sempre com uma fantasia improvisada e confeccionada por ela. 

Enfim, dizem os velhos senhores e senhoras, quem tem saudade é porque teve amor e isto, sem dúvida alguma, eu tive de minha mãe e até hoje, passados 25 anos de sua passagem para o Oriente Eterno, eu sinto um vazio tremendo no peito e a venero e a relembro em todos os momentos felizes de minha vida. 

Comentários

  1. Lindo, meu irmão. Eu tive a graça e o presente de proporcionar a ela, o primeiro é único passeio em Angra dos Reis e Parati, pois, na volta, ela começou a sua luta contra a leucemia.
    Foi uma guerreira, como tudo em sua vida.

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