Papo de Carnaval - Alegria das marchinhas em prosa sem verso

... Vem jardineira, vem meu amor... Me dá um dinheiro aí, não vai dar, não vai dar não? Mamãe eu quero mamar... dá chupeta pro bebê não chorar... Sim, estamos em pleno carnaval e as músicas, inesquecíveis marchinhas, continuam dando o ritmo a festa de Momo e, se a canoa não virar, ficará ainda um bom tempo no ar, só que eu não estou mais esperando o sol raiar, vou pra cama mais cedo e não vou chegar a lugar nenhum. 

E continua a festa, tem até índio pedindo apito e as mulheres dos políticos querem muito mais do que o apito que aquela primeira dama ofereceu nos anos 50 aos indígenas de Goias, e, quem sabe sabe, conhece bem, como é gostoso gostar de alguém. E sempre pedi a morena que deixasse eu gostar, mas taí, eu fiz tudo pra ela gostar de mim, mas não deu, ela não me deu o coração. 

Dizem que a história de gostar de alguém é mania que as pessoas tem, mas hoje é sofrência e os rapazes e moças cantam pelos cantos das ruas e não nos salões, já no meu tempo eu dizia que daqui não saio e daqui ninguém me tira, pois sempre pensei que iria melhorar e, apesar de ter onde morar onde é que eu iria parar se deixasse o meu cantinho. 

E veio o Chacrinha fazendo a festa nos anos 60/70 e até minha cueca, que ganhei da minha namorada, roubaram, sabem pra que? Pra fazer pano de prato. Acredite se quiser. E quando me bate uma saudade de casa, do meu pai, eu me lembro que é dos carecas que elas gostam mais, mas minha mãe não concordava quando papai cantava isto no bar e dizia que isto era coisa para o careca de verdade, meu tio Clery, que ela tanto gostava.

E Chacrinha continuou balançando as massas e hoje é perseguido pela censura prévia dos intolerantes, a sua Maria Sapatão hoje não pode desfilar pelas ruas tranquilamente porque querem impedir o seu ir e vir, mas a cabeleira do Zezé também foi podada, mas fica a dúvida, que persiste há mais de cinquenta anos: Será que ele é? Só cortando o cabelo dele para saber.

João Roberto Kely hoje é discriminado e se defende cantando e pedindo para o guarda tirar o moço do salão com pó de mico no bolso, disse categoricamente :  "foi ele quem jogou o pó em mim", e a saudade vai batendo cada vez mais forte e volto o pensamento para o Rio de Janeiro e me lembro de minha prima sendo orientada pela minha tia, dizendo que se alguém a convidasse para um passeio na Barra da Tijuca era para ter cuidado, não poderia ficar Sassaricando no arame porque um dia a casa cai. Será que cai antes do tempo? Deixa pra lá. Esta vida é um nó... só sassaricando. 

A viúva cai na festa, o brotinho só fica olhando o velho na porta da Colombro, e eu, que não tinha grana me contentava com aquela famosa frase "caiu na rede é peixe eu não posso bobear", as sereias ficavam passando pela passarela do samba e a turma do funil chegava sempre cantando e reclamando do calor e nem mesmo atravessaram o deserto do Saara, mas diziam que vinham do Egito, Alá, meu bom Alá, mande estes caras falarem a verdade. 

E Alá as vezes obedecia e mandava chuva, mas os caras da Turma do Funil queriam mesmo é passear pelo mundo e até diziam que foram as touradas de Madrid e contavam histórias de uma espanhola que queria fugir para o Brasil porque os caras chegaram com uma conversa mole para boi dormir, na Catalunha os caras não quiseram tocar castanhola e sequer pegar touro a unha para agradar a mocinha. 

E o sacarrolha servia para abrir as garrafas e a turma continuava cantando que iria beber até cair e que as águas vão rolar e as garrafas jamais ficariam cheias, beberam até se afogarem, com toda certeza. E eu, cá de longe, dizia para o Perigoso, você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não. E ele dizia, pode faltar tudo na vida arroz, feijão e pão, só não pode me faltar a danada da cachaça e muita gente acreditou e se ferrou, faltou amor, faltou saúde e as águas rolaram a vontade. 

E lá vai a Turma do Funil zoando a rapaziada, "nós é que bebemos e eles que ficam tontos, aonde houver garrafa e aonde houver barril lá estará a Turma do Funil", e acreditem que ninguém escorregou na casca de banana e ninguém gritou tem nego bêbado aí, esta turma do funil é de lascar, se entra num boteco eles ficam a vontade e não escorregam na casca de banana. 

E quanto a orquestra tocou o hino do Flamengo, uma vez Flamengo, sempre Flamengo, eu sabia que estava na hora de ir para casa e também na hora de parar de escrever este bom papo de carnaval. Abraço e até mais tarde porque vou para Cidade Maravilhosa. Ih! 

Comentários

  1. Parabéns, Adilson!!! Seu belo Papo de Carnaval me fez voltar ao passado e que tempo bom!!! Abrs.

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  2. Parabéns, meu irmão. Que excelente crônica! Uma analogia perfeita

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  3. Bom papo, como um desfile que o tempo não para.

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