Papo de Bola: Como era bom o Flamengo x Vasco dos domingos

Estou aqui pensando como tudo mudou neste mundo globalizado e das redes sociais. Estou pensando como era gostoso sair de casa, quando morava na Tijuca, a pé, vestindo a camisa do meu time e tendo ao lado um amigo com a camisa do time dele e partindo para o Templo do Futebol Mundial. 

Sim, eu e Jofre, aquele português vascaíno, saiamos por volta da uma hora, logo após o almoço, com nossos radinhos de pilha colados no ouvido e almofadas grudadas nas mãos. E lá íamos nós atravessando a Barão de Mesquita até chegar a Avenida Maracanã passando pela PE e pelo Colégio Militar, para alcançar a bilheteria

E porque era domingo, era dia de arquibancada, principalmente em dia de Flamengo x Vasco, e assistir a preliminar era obrigação, os aspirantes sempre traziam um titular em recuperação ou um garoto do juvenil que estava arrebentando. 

O lugar escolhido sempre foi o mesmo, no meio do estádio, em frente as cabines de rádio e do placar central e ao nosso lado tinha de tudo, neutros, flamenguistas, turistas nacionais e estrangeiros, vascaínos, tricolores escondidos torcendo contra aquele que estivesse melhor na tabela, botafoguenses torcendo contra os dois, enfim, tudo junto e misturado, em paz e sem problemas com polícia ou torcedores. 

Lá do lado direito, a esquerda das cabines de rádio, estava a Charanga do Jayme de Carvalho e ao lado direito a turma de Dona Dulce Rosalina, dois chefes de torcidas decentes, apaixonados pelo Flamengo e pelo Vasco, que sempre se reuniam para traçarem planos de paz entre suas torcidas, que aliás eram símbolos de união e enaltecidos pela imprensa carioca em todas as vésperas de clássico. 

Hoje não vou citar aqui os craques que vi, foram muitos, mas também, cá pra nós, em outras oportunidades foram tantos cabeças de bagre, dos dois lados, que é melhor até nem passar por eles para não lembrar que no sábado podemos ver uns destes horríveis em campo, sem nomes, por favor, digo eu enquanto escrevo. 

E domingo era de festa, claro que tinha uma briga aqui, uma briga acolá, sempre existirá uma rixa entre flamenguistas e vascaínos, mas havia respeito, e no final do jogo eu e Jofre caminhávamos juntos, novamente, rumo a Rua José Higino, 86, na vila em que morávamos, ouvindo os comentários de Rui Porto ou de Carlos Marcondes e com a certeza de que um voltava triste e outro mais falante, e sempre, no caminho de volta, escutávamos gritos da calçada ou dos prédios zoando o perdedor do domingo. 

Hoje é diferente, a polícia tem que dar autorização para você passar, o jogo é distante da Rua José Higino e quem vai não pode ir uniformizado e o seu ir não é a certeza do vir. Este é o novo Flamengo x Vasco da era Redes Sociais. 

Comentários

  1. Nessa época eu também frequentei muito o Maracanã, aliás, não só o Maracanã. Já assisti Flamengo x Vasco na Gávea, em General Severiano e São Januário, todos chamados jogos amistosos. No Maraca vários jogos, inclusive àquele Vasco 1x0 gol do Cocada que deu o título ao Vasco, e outro em que o Romário jogava no Flamengo e o Vasco com um time superior perdeu o título. Todos sem qualquer problema grave, porém, em São Januário, passei um dos piores momentos no futebol, Vasco 1 x 0 gol do Tostão, estádio lotado, lado da arquibancada do Vasco sem espaço o que me obrigou a ir para o meio dos flamenguistas, só que, a mesma ideia tiveram outros vascaínos, gol do Tostão, vibração vascaína e muitas garrafas estilhaçando, e eu buscando a primeira saída, felizmente consegui, porém, foi um grande susto. Outros tempos.

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  2. Ali também, em São Januário vivi bons e maus momentos. O bom foram os dias que passei por lá, foram os jogos que vi, infelizmente não vi Flamengo x Vasco, e os maus foram no tempo de radialista, aliás o pior de todos, Americano virou em cima do Vasco, 0x2 para 3x2, e mandaram, leia-se Eurico mandou, abrir os portões de acesso ao gramado e por pouco não tivemos uma tragédia. Apanhei muito e até hoje eu não gosto deste dirigente.

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  3. Adoro Vasco e Flamengo no Maracanã...em especial aquele do gol do Marcinho Araujo idolo maior dos novos tempos.

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