O último voo do Passarinho

E lá se vai um Passarinho, voando alto e cantando seu refrão favorito: "Dá-lhe.. dá-lhe.. dá-lhe Goyta, o maior time do Brasil." Calou a voz do meu amigo Luiz Alberto da Mota Alvim, o Bebeto do Juscelino, o Bebeto da Gráfica, o Bebeto do Hospital, o Bebeto do Banerj, o Bebeto do Banco do Brasil... não aqui é o Bebeto Passarinho, o cara, o amigo, o companheiro das jornadas etílicas e musicais, o moço da mochila e querido por todos os amigos ou conhecidos.  

Tivemos uma trajetória muito parecida. Nascemos na mesma cidade, no mesmo bairro, vivemos os mesmos momentos, eu músico, ele amante da música, então criou-se um grupo musical, ele como líder, eu como crooner e pistonista, ele gráfico, na mesma empresa que trabalhei, ele no hospital, por onde passei um tempo, em seu lugar quando foi para o banco, ele no Banerj, onde entrei após sua saída para o Banco do Brasil, ele em Campos, onde cheguei um ano ou pouco mais após sua chegada. 

Tudo bem, ele é Fluminense e eu sou Flamengo, mas naquele 4x0 do Goytacaz, contra o seu tricolor, quando ele trouxe o pai, Dr Juscelino, estávamos todos na torcida do Goyta, eu na pista, trabalhando como repórter, e ele logo acima, com a família, sofrendo calado a goleada que o Fluminense levava no Arisão. 

Vivemos uma fase bem próximos, no conjunto e nas ruas da nossa Miracema, e por aqui, quando cheguei, foi uma mão amiga a me apoiar, boas jornadas no Cobreloa, um pé sujo com jeito de elite, como ele chamava, no Gato Preto e/ou e qualquer canto da cidade onde houvesse uma mesa, quatro cadeiras e uma cerveja gelada. 

Intelectual e amante da arte e da boa música, curioso e colecionador de histórias incríveis, que passou para seus livros com jeito de quem sabe o que quer e como fazer. Poeta, escritor e um apaixonado pela modernidade, descobridor não dos sete mares mas do mar de Atafona, por quem era um apaixonado e por onde viveu seus últimos anos e escreveu coisas maravilhosas que um dia chegarão até nós através de seus contos e causos. 

Bebeto era um doce de pessoa, amigo leal e fiel companheiro de sua Sandra e um pai/avo/bisavô louco de amores por toda família. Vou sentir saudades dos nossos encontros imprevistos, como no último, quando ele chegou com sua mochila, encostou no Armazém e subimos até meu apartamento para nos deliciarmos com duas ou três horas de Jovem Guarda e Bregas, ouvindo Os Incríveis, Renato e Seus Blue Caps, Valdik Soriano, Deny & Dino e contando os causos dos parques de diversões  e do nosso "paralelos do rítmo". 

Já é saudade o nosso Bebeto, o nosso Passarinho, enfim, o nosso Luiz Alberto da Mota Alvim, um cara que viveu intensamente e passou pela vida deixando amigos e lembranças doces e inesquecíveis. 

Comentários

  1. Se essa mochila falasse... Esse último parágrafo diz tudo: Já é saudade o nosso Bebeto, o nosso Passarinho, enfim, o nosso Luiz Alberto da Mota Alvim, um cara que viveu intensamente e passou pela vida deixando amigos e lembranças doces e inesquecíveis.

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