O reencontro de Sefinho com Bellini

Texto de Yussef Damian, o Sefinho. 

E... na saída sentei-me no  segundo degrau da base, contemplando a movimentação dos torcedores, isso eu nunca tinha feito, Margareth e Clarice conversavam algo, e eu ali, vivendo intensamente os derradeiros minutos de minha volta ao Maracanã, aguardando a definição das duas para voltarmos pra casa, e aí ouço uma voz: 

“E aí Sefinho, gostou do que viu depois de 15 anos? Pensou algum dia nessa possibilidade? Depois de tantos anos você voltou, o que achou?”  

Virei meu corpo para um lado e para o outro e não vi ninguém, levantei, olhei novamente, e nada. E continuou a fala com sotaque meio caipira: 

“ Olimpíadas no Rio de Janeiro, final do futebol feminino, Alemanha contra Suécia,  você com sua filha, que nunca assistiu a uma partida de futebol, por aqui? Sua irmã, segundo ela, tem 30 anos que por aqui não vem,  você enlouqueceu?” 

E, muita vergonha, baixinho, com medo de que realmente estivesse enlouquecido, comecei a responder: Não , não enlouqueci, foi um presente que recebi de aniversário de minha filha Clarice, achei tudo lindo, muito bom, pra falar a verdade, fantástico, realmente nunca poderia imaginar assistir a um jogo de futebol feminino, em pleno Maraca, em uma Olimpíada.

Vibrei muito, gostei, vi um povo educado, tudo muito limpo, até o banheiro, acesso ao estádio e as arquibancadas, entrada e saída, não consegui achar um defeito, mas o que mais me importou, foi a qualidade do futebol que as meninas mostraram, me pareceu muito bom, com tática e técnica, mas, perguntei, quem é você? 

Sou eu, aquele que sempre foi local de seus encontros com os amigos que vinham de outras regiões do Rio para assistirem aos jogos, aquele que durante tantos anos vem sentindo sua falta e que te solicita  que daqui pra frente não mais me deixe esperando.

Olhei pra frente pra traz para os lados e nada,” Psiu” me disse,” aqui, olha pra cima”, olhei, deu um piscada de olho e num gesto com as mãos, me ofereceu a Jules Rimet,......valeu Belini