Lembranças de um tempo de repórter bilíngue

Vendo, e ouvindo é claro, as entrevistas pré e pós competições, principalmente com atletas estrangeiros, me vejo no Mundialito de Futebol Sub-20, realizado em Campos, no inicio dos anos 2000, quando doze delegações, Europa, Ásia, África e Américas, nos visitaram e fizeram um verdadeiro reboliço na imprensa campista.

Naquele tempo creio que o Google ainda não era tão utilizado ou até mesmo já em destaque na Internet, por isto as perguntas, eram sempre formuladas em inglês, para os europeus, e criadas antes das transmissões, eu pedia ajuda a Marina, que tem noção básica, e ao meu amigo Jonas, que fala fluente o idioma da Sheakespeare.

Levava a cola, com perguntas óbvias, tipo o que acha que sua seleção fará aqui no Brasil?  (para o treinador), como é jogar contra o Brasil, ou a seleção que iria enfrentar? As respostas eu é quem traduzia, do meu jeito, dizendo sempre o óbvio como "respeitamos o Brasil, favorito, mas vamos tentar o título", para os técnicos, ou "estamos cientes de que o jogo será duro e muito disputado", para os jogadores. E a turma acreditava que eu dominava o inglês e o espanhol e me pediam para ser o intérprete deles. 

E, como não houve pagamento, não aceitei o trabalho, claro. Mas tem um caso, que já contei aqui, de uma entrevista com o treinador de Angola, que dominei inteiramente e um repórter, amigo meu, se espantou quando o professor Antônio, o nome dele, falava comigo em um português mais correto do que o dele.

- Dutra, como ele fala o português corretamente, ele é brasileiro? Perguntou o companheiro. 
- Não, meu caro, em Angola se fala o português. 

Fecha o pano. 

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