Viu só, Gilberto Maluf, o que deu falar em Fiori?

Gilberto Maluf, meu amigo paulista, apaixonado por rádio, como este escriba, de quando em vez me oferece ideias, me envia textos maravilhosos dele ou de outros escribas, e hoje, logo pela manhã, comentando uma postagem no meu blog, que dizia "Bola subindo... bola rolando... no sábado da tv", lembrou Fiori Gilgliotti, o mais perfeito narrador esportivo paulista de todos os tempos. 

Já escrevi por aqui sobre a minha preferência por narradores de São Paulo, acredito que eram mais completos, mais bem informados, e mais dinâmicos, claro que excetuamos aí a turma da Continental/Rio, liderada por Clóvis Filho, da Rádio Nacional, com Jorge Cury e sua equipe fantástica, e do sempre elegante Waldir Amaral, na Globo, e seus trepidantes, estes sim marcaram meus grandes momentos de ouvinte e apaixonado, como Gilberto Maluf, pelo rádio esportivo. 

Não temos hoje grande nomes no Rio ou em São Paulo, o velho e bom José Silvério está no ar na terra da garoa e José Carlos Araújo ainda solta a voz na Globo/Rio, mas confesso, com toda certeza, não há hoje nomes que possam me fazer a voltar ouvir futebol no rádio como fazia no tempo em que escutava Fiori Gigliotti e Jorge Cury. 

Claro que fui influenciado no meu aprendizado por Haroldo Fernandes, o cara que narrava o gol mais bonito do que todos os outros e que copiei, com muito prazer, o seu bordão de pós gol: "Gol de Pelé, o homem da camisa dez, e está todo mundo correndo para abraçar aquele moço."

Lembram? E tem outro narrador paulista, Osvaldo Maciel, vibrante e perfeito na narrativa, que me inspirou com seu bordão "de peito aberto e o coração cheio de amor pra dar". Emocionante, vibrante, sensacional este baita narrador da minha geração mais adulta, não foi um ídolo como Cury e Fiori, mas foi um dos que mais me inspiraram na tentativa de ser um narrador de futebol, creio que de tanto ouvi-lo cheguei a imita-lo por muito tempo, mas quem é bom merece ser copiado. Ou não?

Ah! Muitos amigos de Campos se lembram de mim como repórter e aí as fontes inspiradoras são também de São Paulo, claro que Denis Menezes, da Globo, foi o que mais me inspirou, mas Henrique Guilherme, Roberto Carmona, ambos de São Paulo, e os Trepidantes Washington Rodrigues e Loureiro Neto, que formavam o trio com Denis Menezes, marcaram tempo e incutiram na nova geração de repórteres esportivos um jeito bacana de fazer futebol no rádio. 

O grande amigo, sem dúvida alguma, foi Danilo Bahia, que me dava atenção, me ensinava  lidar nos bastidores e nos vestiários e sempre que nos enconrtávamos pelas áreas do Maracanã, Laranjeiras, São Januário, Godofredo Cruz ou Ari de Oliveira e Souza, repetia "Adilson Dutra, de Miracema para o mundo", assim como José Carlos Araújo o chamava antes das transmissões "Danilo Bahia, de Bambuí para o mundo."

Viu, Gilberto Maluf, tudo isto para falar de Fiori Gigliotti, o moço de Barra Bonita, aquele que abria e  fechava as cortinas antes e depois dos espetáculos. 

Comentários

  1. Muito bom. Emoção pura.
    Agora, o apelido de "trepidantes" ainda não ouvi nada igual.

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    1. Genial, não há realmente nada igual a esta colocação "Trepidantes". E era mesmo trepidantes. Três fantásticos repórteres, como não temos hoje, infelizmente.

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  2. Caramba, que legal suas recordações. Pena que pouco ouvi do pessoal do Rio daquela época , nem tinha como. Fico então na imaginação. Em 1976, casado de novo, as vezes conseguia sintonizar a rádio Tupi depois das 22h. Mas ficava pouco tempo audível e sumia o som. Tudo porque o Rio era atração para nós, Maracanã, grandes narradores, o glamour da cidade.

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  3. Morei em Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. Não tem nada igual ao Rio de Janeiro. Os próprios cariocas louvam a cidade. Um dia na praia, para perto de mim um carioca e olhando para o mar e na longitudinal da praia exclamou: estou duro mas estou feliz pois moro nesta cidade linda. Então os narradores da época conseguiam ser criativos e alegres. Eu era muito alegre morando no Rio.

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    1. Rio, naquele tempo, fazia um rádio mais divertido, mais solto e São Paulo era eclético, sério e nem por isto deixava de me cativar. Hoje eu não sei, mas no meu tempo de rádio São Paulo era a Catedral e o Rio o Circo, aqui no bom sentido, claro.

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    3. O que seria do futebol sem o rádio? Ary Barroso que o diga. Um texto maravilhoso e que nos faz relembrar os bons tempos do rádio esportivo e do nosso futebol. Como dizia o saudoso Waldir Amaral na abertura de suas transmissões: "você ouvinte, é a nossa meta, pensando em você é que procuramos fazer o melhor". Fantástico!

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  4. O rádio, quanta imaginação nas ondas do rádio esportivo, do rádio novelas, do rádio programas de auditório, rádio noticioso (quando tocava a vinheta do reporte Esso, quanto suspense), me lembro da morte do Getúlio Vargas sendo noticiado, e eu lá no sertão de São João da Barra, menino ainda, sem entender nada do que estava acontecendo mais desconfiado que algo anormal acontecia pelo que dizia os semblantes das pessoas ouvintes. Como era gosto ouvir pelas ondas do rádio os programas caipiras, o rádio carnaval, curtir muitos nas ondas do rádio, programas de mensagens etc, em fim, o rádio era sonho, imaginação e fantasias.
    Minhas emissoras preferidas pela ordem crescente da idade: Cultura de Campos, Continental, Jornal Fluminense, Educadora Goitacá, Campista Afonsiana, Rádio Globo do RJ, Nacional do RJ, Tupi- RJ, Continental - RJ, JB, El Dorado do RJ, Bandeirantes (jornal primeira hora), rádio Tupi de SP (a noite é mulher na Tupi), Guarani de Belo Horizonte, rádio BBC de Londres, rádio China e tantas outras internacionais e finalmente a nossa Princesinha do Norte. De todas estas emissoras a melhor e que mais ouvia era a JB do RJ, até hoje, às vezes, ouço a JBFM.
    Saudades de um tempo bom, diferente totalmente de hoje, mas era bom.

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