Um dia inesquecível de um Flamengo e Vasco no Maracanã

E hoje tem o "Clássico das Confusões", isto mesmo, o que um dia foi chamado de "Clássico das Multidões" hoje tem o amargo título citado na abertura do parágrafo, e toda rivalidade, que um dia foi bonita, que transportava milhares de torcedores rumo ao Maracanã, que fazia um dos mais belos espetáculos da terra nas arquibancadas do então "maior do mundo", hoje se transformou em uma guerra particular do dirigente Eurico Miranda, que afogou toda alegria do clássico e transformou a rivalidade em inimizade estúpida e inconsequente. 

Não gosto mais de contar histórias dos clássicos por aqui, já contei o bastante e sempre me torno repetitivo, mas este Vasco x Flamengo tem sempre algo diferente para eu contar, como no super-super campeonato de 1958, realizado em janeiro de 1959, que marcou a minha estreia como frequentador assíduo do Maracanã, e que o Gigante da Colina quase ganha um torcedor devido ao seu espetacular esquadrão que conquistou o título em dois torneios extras contra Flamengo e Botafogo. 

Não me lembrava o dia exato, mas o Google está aí para não deixar os historiadores na mão, e fiquei sabendo que Flamengo x Vasco, este que quase me transformou em vascaíno, foi realizado em um dia 17 de janeiro, do ano de 1959, e mais de 150 mil torcedores estiveram no Maracanã para ver um timaço que tinha Miguel, Paulinho e Beline, Écio, Orlando e Coronel (era assim mesmo que se escalava o time naquele tempo), Sabará, Roberto Pinto, Valdemar, Almir e Pinga. 

Do outro lado um Flamengo enjoado, que não deixava o Vasco ser campeão do jeito que a torcida queria, os vascaínos chegaram a comemorar por duas vezes antes da virada do ano, mas Flamengo e Botafogo não queriam deixa-los comemorar ativamente e em jogos memoráveis, quem viu conta que foram realmente jogos inesquecíveis.

Porém, tem sempre umporém, confesso que vi o jogo decisivo, um empate em um gol que deu o título ao Vasco, mas o único detalhe que me vem a lembrança foi que a atuação da dupla Henrique e Dida  não permitiu que o meu "flamenguismo" acabasse naquele dia. 

Como eu disse houve um detalhe que não me esqueci até hoje, meu primo Clodoaldo, um pouco mais velho do que eu, botafoguense como seu pai, meu tio e padrinho Átila Cunha, saiu do Maracanã com uma camisa do Vasco, não se onde arrumou, e daí em diante se transformou em um vascaíno ferrenho graças ao pequeno gigante Almir, de quem virou fã e amigo até o dia da morte do atacante. 

E hoje? Qual seria a história de um guri, de quase dez anos de idade, nas arquibancadas ou no entorno do Maracanã? Será que ele, daqui a cinquenta anos, escalaria o time do Vasco ou do Flamengo, como eu escalei acima os campeões e nomeei os vice-campeões aqui? 

Sei não, não entraria na memória do guri. Em um jogo fraco e com mandos e desmandos fora das quatro linhas o time de seu coração. Queria ver um moleque destes de hoje, que não frequenta as arquibancadas por amor e sim por impulso, depois de 50 anos diria que o Flamengo entrou em campo com Fernando, Joubert e Pavão, Jadir, Dequinha e Jordan Luiz Carlos, Moacir, Henrique, Dida e Babá. 

Será que o moleque, que assistirá no Premiere ou na Globo, vai se lembrar, no ano que vem, quem foi que vestiu as camisas de Vasco e Flamengo no dia de hoje? Claro que vai, o Google está aí para isto, fazer nossa memória ser apagada para ele entrar em cena, mas nada vai apagar da nossa memória o que vivemos nos tempos áureos do futebol do Rio de Janeiro. 

Que vença o melhor e que os sopradores de apito não interfiram no resultado do jogo. Bom domingo para vascaínos e flamenguistas. 

Comentários

  1. Parabéns Dutra! Esse é um dos seus melhores comentários e que nos deixa satisfeitíssimos. Futebol deveria ser apenas no gramado e buscando os times jogar futebol com os árbitros errando o menos possível, mas infelizmente não tem sido assim nestes últimos anos, aliás, justiça seja feita, o Sefinho vem propondo aqui que esqueçamos os dirigentes e nos atentemos apenas ao futebol, todavia é praticamente impossível ficarmos indiferentes aos fatos extracampo.
    Ainda há tempo de salvar o Canavial / 2015, quem sabe hoje teremos um bom jogo de futebol no Maracanã. Que o Clube classificado saia hoje de campo comemorando uma classificação honesta e sem ajuda do apito amigo, como aconteceu com o título do Fla no ano passado, quando o próprio goleiro do Flamengo declarou após o jogo "ganhara roubado é melhor ainda", vergonha!

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  2. Ontem, Categoria, confesso que gostaria de ter visto o Fluminense na final, não por simpatia, muito pelo contrário, mas para que a tal Ferj levasse um toco, mas a final está desenhada e será Vasco x Botafogo e com um jogo em São Januário e outro no Engenhão.

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  3. Muito boa a história do jogo de 1958. Os dois ataques eram excelentes. A gente guarda na memória os nomes das "linhas" .

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  4. Final em São Januário e Engenhão com o belo Maracanã disponível?

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  5. É, Gilberto, isto se não jogarem em Volta Rdonda e Moça Bonita, na Ferj vale tudo.

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