E por falar em Aymoré Moreira

O texto é do "notável" Ademir Tadeu, foi publicado em um jornal lá da terrinha, e reproduzo aqui, na íntegra, para complementar o que conversamos no tópico abaixo. 


AIMORÉ MOREIRA, UM MIRACEMENSE CAMPEÃO DO MUNDO

 No último dia 26 de julho do corrente ano, completaram-se dezesseis anos de sua morte, ocorrida em Salvador (BA). Nascido em 24 de abril de 1912, iniciou sua longa carreira no futebol como goleiro do Sport Club Brasil, equipe amadora do Rio, aos 18 anos, em 1930, levado que foi pelo seu irmão mais velho, Zezé Moreira, que já estava estabelecido na cidade. Com a morte de Aimoré terminou a última dinastia familiar do futebol brasileiro, formada pelos três irmãos, que durante muitos anos fizeram parte da história do futebol nesse país.  Zezé, Aimoré e Airton, conseguiram um fato raro em todo o mundo, onde três irmãos, à mesma época, destacaram-se desempenhando a mesma função de técnico de futebol.
     
Aimoré jogou também no América (RJ), em 1932/33, no Palestra Itália (o atual Palmeiras), entre 1934/35, e transferindo-se no ano seguinte para o Botafogo (RJ), onde permaneceu até 1946, quando encerrou a carreira. No ano de 1941, teve uma breve passagem pelo Fluminense, mas logo retornou ao Botafogo. Em 1932, com apenas vinte anos, e apesar da baixa estatura para a posição, já era considerado um dos melhores goleiros do Brasil, o que o levou a defender a Seleção Brasileira em quatro jogos, entre os anos de 1932 e 1940.

 A carreira de técnico começou no Olaria (RJ), em 1947, após cursar a Escola de Educação Física, no Rio. Outros times do Rio que dirigiu foram Bangu, São Cristóvão, Flamengo e Botafogo; em São Paulo, Portuguesa de Desportos (por quatro vezes), Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Taubaté e Ferroviária; em Minas Gerais, Cruzeiro e América; na Bahia, Vitória, Bahia (campeão em 1980), Catuense e Galícia, onde encerrou a carreira. No exterior, foi técnico do Porto e o Boavista, ambos de Portugal; na Grécia, comandou o Panathinaikos.

Mas foi na Seleção Brasileira que teve a sua melhor fase. Além do bicampeonato mundial em 1962, conquistou também a Copa Roca (contra a Argentina), a Taça Rio Branco (contra o Uruguai), a Taça Bernardo O`Higgins (contra o Chile) e a Taça Oswaldo Cruz (contra o Paraguai). Como treinador da Seleção Paulista, conquistou os títulos de 1952/55/57 e 59. Na Seleção foi treinador em três períodos – de 1961 a 1963, em 1965 e 1967. O seu retrospecto como técnico da Seleção em jogos oficiais é o seguinte: 63 jogos, 38 vitórias, 9 empates e 16 derrotas.

Outros dados de sua carreira: como jogador do Palmeiras (29 jogos), da Seleção (4 jogos, sendo três oficiais); como técnico da Portuguesa de Desportos (206 jogos), do Palmeiras (193 jogos), do São Paulo (63 jogos), do Corinthians (56 jogos), do Flamengo (20 jogos), do Cruzeiro (15 jogos), do Porto (28 jogos) e do Boavista (63 jogos), os dois últimos de Portugal.

      Aimoré tinha o apelido de “Biscoito” por uma coincidência de nomes – no início de sua carreira, em 1930, como goleiro do Sport Club Brasil, a Biscoitos Aimoré era a mais popular fabricantes de biscoitos do Rio.
            
Na Copa do Mundo de 1970, no México, além de escrever uma coluna semanal para a revista Placar, Aimoré atuou como olheiro de Zagalo. Foi o autor intelectual do quarto gol brasileiro contra a Itália. Desenhou a jogada em um guardanapo, no hotel. O time executou perfeitamente com a conclusão no petardo de Carlos Alberto. Um gol inesquecível!  

Ainda sobre a sua ligação com a cidade de Salvador, onde era muito querido e respeitado, e que recebeu o título de Cidadão Soteropolitano, foi ali que escolheu fixar residência desde 1979.  Por coincidência, encerrou a sua carreira dirigindo um time baiano. Depois de aposentado dos campos, passou a escrever artigos para jornais e trabalhou como comentarista esportivo de rádio.  Quando veio a falecer, deixou a mulher, Neide, e dois filhos, Sheila e Eder Moreira. Inclusive, o seu filho tentou seguir a carreira de técnico, mas não teve a mesma sorte do pai. Chegaram a trabalhar juntos, no ano de 1985, como técnicos da Catuense, onde o Eder dirigia o time de juniores.

Nos dias 16 e 17 de janeiro, de 1993, os irmãos Moreira foram homenageados pela Associação Atlética Miracema, que tinha como seu presidente José Luiz da Silva, recebendo o título de “Sócio Benemérito” do clube. Ainda dentro das comemorações, fizeram o ato de descerramento da placa que os homenageava com o nome “Irmãos Moreira”, o estádio da Associação. Aimoré esteve presente acompanhado de seu irmão Zezé e dos também desportistas, Ademir Menezes, o “Queixada”, e do então presidente da Federação Carioca de Futebol, Eduardo Viana. Em 1995, retornou a Miracema, para junto aos demais irmãos, receber o título e a homenagem aos “Miracemenses Ausentes”, na festa de aniversário de emancipação do município.

Nenhuma cidade do interior do nosso imenso Brasil, teve a honra de possuir três grandes treinadores, dois que dirigiram a Seleção Brasileira em Copas do Mundo (Zezé e Aimoré), acima de tudo, sendo irmãos, como Miracema.

 Deixo aqui uma mensagem às autoridades municipais e aos órgãos competentes, que mesmo após suas mortes, que se faça uma homenagem concreta a esses cidadãos que tanto fizeram pelo futebol brasileiro e levaram o nome de nossa cidade por esse mundo da bola. As homenagens já recebidas em vida, relatadas acima, ainda são pequenas. Os mais jovens precisam conhecer a linda trajetória desses ícones. Não podemos deixar que o tempo apague o que eles construíram em uma vida dedicada ao esporte.

Comentários

  1. Meu amigo Tadeu receba meus cumprimentos pelo belo texto, muito bom mesmo, perdoe-me o atraso, mas antes tarde do que nunca.
    Obrigado por relembrar a homenagem que a gloriosa Associação Atlética Miracema prestou aos irmãos Moreira: Zezé, Aimoré e Aírton (in memoriam), foi uma noite maravilhosa em que outras personalidades do esporte brasileiro também foram homenageadas, entre elas o extraordinário Maninho, um dos gigantes da AAM.
    A homenagem a Aimoré Moreira teve um significado ainda maior para mim, pois me levou a recordar momentos maravilhosos que vivi em 1962, quando pelas ruas de Campos, aos 14 anos, comemorei muito o bi campeonato mundial de futebol conquistado pelo Brasil no Chile.
    SALVE MIRACEMA, ZEZÉ, AIMORÉ E AIRTON! PRINCIPALMENTE AIMORÉ MOREIRA, treinador campeão mundial de futebol, título que muitos almejaram e almejam, porém poucos conquistaram, ou conquistarão.
    Parabéns!
    GRANDE TADEU!!! A menina dos olhos do Adilson Dutra.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelas palavras, amigo Categoria, e também ao amigo Dutra, pelo espaço e a oportunidade de mostrar para um público maior, onde alguns até não conhecem, a grande trajetória dos nossos conterrâneos. Em breve a do Zezé e finalizando, a do Aírton. abrs

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Carioca 2023 -

Fla quebra rotina

Apenas um comentário