Brasileiro não gosta de brasileiro

Nem deveria trazer este comentário para o blog, mas com certeza os debatedores gostarão do tema e os leitores saberão o que acontece nos bares da vida ou nas esquinas da cidade quando o assunto é ídolo brasileiro ou o nosso pobre/rico futebol.

Um canal de tevê, lá no Armazém do Lenílson, exibia seu programa esportivo da manhã e por lá foram aparecendo alguns campeões do mundo, os capitães dos cinco títulos e os ídolos nossos de cada dia. Tudo bem, foi uma constante neste momento pré copa, afinal os companheiros tem que "encher linguiça" e é preciso matar um leão por dia para encontrar novidades, pois exclusivas não existem mais.

E lá, na telinha do Armazém, é telinha mesmo, daquelas de 17 polegadas das antigas, apareceram Carlos Alberto Torres, Mauro, Beline, Dunga e Cafu e este, no meu ponto de vista o menos bom de bola do grupo, foi devidamente ovacionado e "endeusado" por dois fregueses que por ali faziam o lanche da manhã.

- Este é o cara, grande capitão Cafu, sou fã deste jogador, disse o mais novo, olhando de lado porque na telinha aparecia o grande artilheiro e o maior craque de todos os tempos, Pelé, e...

- Sai daí, traidor, não vem pra cá "secar" nossa seleção, vai para os Estados Unidos, lá que é seu lugar. Gritou o mesmo camarada sem sequer olhar para o lado como se ele estivesse, realmente, desabafando com um reles jogadorzinho deste nosso tempo.

Fiquei olhando, admirando o posicionamento do torcedor, e não emiti qualquer opinião até que ele perguntou: - Este cara não jogou nada, é tudo coisa da Globo, não é?

Parei... pensei... e respondi apenas com uma frase:  Este é simplesmente Pelé, e não tenho nada a dizer.

E o camarada, pagando a conta, ficou meio destrambelhado e se sentiu isolado em sua opinião, e na saída, levantou aquele dedo característico, e mandou "vocês vão se f..."

Este é o tratamento que dão aos nossos ídolos, são sempre odiados e invejados, e, se ele fosse mesmo dos Estados Unidos a história de vida do homem Edson Arantes do Nascimento seria uma outra bem diferente, em se tratando do ídolo Pelé.


Comentários

  1. A palavra certa pra tudo isso é o "desprezo". O que o Pelé fala ou deixa de falar, não dou a mínima, eis aí uma das questões do povo brasileiro por tamanho descaso. O que ele fez dentro de campo nada apagará, pois a história está aí pra ser contada e ele é um cidadão do mundo, não apenas do povo brasileiro, que ainda teima, uma parte dele, em não reverenciá-lo como o verdadeiro Rei do futebol.

    ResponderExcluir
  2. Em 1969 depois do milésimo gol, saiu uma charge com o Pelé sentado numa montanha de dinheiro ( dele ) e falando: Não vamos nos esquecer das criancinhas.

    ResponderExcluir
  3. Pois é, felizmente, acho, esse pessoalzinho é um pessoalzinho, a maioria do povo brasileiro sabe que Pelé, como disse o Tadeu é um cidadão do mundo não apenas do futebol brasileiro.
    Salve o Brasil! Somos duzentos milhões de brasileiros e apenas uns mil não gostam do Brasil, os demais gostam, então esses merdas que fiquem para lá. Vamos em frente.

    ResponderExcluir
  4. Eu fico com a desinformação, aqui se fala mais em Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo e não falamos nos nossos ídolos eternos. Pelé é quase um desconhecido para milhões de brasileiros, exagero, mas passa por aí, eles conhecem o Fenômeno e Romário, mas não sabem nada sobre o Rei

    ResponderExcluir
  5. Quando Carmem Miranda deixou o Brasil e foi morar nos EUA, muitos brasileiros ficaram orgulhosos, outros não gostaram, entre os que não gostaram estava Mário Lago: jornalista, ator, compositor, cantor, entre outras coisas. Quando Carmem Miranda voltou, Mário, que depois se arrependeu do que fez, criticou a Carmem afirmando que ela havia voltado americanizada, inclusive compôs uma música com esse tema. Na verdade Carmem Miranda colocou a música brasileira no topo da mídia americana como ninguém até então.
    Villa Lobos amava o Brasil, mas não gostava de ser chamado de Villa Lobos do Brasil, entendia que a música é universal, ele queria ser reconhecido pela sua genialidade musical, como foram Mozar, Chopin,Strauss e outros famosos compositores clássicos da música. Ninguém citava o país de cada um para identificá-los.
    Estamos avançando muito, porém, ainda carregamos estas estigmas de terceiro mundo.

    ResponderExcluir
  6. A verdade é que o povo brasileiro sabe muito pouco da história de seu país. Na maioria são alienados, só querem viver o hoje, esquecendo que os acontecimentos do passado, seja no esporte, na política, na literatura, na religião, ou em qualquer outro setor, não serve pra mais nada. Ledo engano, pois tiramos proveito e sabedoria nos fatos bons e ruins que fazem parte da história de uma nação. Como bem disse Paulo Francis, "quem não lê, não pensa, e quem não pensa será pra sempre um servo."

    ResponderExcluir
  7. "Nossos ídolos ainda são os mesmos" disse Belchior, mesmo que eu não concorde com a canção, nada de novo aconteceu pós Pelé e Senna, os maiores nomes de um povo em 514 anos de história desse país. Grandes poetas tivemos e ainda temos, grandes médicos, arquitetos, políticos(poucos ou quase nenhum) cientistas, enfim em toda a sociedade sempre existiram nomes ilustres, mas quem divulgou esse país para o mundo foi o Rei e Senna. Durante o início de seu reinado eterno, Buenos Aires deixou de ser para o mundo a capital do Brasil. Se Pelé falou em 69 no Maracanã sobre as crianças abandonadas do Brasil, não errou em nada, a falta de um lar e de educação as transformou em grande parte nesse marginalidade que temos hoje, quando disse que o brasileiro não sabia votar, acertou novamente, votamos sempre muito mal. Amigo Tadeu, com todo respeito ao seu conhecimento e farta cultura, mas vou pedir desculpas antecipadamente amigo, Paulo Francis nunca "bem disse" nada, esse jornalista já no Pasquim era um americano disfarçado, parecia que odiava o Brasil, debochava de escritores atores cantores compositores e outras personalidades brasileiras de uma maneira sínica, aproveitou de seus trejeitos e fez um personagem GLOBAL, e esta nos vendeu com um imagem de super intelectual. Era um careta.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não citaria a frase sem informar o autor dela. Também tenho inúmeras restrições ao referido cidadão, mas o teor da conversa não era ele, e sim, o tema muito apropriado do Adilson. Mas a frase dita por ele encaixa perfeitamente no povo brasileiro.

      Excluir
  8. Tadeu o homem hoje tá inspirado, confesso que concordo com 98% do que comentou. Parabéns

    ResponderExcluir
  9. Os 2% foram para agradar o Tadeu. A final de contas nosso eclético comentarista também tem que ser apoiado.
    Sefinho estou considerando 1 x 0, ou qualquer placar por diferença de gol, um bom resultado para o jogo de amanhã, até mesmo um empate será razoável. Qual a sua opinião e com a permissão do Adilson as dos demais companheiros?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fla quebra rotina

Carioca 2023 -

Eis a minha seleção